Neblina forte e tempo frio. Tudo para te segurar na cama e não sair dela às 5h de um domingo. Mas o motivo é nobre. Eu me preparava para acelerar pela primeira vez em um track day com meu carro, o Subaru Impreza SW que você verá nas fotos. Seriam cerca de 150 km até o Limeira Kart Club, no interior de São Paulo, onde ocorreu no último domingo (26), a 27ª edição do Hot Lap Limeira.
Menos de duas horas de viagem, saindo de São Paulo (Capital). Estômago vazio, tanque cheio e a ansiedade que vinha desde terça-feira, quando havia pago a inscrição – R$ 200, bem mais barato que a média de preço desse tipo de evento em Interlagos.
Por volta das 8h, já estávamos por lá. Mais três ou quatro carros também já se posicionavam em um dos 27 boxes do kartódromo. A neblina ainda era forte e a pista estava úmida. Todos focados nos carros: alguns trocavam o jogo de pneus, outros aliviavam peso do interior. Eu me limitei a ajustar a carga dos amortecedores e estava pronto – claramente, tinha gente muito mais experiente ali.
A ansiedade ainda era grande, mas procurei não me animar muito. Era a primeira vez que andaria para tirar tempo. Já havia acelerado em pista, mas todas foram em provas de regularidade. Com o meu carro turbinado também seria a primeira vez. A fama do traçado também não me deixava esperar um tempo bom. A pista é um kartódromo. Por isso, não é tão larga, apenas oito metros – a parte mais estreita de Interlagos tem 12 metros de largura. Assim, as áreas de escape também não são tão extensas – ponto da pista que eu conheceria bem antes do esperado. Apesar disso, o traçado de 1,2 km de extensão é seletivo com duas boas retas e miolo bem travado, com vários tipos de tangência e de relevo.
Antes da prova, pudemos dar algumas voltas pra sentir a pista. Dei quatro voltas. Turbina enchendo limpa, carro equilibrado mesmo com a pista úmida e fria. O miolo que eu tanto tinha medo se mostrou mais amigável: não exige tanto de freadas fortes, bastava modular o acelerador e atingir a tangência certa em cada curva.
Tudo isso me deixava mais calmo. Não por pensar que o tempo iria vir mais baixo. Mas pois teria capacidade pra não passar reto em uma curva e destruir meu carro. Sempre gostei, mas nunca me liguei em automobilismo a ponto de querer estudar traçado, tocada, tangência e técnicas de pista. Eu gosto de carros, de preparação, e isso era o que me levava a um track day: aproveitar a potência do meu carro sem parecer um inconsequente que acelera na rua de casa.
Por volta das 10h30 a maioria dos participantes já havia chegado e era hora do briefing e uma explicação importante. Pelas limitações da pista, as tomadas de tempo não seriam como em um track day comum, com pista livre o dia todo e os carros entrando na quando preferissem. Cada um daria sua volta sozinho, entrando de acordo com a ordem de chegada. Eu era o número 9, portanto seria o nono carro a entrar.
Demos mais algumas voltas para reconhecer o traçado com Leo Ceregatti liderando o comboio. Leo e seu Volkswagen Voyage com motor AP turbo e redimensionado para 1.9 litro, apelidado de Pangaré, são os recordistas de tração dianteira do Hot Lap, andando na casa de 01:02.
Voltamos aos boxes e depois de alguns minutos era minha vez de tirar o tempo. Na volta de abertura, a pista já parecia começar a secar. Apontei na reta em 2ª marcha, a turbina encheu até os 0,6 kg de pressão, coloquei a 3ª passando pela linha de chegada e a volta estava aberta. Pisei forte no freio, subi o giro com um punta tacco e reduzi pra segunda. Um golpe no volante, belisquei a zebra de dentro e o carro foi escorregando pra parte de fora da pista. Ou melhor, pra fora mesmo. Primeira curva e já comprei um terreno fora da pista. Segurei o carro, e voltei sem rodar. Segui a volta normalmente e cravei 1 minuto e 11 segundos. Tempo bem ruim, na verdade.
Enquanto esperava pela próxima bateria, passeando pelos boxes fui vendo quem aparecia por lá. E o Hot Lap é bem democrático nesse sentido. De Ka 1.0 a Porsche 944, todos participam sem nenhuma limitação. O clima era o melhor possível. Crianças, famílias, amigos todos juntos ali simplesmente pelo gosto de acelerar em uma pista de verdade.
Minha segunda volta foi melhor, 1:09 errando de novo na primera curva. Desta vez, segurei o carro na pista, depois de uma bela escapada de traseira. O tempo foi melhorando mas, em algumas voltas nem me liguei para os números. Andamos até às 17h30. Consegui dar seis voltas e o tempo mais baixo de 1:08. O dia passou rápido. Me diverti e voltei pra casa feliz por manter o carro inteiro e fazer um tempo bom pra um estreante.
Na segunda-feira, então a surpresa. Meu melhor tempo foi 1:06.609, o sétimo geral de 28 participantes (veja a tabela completa abaixo). Próximo de carros mais potentes e mais equipados que o meu. Como errei muito, fiquei feliz pelo desempenho do meu Subaru. Um carro de uso diário, com preparação leve andando junto de outros com muito mais investimento. A satisfação é gigante. E a vontade de participar de novo de um Hot Lap, maior ainda.
Confira a classificação do 27º Hot Lap Limeira:
Número
Piloto
Carro
Melhor tempo
1
Leo Ceregatti
VW Voyage Pangaré
1:03.593
28
Roberto
Audi TT RS
1:03.983
15
Bira
Honda Civic Si
1:05.903
14
Fábio Silveira
Chevrolet Opala 76
1:05.984
17
Régis
Subaru Impreza WRX
1:06.337
12
Ignacio
Subaru Impreza WRX
1:06.577
9
Iago Garcia
Subaru Impreza SW
1:06.609
21
Vitor
Audi A1
1:06.963
5
Rodrigo
MINI Cooper S
1:07.339
11
Cristiano
Ford New Fiesta Sedan
1:07.738
3
Bruno
Citroen DS3
1:07.931
13
Gustavo
Honda Civic Si
1:08.189
25
Leandro
VW up!
1:08.365
2
Hugo
VW Golf TSI
1:08.422
4
Marquinhos
Subaru Impreza GL
1:08.626
16
João Gustavo
VW Gol BX
1:08.840
18
Samuel
VW Gol
1:09.577
22
Nasser
VW SpaceFox
1:10.583
7
Marcelo
Ford Ka
1:10.930
24
Ariel
Chevrolet Omega
1:11.210
6
Jonas
Porsche 944
1:11.322
23
Marcel
Fiat 147
1:11.342
8
Breno
Honda Civic cupê
1:11.633
29
Marcelo
Subaru Impreza depenado
1:11.674
27
Julio
Fiat Uno
1:12.273
26
Gabriel
Fiat Punto 1.6
1:12.322
10
Felipe Nasser
Chevrolet Onix
1:12.681
19
Alexandre
VW Fusca
1:26.560