O futuro do Salão do Automóvel será diferente

Os grandes eventos automotivos que conhecemos precisavam mudar. E o coronavírus apenas antecipou essa transformação

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André Deliberato
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Hoje vou contar uma história aqui no WM1 que talvez muita gente não quisesse ouvir. Mas o Salão do Automóvel que conhecemos será diferente a partir de agora, totalmente distinto da forma como era visto e visitado até então - especialmente o de São Paulo, que já tem 60 anos (1960-2018).

A tendência, segundo especialistas de todo o mundo, é que esse tipo de evento se transforme em uma espécie de CES, onde as empresas apresentem tecnologias em vez de simplesmente... carros. Ou, na combinação ideal de ambos, novos veículos com soluções e equipamentos inéditos - algo que os atuais salões meio que já fazem, é verdade, mesmo que este não seja seu foco principal.

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Como assim?

É fato que a proposta do Salão do Automóvel que conhecemos não "vira" mais. O principal motivo é a falta de interesse dos fabricantes em gastar tanto dinheiro para expor suas novas ideias em um mundo cada vez mais conectado, onde tais conceitos e novidades podem ser apresentados de forma muito mais rápida - e barata - com estratégias digitais.

Explico: nos moldes que conhecemos, cada montadora gasta alguns milhões de dólares (ou reais, no caso do Salão de SP) para montar um estande a fim de expor seus protótipos e ideias futuras. Em muitos salões ao redor do mundo, as marcas, pelo menos, ainda podem vender carros - no Salão de São Paulo, no entanto, o máximo que as empresas podem fazer é cadastrar clientes interessados.

Fontes ligadas aos fabricantes, que preferiram não se identificar, conversaram com a reportagem do WM1 a respeito na época do último Salão, que era para ter acontecido em 2020 e não rolou. A posição é sempre a mesma, independentemente de qual seja a marca: "você prefere gastar alguns milhões em um salão que proíbe a venda de carros ou a mesma grana em vários eventos que trazem um retorno muito mais positivo?", argumentam.

A resposta parece óbvia.

Imagem de cima mostra coletiva de imprensa do Salão De Detroit 2019 com apresentador em um palco ao lado de três caros e vários jornalistas acompanhando
Salão de Detroit cancelado: evento aconteceria, pela primeira vez, neste mês de junho recém-terminado
Crédito: Divulgação
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Transformação é global

Mas esse lance das vendas é algo que só acontece no Salão do Automóvel de São Paulo. Mesmo assim, no restante do mundo a tendência é de que os autoshows também sofram alterações, e sigam a transformação pela qual todo o setor de mobilidade tem passado - que foi acelerado pela pandemia do coronavírus, em 2020.

Você já leu por aí que as montadoras, com o avanço cada vez maior da tecnologia, deixarão de vender carros em um futuro próximo e passarão a comercializar mobilidade - o que inclui aluguel de carro, car sharing e vários outros tipos de serviço.

É desse modo que devemos imaginar o futuro dos Salões: se transformarão em uma espécie de mini-CES (a tradicional feira de tecnologia para o consumidor feita anualmente em Las Vegas, nos EUA), onde as marcas deverão investir ainda mais em soluções para este "novo mundo" que surgiu ao longo dos últimos anos - cada vez mais com carros conectados, eletrificados e autônomos -, em vez de meramente mostrar sua atual gama de produtos daquele país, que afinal todos já conhecem.

Salão de Frankfurt 2019 foi o último. Este ano o autoshow acontece em Munique
Crédito: Divulgação
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 O Salão do Automóvel vai acabar?

Tudo isso significa que os salões que acontecem no mundo todo vão acabar? Como dissemos aqui, não acreditamos no fim desse tipo de evento, mas sim em uma transformação - que, de fato, poderia acontecer em alguns anos, mas que foi antecipada pela quarentena mundial imposta pela pandemia do novo coronavírus, iniciada em março de 2020.

A maior prova disso foi o Salão do Automóvel de Genebra, que não aconteceu em 2020 e neste ano e só volta em 2022. O Salão de Frankfurt, na Alemanha, é outro exemplo: trocou de cidade e este ano o evento acontece em Munique - e já mostra um pouco desta nova cara digital e tecnológica.

Não só os eventos, mas tudo deve se transformar nos próximos anos, o que inclui ainda o perfil e a proposta de cada fabricante de automóveis. Os próprios carros, como toda a indústria mostra a cada lançamento, deverão mudar cada vez mais - quando todos forem autônomos e elétricos, por exemplo, a indústria química e os fabricantes de combustíveis precisarão se reinventar também.

Mas o WM1 reitera aqui: essas mudanças e transformações não significam o "fim" de alguma coisa, mas sim o início de um novo cenário. E esperamos que os próximos passos da indústria do automóvel, tanto em relação aos carros e suas tecnologias ou à necessidade de realização de um evento, sejam sempre positivas para o consumidor final.

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