Resolvemos tirar essa dúvida porque um amigo chegou em mim com R$ 50 mil para saber qual dos dois carros aventureiros de entrada vendidos no Brasil é a melhor compra: Kwid Outsider x Mobi Trekking. O primeiro, da Renault, já tem um ano de mercado, enquanto o da Fiat acaba de chegar para acirrar a disputa e roubar clientes. Afinal, qual deles é a melhor compra?
Para este duelo de subcompactos com pegada aventureira, vamos elencar oito quesitos - preço, prazer ao dirigir, conjunto mecânico, consumo de combustível, lista de equipamentos, segurança, espaço interno e porta-malas - e pontuar os concorrentes por meio de um placar. Ao final, saberemos quem é o vencedor.
Vamos começar com os valores. O Renault Kwid Outsider, hoje, cobra iniciais R$ 53.290. A única cor gratuita é o branco sólido - qualquer uma das demais pede R$ 1.450, o que faz com que o preço "cheio" do carrinho chegue à R$ 54.740. Mas não há opcionais.
Já o Mobi Trekking parte, atualmente, de R$ 50.716, portanto exatos R$ 2.574 a menos que seu rival. Pintado de preto não há acréscimo de preço, mas em vermelho (pinturas sólidas) o carro fica R$ 762 mais caro. Na cor cinza (metálica), a adição é de R$ R$ 1.576. E existem três opcionais: os packs "Multimídia", de R$ 2.968; "One", de R$ 1.210; e o "Style", de 1.748.
Com todas as opções e na cor cinza (mais cara), o carrinho sai a R$ 58.218. Como não equiparamos (agora) a lista de equipamentos, vamos abrir o placar para o Mobi, que custa R$ 3 mil a menos e oferece muito mais concessionárias para o cliente no momento da busca. Fiat 1x0 Renault.
São dois carros que pouco divertem quem dirige. Mais voltados ao trabalho e a solteiros ou casais sem filhos que precisam gastar pouco para rodar pela cidade, ambos os modelos têm proposta 100% urbana e não empolgam ao volante como podem fazer modelos da categoria "de cima", como Argo e Sandero - para ficar dentro de Fiat e Renault.
Mesmo assim, há um vencedor nesse quesito e este carro é o Kwid. Isso porque o modelo tem projeto mais novo, desenvolvido há menos tempo, enquanto o Mobi é baseado na plataforma do Uno, criada no final da década passada e lançada em 2010 com a estreia da segunda geração de seu "irmão maior".
Portanto é possível, sim, dizer que o Kwid é mais gostoso de dirigir que o Mobi. Devido a isso, o placar empata: 1x1.
Hora de comparar os motores. O Renault Kwid tem propulsor de três cilindros aspirado, 1.0, de até 70 cv e 9,8 kgf.m de torque com etanol, comandado por uma caixa de câmbio manual de cinco marchas. O Fiat Mobi responde com um quatro-cilindros de 1,0 litro que gera até 75 cv e 9,9 kgf.m, também com etanol e transmissão manual de cinco velocidades.
Números técnicos muito parecidos, que são desnivelados pelo peso dos carrinhos - o Kwid pesa só 806 kg, enquanto o Mobi mostra 967 kg na balança. Na hora de acelerar, porém, essa diferença quase não é sentida: o carrinho da Renault precisa de 14,7 segundos para fazer o 0 a 100 km/h, enquanto o da Fiat consegue completar essa arrancada em menor tempo: 13,8 s.
Por ser mais rápido e potente, mesmo mais pesado, o Mobi é quem mexe no placar. 2x1 para o carrinho da Fiat.
Outro quesito muito parecido: os dados de consumo da dupla, ambos divulgados pelo programa de etiquetagem do Inmetro. Segundo dados oficiais, o Renault Kwid Outsider faz 9,6 km/l na cidade e 10 km/l na estrada com etanol e 14,1 km/l e 14,4 km/l, respectivamente, com gasolina.
