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BMW M2: o diabo veste Amarelo São Paulo

Não se engane pelo tamanho: o menor modelo da divisão esportiva "M" da marca alemã não faz questão de ser bonzinho

por Evandro Enoshita

Eu sou daqueles que acreditam que carros têm alma. O BMW M2, por exemplo. Essa é uma máquina que não faz questão alguma de ser boazinha ou amigável.
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Calma! Eu não estou dizendo isso como uma crítica. Mas em uma época em que todo mundo só quer saber de SUVs cada vez mais parecidos e amigáveis, é uma ousadia se mostrar como alguém visualmente agressivo e nervoso até a alma.
Não se engane pela alegre e chamativa cor Amarelo São Paulo desse carro das fotos. O BMW M2 é o diabo em pele de diabo!

Teste: BMW M2 Coupé Track

Diversão pura

O BMW M2 Coupé é a versão apimentada do Série 2. É o menor e um dos menos potentes modelos produzido pela divisão esportiva M da marca alemã.
Mas isso está longe de significar que o M2 é um esportivo só no visual. Muito longe! Medindo 4,58 metros de comprimento, 1,89 metro de largura, 1,40 metro de altura e com um entre-eixos de 2,75 metro, o menor dos M ocupa praticamente o mesmo espaço de um sedã médio numa vaga.

Só que no lugar de um motorzinho pequeno e eletrificado, o M2 é cavalaria pura. O motor e um 3.0 de seis cilindros a gasolina, biturbo e sem auxílio elétrico, que desenvolve 480 cv de potência e 61,2 kgf.m de torque e traciona apenas as rodas traseiras por meio de um câmbio automático de oito marchas.
E o M2 não faz questão nenhuma de esconder que é um esportivo. Tem para-lamas largos, rodas enormes - 19 polegadas na dianteira e 20 polegadas na traseira - tomadas e saídas de ar espalhadas pela carroceria e duas saídas duplas de escape na traseira.
Um BMW cupê compacto, com tração traseira e motorzão? Já vi essa história antes. Pois é. Não tem como não relacionar esse M2 com aquele M3 de primeira geração, lá dos anos 1980, que é o "pai" de todos os M.
E, no final das contas, apesar do oceano de tecnologia que separa esses dois modelos, a impressão é que a BMW quis oferecer o mais próximo da experiência de rodar com um M raiz quando criou esse M2 aqui.

Espaço interno? Que espaço interno?

Dizer que os carros esportivos são pouco espaçosos é chover no molhado. Mas esse M2 não faz questão alguma de agradar aos motoristas mais corpulentos ou de maior estatura. Nessa versão Track, os bancos são do tipo concha e com estrutura em fibra de carbono.
Mesmo eu, do alto dos meus 1,65 m de altura, tinha que fazer certo contorcionismo para entrar e sair do posto de pilotagem. E em poucos carros tive tanta dificuldade para colocar a cadeirinha do João, o meu filho, no banco traseiro. Talvez seja da alma de mau do BMW M2 não gostar de crianças.

Mas o João gostou do carro. E eu também. A posição de pilotagem, baixinha, é baixinha, enquanto o volante esportivo de base achatada - e a tradicional marcação das 12 horas - tem dois botões de atalho ao alcance dos dedões, que permitem acionar com um toque os acertos de condução mais extremos.
E com uma enorme quantidade de telas - uma de 12,3 polegadas para os instrumentos, outra de 14,9 polegadas para a multimídia, além de um head-up display -, é como se você se tornasse parte da máquina.
Digo mais: você passa a acreditar que se transformou em um piloto de corridas. Ainda mais depois que você pressiona o botão de partida e escuta o sensacional ronco grave dos seis canecos urrando naquela primeira partida da manhã.
É como se um diabinho estivesse te convidando para abusar do acelerador. A cada segundo.

