Ninguém bate o Toyota Corolla Cross. Mesmo sem estar entre os modelos mais acessíveis, o SUV médio da marca japonesa sempre figura entre os líderes do seu segmento no mercado automotivo brasileiro.
Em fevereiro de 2025 não foi diferente. O médio Corolla Cross somou 5.351 emplacamentos e só não vendeu mais que o compacto Volkswagen T-Cross. Isso mesmo com uma concorrência que cresceu muito nos últimos anos e ainda cresce, de maneira exponencial. Inclusive com a chegada de SUVs híbridos plug-in e até 100% elétricos.
E nesse comparativo, nós aqui do WM1 decidimos botar o queridinho da Toyota, em sua versão de topo XRX Hybrid, numa disputa com o Volkswagen Taos Highline. Ambos carros de porte, posicionamento na linha e preços semelhantes. Qual deles é o melhor para você?
O Corolla Cross XRX Hybrid sai por R$ 219.890. Ou R$ 1.100 a menos que o valor de tabela do Volkswagen Taos Highline, de R$ 220.990.
Por uma diferença de poucos meses, o Toyota é o mais antigo dessa dupla. Feito em Sorocaba (SP), estreou no Brasil em março de 2021, enquanto o argentino Taos desembarcou do lado de cá da fronteira em maio de 2021.
Mas o Corolla Cross passou pela primeira reestilização em meados de 2024, quando recebeu uma atualização nas linhas da dianteira e estreou novos equipamentos de série. Enquanto isso, o Taos tem a mesma cara desde sempre, tendo incorporado apenas novos conteúdos de lá para cá.
O resultado disso é que o Corolla Cross tem uma cara mais atual, embora sem deixar de lado a alma conservadora. Tem uma pegada mais urbana que o concorrente da Volkswagen e é aquele SUV feito sob medida para aquela pessoa que só comprava o sedã Corolla.
Com visual sisudo e robusto - e igualmente conservador - o Taos já não consegue esconder os sinais da idade e destoa bastante dos SUVs mais recentes da marca, principalmente nas linhas da traseira. Tanto que já mudou no exterior e em breve deve estrear um facelift também aqui na América do Sul.
Uma semelhança entre os dois é o posicionamento dentro da linha, já que ficam abaixo do RAV4 e do Tiguan, respectivamente. Ambos SUVs médios "de verdade".
Outra semelhança está no porte. O Corolla Cross mede 4,46 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,62 m de altura e tem entre-eixos de 2,64 m.
Já o Taos empata no comprimento, porém é ligeiramente mais largo e alto. E também tem entre-eixos mais longo: são 1,84 m largura, 1,63 m de altura e 2,68 m de entre-eixos.
Na cabine, o Corolla Cross não nega o parentesco com o sedã. Ambos são feito sobre a mesma variação da plataforma modular TNGA.
Além do visual, a posição de guiar do SUV da Toyota é mais próxima à dos carros de passeio normais que à dos utilitários esportivos. O banco é baixo e o painel, alto.
Mas com um entre-eixos mais curto que o do sedã, o Corolla Cross oferece espaço interno mediano para um SUV médio, Permite levar quatro adultos com conforto, mas desde que eles não tenham mais de 1,80 m. O acabamento também é mediano. Não impressiona, mas também não desagrada.
E dá para chamar de razoável também o porta-malas, com capacidade para 440 litros. Volume bom, mas que fica abaixo dos de outros SUVs médios na mesma faixa de preço. Pelo menos a tampa do porta-malas tem comando elétrico e acionamento por sensor.
Feito sobre a mesma base do sedã médio Jetta, o SUV Taos também se parece com um três volumes transformado em utilitário esportivo.
Tanto que oferece um layout interno inusitado para um Volkswagen, com um painel baixinho e um banco que te obriga a escolher uma posição mais elevado se você tiver menos de 1,70 m. No final das contas, é uma configuração que eu curti mais que a do Corolla Cross.
Outro ponto em que o Taos leva a melhor sobre o modelo da Toyota é no espaço interno, principalmente na área disponível para as pernas no banco traseiro. O porta-malas também é mais amplo: tem capacidade para 498 litros. Mas nada de comando elétrico na tampa.
E por falar nos pontos que não me agradaram tanto, apesar do acabamento superior ao dos SUVs compactos da marca, falta personalidade na cabine.
Em equipamentos, rola um empate entre os dois modelos.
O Corolla Cross XRX Hybrid tem sete airbags, pacote ADAS, monitor de pontos cegos, bancos de couro com ajustes elétricos para o motorista, carregador de celular por indução, faróis de LED com acionamento automático, teto-solar e ar-condicionado de duas zonas, além da tampa do porta-malas com comando elétrico.
Por outro lado, o Taos Highline tem a mais os bancos dianteiros com aquecimento e o teto solar panorâmico no lugar do convencional. Mas fica devendo o airbag para o joelho do motorista e a tampa do porta-malas elétrica, que não é opcional nem nessa versão topo de linha.
Na linha 2026, a versão XRX Hybrid é a única do Corolla Cross equipada com o conjunto motriz autocarregável, composto por um motor 1.8 flex e um propulsor elétrico de tração. O câmbio é automático e a tração é dianteira.
