Crise dos semicondutores adia Salão do Automóvel

Anfavea diz que montadoras centram foco na produção, prejudicada pela falta de chips, e evento fica para depois

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Antônio Leria
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A crise mundial dos semicondutores fez mais uma vítima no setor automotivo brasileiro: o São Paulo Motor Experience, evento que iria substituir o Salão do Automóvel de São Paulo. Previsto para ocorrer entre 6 e 14 de agosto deste ano no Autódromo de Interlagos, o evento foi adiado e ainda não tem nova data. A decisão foi anunciada pelo presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Márcio de Lima Leite, em coletiva à imprensa sobre os números do setor nesta terça-feira (10/5).

Durante toda a coletiva, Leite frisou os problemas que a cadeia produtiva devido à falta de semicondutores. E também foi o motivo apontado para o adiamento do São Paulo Motor Experience. "A desorganização da cadeia de suprimentos tem criado desafios para que as operações sejam impactadas da menor forma possível", afirmou.

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Segundo o presidente da Anfavea, as montadoras têm como foco, no momento, "manter a cadeia de produção, fornecedores e atendimento dos pedidos", por causa disso, a entidade, montadoras e a organizadora do evento, a RX, optaram pelo adiamento. "Decidimos não continuarmos com a agenda prevista para o São Paulo Motor Experience (para este ano)", disse Leite.

Os organizadores do evento que substituirá o Salão do Automóvel - realizado pela última vez em 2018 - também divulgaram nota à imprensa para confirmar o adiamento. "Em razão dos desafios que ainda persistem, optamos por adiá-lo. Logo retomaremos os trabalhos para lançar o evento do tamanho da força da indústria automotiva para os milhões de apaixonados”, disse Cláudio Della Nina, presidente da RX.

Salão 2018
Salão do Automóvel de 2018 foi o último. Em 2020 evento foi adiado devido a pandemia de coronavírus
Crédito: Reprodução
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O novo formato do Salão do Automóvel, rebatizado de São Paulo Motor Experience, previa um evento muito mais dinâmico, diferente do modelo estático existente anteriormente - antes da pandemia. "É um formato extremamente inteligente, apresentando novas tecnologias, produtos, características. Um evento muito rico, e que nós apostamos muito. Mas em função desse momento, está sendo adiado para o próximo ano", disse Leite.

De acordo com a Assessoria de Imprensa dos organizadores do evento, ainda não há nova data para a realização do evento. Mas, a pretensão é mantê-lo no Autódromo de Interlagos, como ocorreria este ano.

Novos fabricantes de semicondutores

Os números apresentados na coletiva da Anfavea mostraram que no primeiro quadrimestre de 2022, as vendas de veículos tiveram queda de 21,4% na comparação com o mesmo período de 2021. No entanto, a Anfavea continua a trabalhar com a perspectiva de que os números deste ano vão superar os de 2021. O reforço no fornecimento mundial de semicondutores entre 2022 e 2023 é o motivo do otimismo.

O presidente da Anfavea destacou que até o final de 2023 serão inauguradas 29 novas fábricas de semicondutores no mundo. Duas delas no segundo semestre deste ano, uma na Alemanha e outra na Ásia. "São as duas mais relevantes. Essa da Ásia tem uma capacidade gigantesca de produção", afirmou o presidente da Anfavea.

Leite destacou que somente este ano ocorreram nada menos de 14 paralisações de fábricas devido à falta de semicondutores e outros insumos, o que impactou diretamente a produção no segmento. Apesar disso, as vendas têm crescido progressivamente e alcançaram no início deste mês o mesmo patamar da média registrada em 2021. O ano passado fechou com média diária de vendas de 8,4 mil veículos. Este ano, a média tem subido mês a mês e alcançou os mesmos 8,4 mil nos primeiros dias de maio.

Esse resultado dos primeiros dias de maio representa um crescimento de 7,7% em relação a produção fechada de abril, de 7,8 mil carros emplacados por dia, de acordo com os números da Anfavea. Essa evolução, que tem se repetido mês a mês (veja gráfico abaixo), combinada à perspectiva de aumento no fornecimento de semicondutores, leva a Anfavea a apostar no aumento da produção este ano. "Nosso desafio é manter esse crescimento. E se mantivermos, vamos ter números bastante interessantes no fim de 2022", destacou Leite.

Anfavea Gráfico semicondutores

Megafábrica no Brasil

O presidente da Anfavea também destacou as negociações entre poder público, setor privado e universidades para a implantação de uma megafábrica de semicondutores no Brasil. "O investimento poderia chegar a US$ 2 bilhões", destacou Leite. "É um investimento expressivo que mesmo quando comparado com outras fábricas de semicondutores pelo mundo", comparou.

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