Boa parte das atenções em torno do mercado automotivo em 2021 ficou concentrada no inédito Fiat Pulse e na nova geração do Hyundai Creta. Modernos e bem equipados, ambos devem ocupar o topo das vendas gerais em 2022. Mas qual desses SUVs pode se encaixar melhor na sua garagem?
Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro este não é um comparativo clássico. Ou seja, não tem vencedor, nem perdedor, uma vez que os modelos têm tamanhos e preços diferentes. O foco é apresentar o que cada um pode oferecer, especialmente para quem já definiu que vai comprar um utilitário-esportivo, mas ainda não sabe bem qual a melhor escolha.
Começamos pelo novato. O primeiro SUV produzido pela Fiat no Brasil, o Pulse está disponível em cinco versões, com tabela que varia entre R$ 83.990 e R$ 119.990.
Já o Hyundai Creta, terceiro SUV mais vendido no ano passado (atrás da dupla Renegade e Compass, da Jeep) tem quatro versões, com valores que partem de R$ 115.690 e chegam a R$ 162.690.
Assim como os valores, o design dos modelos também é discrepante. O Pulse aposta em uma pegada mais jovem, com carroceria bicolor e linhas que devem o manter distante de polêmicas. Já o Novo Creta não tem receio nenhum em ousar. Esbanja elementos chamativos e miscelânea de cromados.
Em relação ao conjunto ótico, o Pulse se destaca por oferecer faróis e lanternas de LED em todas as versões. Já o Creta só dispõe de tais itens na configuração topo de linha Ultimate. No entanto, mesmo na versão mais cara, não há faróis de neblina em LED.
O conjunto de rodas do SUV da Fiat, compacto fabricado em Betim (MG), pode ser de 16 e 17 polegadas, enquanto o utilitário maior tem ainda a opção de 18 polegadas, aliás, com visual diamantado bastante chamativo e condizente com a tônica do visual.
Uma vantagem para o Creta está nos freios, que são a disco nas quatro rodas, enquanto o Pulse usa sistema a tambor no eixo traseiro.
Também há uma diferença enfática no quesito porta-malas. O novo Creta perdeu 10 litros de capacidade na comparação com a geração antecessora e agora tem bagageiro de 422 litros. Ainda assim, muito superior aos 370 litros disponíveis no Pulse. Você pode até falar: “faz total sentido essa diferença porque o Fiat é bem menor”. Mas o fato é que o Caoa Chery Tiggo 3X, rival de porte semelhante ao do Pulse, tem capacidade para 400 litros.
Ainda sobre espaço, fator que costuma ser definidor na escolha de um SUV, vamos nos ater à parte interna. Embora o Pulse seja 20 centímetros menor (4,10 m de comprimento) e tenha 8 centímetros a menos de entre-eixos (2,53 m), o espaço do SUV mineiro é satisfatório para quem tem estatura mediana. Por outro lado, a fileira traseira tem apenas uma porta USB.
Já Hyundai Creta, modelo feito em Piracicaba (SP), naturalmente, oferece mais espaço para a família. O SUV da marca sul-coreana se gaba de ter 4,30 m de comprimento e 2,61 m de entre-eixos. Destaque ainda para os bancos, mais confortáveis, além das saídas de ar-condicionado para quem viaja atrás.
Outro ponto positivo do Hyundai é o fato de oferecer 6 airbags, enquanto o Fiat dispõe de 4 bolsas.
O Creta também faz jus à sua categoria superior em toda a construção do habitáculo. A nova geração trouxe um layout envolvente, com coloração em dois tons e materiais de melhor qualidade ao toque.
O destaque vai para o volante multifuncional, que tem visual esportivo e chamativo. Um item que já poderia equipar o carro é a regulagem elétrica do banco do motorista, além do ar-condicionado de duas zonas. Mas um diferencial é o atraente tetão solar, algo que o Pulse fica devendo.
Em contrapartida, apesar de as telas referentes ao cluster e à central multimídia serem grandes e nítidas, ambas ficam aquém dos displays oferecidos no Fiat. Fica a impressão de que a Hyundai não explorou todo o potencial dos visores. A tela central, por exemplo, não é totalmente preenchida quando usamos o pareamento dos smartphones.
Além disso, é preciso plugar o cabo do celular na porta USB para usar os sistemas da Apple e do Google, algo dispensável no Pulse, que oferece ainda conexão wi-fi por meio de chip (disponível via assinatura), além de assistência pessoal por botão, numa dinâmica semelhante ao serviço OnStar, da GM.
O SUV compacto traz um console levemente inclinado ao motorista, com distribuição dos botões intuitiva, e até uma gracinha no acionamento do ar-condicionado, que concentra as funções de velocidade de ventilação e controle de temperatura no mesmo botão.
Por outro lado, a montagem do painel e console pode ser considerada um dos pontos fracos. Há rebarbas em peças das saídas de ar-climatização e espaços evidentes em volta do botão de partida, para ficar em poucos exemplos.
Já o ponto forte do Pulse, definitivamente, é o desempenho. O SUV compacto detém o motor 1.0 turbo mais potente do Brasil. São 130 cv de potência e 20,4 kgf.m de torque. Pra você ter uma noção de como esse motor é forte, a diferença pro Creta 2.0 é de apenas 0,2 kgf.m.
A maior parte das versões faz parceria harmoniosa com o câmbio automático CVT que simula sete velocidades. Porém, há ainda a opção pelo câmbio manual de cinco marchas. Este, só pode ser adquirido junto ao motor 1.3 aspirado de 107 cv de potência, derivado de Argo e Strada.
Dois pontos de destaque são os botões Sport e TC+. O primeiro atua no motor, câmbio e controle de estabilidade para que o modelo tenha um desempenho um pouco mais aguerrido. Já o outro dispositivo trabalha no controle de tração a fim de que você consiga passar por alguns obstáculos off-road sem desespero.
Já o Creta tem três modos de direção, mas nenhum voltado para o uso fora de estrada. O foco é na esportividade ou no consumo de combustível. Mas, apesar de o modelo ter sistema start/stop, o Pulse leva vantagem nesse quesito, muito por conta do motor turbo e do peso reduzido.
O propulsor turbinado faz ainda com que o compacto da Fiat seja quase tão rápido quanto o 2.0 aspirado de 167 cv de potência e 20,6 kgf.m de torque da Hyundai. Com aceleração de 0 a 100 km/h cumprida em 9,4 segundos, o Fiat Pulse é apenas um décimo mais lento que o Hyundai Creta.
Mas, de volta, rapidinho, ao consumo: vale ressaltar que o Creta também tem uma opção 1.0 turbo, só que de 116 cv e que tem um consumo urbano melhor do que esse 2.0. Ambas as opções são casadas com uma transmissão automática de seis velocidades.
Um ponto que faz total diferença a favor do Creta é a disponibilidade de equipamentos avançados. O SUV da marca sul-coreana tem câmera 360 graus, monitor de ponto cego por câmera que exibe imagens no cluster, freio de estacionamento eletrônico e o principal diferencial, que é o piloto automático adaptativo.
Já o Pulse não vai além de controle de cruzeiro, além de assistente de manutenção em faixa e freio de emergência.
Ainda assim, o mais novo modelo da Fiat pode ser considerado um carro tecnológico, conectado, seguro e com oferta de equipamentos adequada à faixa de preço. O mesmo pode ser dito sobre o Novo Creta.
No fim das contas, o Fiat Pulse tende a ser uma opção mais atraente a quem valoriza desempenho e consumo de combustível, enquanto o Hyundai Creta tem como chamariz o interior caprichado e o espaço mais adequado à família.