São 122 cv de potência combinada e 14,5 kgfm de torque a 3.600 rpm. Em baixas velocidades e por curtos períodos, o sistema permite que o veículo opere exclusivamente no modo elétrico, reduzindo significativamente o consumo de combustível e as emissões.
Quando abastecido com gasolina, o SUV da Toyota entrega médias de consumo de até 17,7 km/l (cidade) e 14,6 km/l (estrada).
Sem nenhum tipo de auxílio elétrico, o Taos Highline sai de fábrica com um propulsor 1.4 turbo flex, câmbio automático de seis marchas e tração dianteira.
É o mesmo conjunto que equipa o T-Cross Highline, porém com uma calibração específica para o SUV médio. São 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque entre 1.400 rpm a 4.000 rpm.
Apesar de bem mais potente e forte que o SUV da Toyota, o Taos cobra a conta com um consumo de combustível também superior. Com gasolina, registra médias de 11,1 km/l (cidade) e 13,1 km/l (estrada).
Suavidade é a palavra que define como esse Toyota Corolla Cross se comporta ao volante. O SUV da marca japonesa agrada pelo rodar bem equilibrado, pendendo para o conforto. Com uma direção bem leve, parece a escolha ideal para quem vai rodar a maior parte do tempo na cidade.
Até porque desempenho não é o ponto forte desse conjunto motriz híbrido do Corolla Cross. No uso urbano e dirigindo de pé leve, o Corolla Cross roda de maneira silenciosa e com belos números de consumo de combustível.
Mas basta exigir um pouco mais do acelerador para esse equilíbrio sumir. Na estrada, é preciso pisar fundo no acelerador e o propulsor 1.8 grita alto. Mesmo assim, o desempenho fica aquém do esperado para um SUV médio. Se for usar o carro na estrada, faça um favor para você mesmo e leve um Corolla Cross 100% a combustão, que é bem mais adequado no uso rodoviário.
Falando agora de usabilidade, o Corolla Cross entrega uma posição de guiar confortável e uma boa ergonomia, além de um quadro de instrumentos digital completo, bonito e fácil de configurar.
Uma das novidades da linha 2026 é a nova central multimídia com tela de 10,1 polegadas, agora do mesmo tamanho da central usada no Taos. Apesar do layout simples e do espelhamento sem fio, parece um equipamento genérico e a câmera, apesar de ser de 360°, decepciona pela baixa resolução. Sem contar que os botões físicos saíram de cena nessa nova multimídia. Não gostei.
O Taos é um SUV fiel ao DNA Volkswagen, já que sacrifica um pouco o conforto para entregar um comportamento mais esportivo, com suspensão firme e direção mais pesada, porém mais precisa.
Apesar de ser mais pesado e entregar números de desempenho piores que os do T-Cross Highline com a mesma mecânica, a impressão é que o Taos é até mais ágil que o SUV compacto da marca. O Taos embala rápido e aquele característico atraso nas respostas do câmbio automático de seis marchas é praticamente inexistente - mesmo nos modos de condução Normal e Eco.
Apesar do visual da cabine ser um tanto sem graça, a disposição dos comandos faz com que a migração dos SUVs menores da marca para esse carro seja bastante natural, o que contribui para a boa usabilidade do modelo.
E por falar em usabilidade, a multimídia é a eficiente e bem completa VW Play, bem superior ao equipamento visto no Corolla Cross. É uma pena que o Taos tenha um volante com comandos sensíveis ao toque.
Uma solução esteticamente bonita, mas péssima do ponto de vista da usabilidade. Com certa frequência você vai acabar acionando os comando por acidente, ao resvalar as mão nos botões. Um incômodo que poderia ser facilmente evitando com o uso dos bons e velhos botões convencionais.
O preço do seguro dos dois é bem parecido, com uma ligeira vantagem para o carro da Toyota. Fiz a cotação no Auto Compara e o valor da proteção completa ficou em R$ 8.031,79 para o Corolla Cross e R$ 8.586,72 para o Taos. Valores sem bônus ou descontos adicionais.
Outra vantagem do Corolla Cross sobre o Taos está no fato de o SUV da Toyota ser um híbrido. Ou seja: está isento do rodízio na capital paulista e tem desconto ou até isenção do IPVA dependendo do seu estado.
Já nas revisões até os 50 mil quilômetros o Taos leva vantagem, pois a Volkswagen banca as três primeiras manutenções obrigatórias do modelo: a somatória fica em R$ 4.549,90 para o Corolla Cross e R$ 2.466,04 para o Taos.
O Corolla Cross é menos espaçoso, mas é bem confortável e compensa o desempenho abaixo da média com uma bela economia de combustível. Já em equipamentos, se equipara ao Taos.
O Taos, por sua vez, entrega uma cabine mais ampla e um desempenho bem mais interessante. Mas consome mais combustível e tem um visual mais datado.
Não seria ruim se o Corolla Cross tivesse um pouco mais de Taos. E se o Taos tivesse mais de Corolla Cross. Diria que o empate é um bom resultado para esse comparativo.
Apesar de ambos custarem quase a mesma coisa, são carros feitos para agradar a públicos e demandas bem diferentes. E você? Concorda com esse veredito?