Resistindo à tentação

Uma coisa que eu aprendi dirigindo esportivos em pista e nas estradas e que é preciso respeitar a máquina. Esses carros deixam você brincar e se divertir muito. Afinal, explorar os limites é bem diferente de abusar. É quando se perde o respeito ao automóvel que está feita a receita para um desastre.
É preciso tempo para se acostumar às reações do carro e começar a explorar os limites. Alguns esportivos têm paciência de professor. Já outros não têm muita vocação para lidar com quem não nasceu como a reencarnação de um Ayrton Senna.

O BMW entra nessa segunda categoria. Embora tudo te provoque a acelerar a todo instante e seja possível até mesmo desligar os auxílios eletrônicos, o M2 pede cautela. Nervoso como poucos, basta abusar um pouco mais do acelerador para sentir que a traseira quer ultrapassar a frente.
Aliás, além dos modos de condução Road, Sport e Track, é possível personalizar individualmente desde o acerto dos amortecedores e freios até o peso da direção, passando pela resposta do acelerador e pela velocidade de troca do câmbio. E não se engane pelo fato de a transmissão ser automática. Essa tal M Steptronic não faz você sentir falta de "cambiar".

Mas, depois de um tempo de convivência, você percebe que o M2 é mais marra que uma ameaça real. O carro deixa de te assustar e passa a te impressionar.
E é aí que as coisas ficam divertidas. Quando você sabe que, mesmo te dando sustos, no final das contas ele vai fazer sempre aquilo que você pediu para fazer. E ainda vai parar com uma eficiência impressionante, graças aos freios M com pinças fixas de seis pistões na dianteira e pistões únicos com pinças flutuantes na traseira.
Tudo bem que a suspensão é firme mesmo no acerto mais civilizado. Mas, em velocidade de cruzeiro, o M2 até deixa você relaxar e curtir um som, já que o sistema de áudio é premium, assinado pela Harman Kardon.

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Equipamentos

De série, o BMW M2 (R$ 673.950) tem em todas as versões ar-condicionado automático de duas zonas, som Harman Kardon, pacote ADAS, suspensão adaptativa, painel digital configurável, multimídia com espelhamento sem fio, carregador de celular por indução e luzes decorativas de LED na cabine.
Já a versão Track (R$ 727.950) adiciona o teto em fibra de carbono, bancos concha M Carbon Bucket Seats, freios esportivos M com pinças vermelhas, faróis com máscaras escuras e o M Drivers Packages, que "desbloqueia" a velocidade máxima do M2.

Mecânica

Já que eu falei bastante do motor e do câmbio mais acima, agora vou falar dos números do M2. O cupê da BMW acelera de zero a 100 km/h em quatro segundos e atinge a velocidade máxima de 285 km/h.
E o consumo? Os dados oficiais do Inmetro apontam para médias de 7,2 km/l (cidade) e 9,3 km/l (estrada). Mas, na prática, é bem fácil de fazer essa média cair para menos de 5 km/l. Basta querer.

Vale a pena comprar um BMW M2?

Antes de dar o meu veredicto final sobre o BMW M2, uma última curiosidade: você sabe quanto custa o seguro do esportivo da marca alemã?
Fiz a cotação no Auto Compara e o valor da cobertura completa variou entre R$ 10.483,40 e R$ 11.893,32. Lembrando que a simulação foi feita no perfil de um homem, casado, 38 anos, morador da capital paulista. E sem bônus ou descontos adicionais. Confesso que achei que seria mais caro.
Apesar das toneladas de recursos tecnológicos e eletrônica embarcada, o BMW M2 é um esportivo que mira nos velhos tempos. Sem recorrer à eletrificação, se apoia em força bruta, sonoridade apaixonante e é divertidíssimo de guiar. Se eu ganhasse na loteria, certamente seria uma das aquisições da minha lista.
E, no final das contas, o BMW M2 não é tão "do mau" quanto parece. Mas é preciso manter a fama, não é mesmo?

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