Enquanto isso, o Fiat Mobi Trekking consegue fazer 8,7 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada com etanol e 12,6 km/l e 14,2 km/l, respectivamente, com gasolina. Importante registrar que o Mobi tem tanque com 47 litros de capacidade (667 km de autonomia com gasolina no tanque), enquanto que o Kwid oferece apenas 38 litros (547 km de autonomia nas mesmas condições).
Ainda assim, por números melhores na economia de combustível com os dois combustíveis, o Kwid empata novamente o duelo: 2x2.
Hora de ver quem oferece mais conteúdo. Ambos oferecem de série itens de segurança e obrigatórios como freios com ABS; airbag duplo (o Kwid tem quatro bolsas); cinto de segurança de três pontos, apoio de cabeça para os passageiros traseiros e até Isofix para fixação de cadeirinhas infantis, mas é na lista de itens de conveniência que o Kwid se sobressai.
O carrinho da Renault vem com ar-condicionado; direção elétrica; ajuste elétrico dos retrovisores; banco traseiro rebatível; comando interno da tampa do tanque de combustível e do porta-malas; vidros elétricos dianteiros e até central multimídia com tela tátil colorida (com espelhamento da tela do celular), conexão via bluetooth e USB, além de volante multifuncional e computador de bordo.
O Mobi, por sua vez, traz o pacote de dignidade que um carro precisa ter (ar-condicionado e direção assistida), mas vem somente com vidros elétricos dianteiros, computador de bordo e banco traseiro rebatível. Ajuste elétrico de retrovisores, botão para abertura do porta-malas e da portinha do tanque e rádio com tela multimídia e conexões via Bluetooth e USB, assim como o volante multifunção, são opcionais.
Nesse quesito, portanto, virada do Kwid, que faz 3x2 no jogo
Aqui vai pontuar quem tiver a maior pontuação no Latin NCAP, órgão máximo de segurança que testa carros oferecidos no mercado latino-americano.
O Renault Kwid, que tem dois airbags a mais que o Mobi, recebeu três estrelas para adultos e três para crianças - em teste realizado em 2017, ano de seu lançamento, quando ainda não existia a versão aventureira. O Mobi nas mesmas condições de teste alcançou apenas uma estrela para adultos e as mesmas três para crianças, em prova feita no mesmo ano, 2017 - também na versão básica.
Com isso, mais um "gol" do Kwid, que amplia a vantagem para 4x2.
Sabemos que é complicado comparar o espaço interno de dois subcompactos em que muitas vezes só os bancos dianteiros são utilizados, mas é importante saber qual dos dois, por exemplo, tem uma área maior para crianças.
Para isso, vamos conhecer as dimensões da dupla (comprimento, altura, largura e distância entre-eixos). O Kwid tem 3,68 m de comprimento, por 1,47 m de altura, 1,58 m de largura e 2,42 m de entre-eixos. Já o Mobi oferece 3,57 m de comprimento, 1,55 m de altura, 1,67 m de largura e 2,31 m de entre-eixos.
Quando entramos nos carros, a sensação é a seguinte: no Kwid o motorista quase encosta os ombros na pessoa que está no banco do passageiro de tão apertado, mas há melhor espaço para quem vai atrás; no Mobi, a largura maior proporciona mais conforto na frente, mas quase não há distância para as pernas dos ocupantes traseiros.
São dimensões tão diferentes que fica até difícil eleger um pontuador. Por causa disso - e por conta dos espaços tão apertados -, ninguém pontua nesse quesito. Placar: 4x2 para o Renault Kwid.
Você já sabe que o Kwid vai ganhar esse comparativo, mas vamos falar sobre o porta-malas porque não é justo dar a vitória ao carrinho da Renault sem nem mesmo mencionar um dos quesitos prometidos lá no começo do texto - e que para muita gente tem extrema importância.
Vamos aos números: 290 litros para o Kwid Outsider contra 235 litros para o Mobi Trekking. Resultado final: placar favorável ao modelo da Renault por 5x2.



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