A procura por veículos equipados com câmbio automático tem crescido no Brasil. Os consumidores cada vez mais buscam conforto, no entanto, ainda é consideravelmente mais caro optar por uma versão do modelo sem o pedal da embreagem.
Para tentar resolver esse problema, as marcas apostaram durante muito tempo nos famosos automatizados. Esse tipo de câmbio tem componentes da embreagem e transmissão idênticos ao da versão manual.

Porém, em vez do pedal de embreagem, há um sistema auxiliar - um robôzinho - para desacoplar o motor e engatar as marchas. Por isso essa caixa também é chamada de robotizada. Mas será que um seminovo automatizado vale a pena?
O preço era - e ainda é - consideravelmente mais barato que uma transmissão com conversor de torque ou até mesmo um automatizado de dupla embreagem, mas como diz o ditado "o barato pode sair caro". E é exatamente isso que vem acontecendo com esse tipo de veículo.
Câmbios automatizados, como GSR (ex-Dualogic) da Fiat e I-Motion, da Volkswagen, necessitam de manutenção a cada 60.000 ou 70.000 km. Já os automáticos, de fato, são projetados para aguentar 200.000 km - alguns modelos é necessária a troca do óleo da transmissão.
Porém, apesar de se assimilar com um câmbio manual - o que sugeriria uma manutenção simples e barata - os diversos componentes eletrônicos encarecem especialmente a mão de obra. O custo chega a ser três vezes maior, segundo oficinais consultadas em São Paulo.
Entre as falhas mais comuns de câmbios automatizados estão o vazamento de óleo do sistema hidráulico e queima da bomba de pressão do mesmo óleo. Nos dois casos, é impossível realizar as trocas das marchas e o carro deverá ser rebocado.
Dependendo do caso, algumas oficinas sequer trabalham com o câmbio. Além disso, com o passar dos anos e o desuso desse tipo de tecnologia, as peças ficam mais raras e caras de se encontrar. Um câmbio novo inteiro pode custar até R$ 7 mil em anúncios na internet.
Outro ponto bem relevante dos automatizados diz respeito à desvalorização. Segundo os números obtidos junto à Agência Auto Informe, do jornalista Joel Leite, as unidades robotizadas desvalorizam mais que as com transmissão manual.
Pegamos cinco exemplos dos últimos anos e procuramos anúncios similares aqui na Webmotors. O Volkswagen up! desvaloriza, em média. 8,1% com câmbio manual, já os I-Motion têm perda média de 10,7%.
Um High up! I-Motion 2015 com 22.000 km está anunciado por R$ 37.500, enquanto a mesma configuração com câmbio manual e 35.500 km é vendido por R$ 42.000.
A diferença é ainda maior no caso do Fiat Mobi com motor Firefly. Na versão automatizada, é possível encontrar um 2017 com 34.500 km por R$ 36.200. Outro do mesmo ano, manual, com menos itens e 6.000 km é vendido por R$ 42.900. A desvalorização é de 12,9% do GSR contra 10% do manual.
De volta à Volks, o Fox tem média de desvalorização de 9,6% com caixa manual, enquanto o I-Motion desvaloriza 11,2%. Em nossos anúncios, foi possível encontrar a versão Connect automatizada com 8.000 km por R$ 46 mil, enquanto a manual é vendida por R$ 50.990.
A dupla Argo e Cronos ainda é vendida com opção do câmbio GSR - ao contrário dos VW, que não têm mais essa opção. Os modelos da Fiat atingem desvalorização média de 11% e 10%, respectivamente, mas aumentam essa perda de valor para 14,9% no caso do hatch e 11,8% para o sedã.
Isso faz com que um Argo GSR com 15.000 km seja vendido por R$ 45.990 e um manual, com mesmo pacote, por R$ 52.900. No sedã, a diferença nos anúncios também é menor, sendo que o manual sai por R$ 58.900 e o automatizado custa R$ 52.000.
Para ampliar a vida útil da embreagem do câmbio automatizado, há três dicas básicas. A primeira delas é fazer a redução manualmente em subidas, evitando o deslizamento desnecessário do disco da embreagem.
A segunda é não segurar o veículo em ladeiras com o acelerador, pois esse comportamento superaquece a transmissão. Por fim, em paradas mais longas ou semáforos, o ideal é acionar o neutro, já que o automatizado funciona como um manual e deixar engatado acarretará em maior desgaste da embreagem.
Todos os problemas citados geram um desgaste da imagem dos veículos, por esse motivo, cada vez mais marcas apostam em soluções tradicionais. Atualmente, apenas a Fiat mantém câmbio automatizado em sua linha de 0 km. A primeira a desistir foi a Chevrolet, que trocou o Easytronic por câmbio AT6.
A Volkswagen seguiu o mesmo caminho nos veteranos Gol e Voyage, enquanto Fox e up! só são vendidos com câmbio manual. Já a Renault aproveitou a reestilização da dupla Sandero e Logan para abandonar o Easy'R e apostar no câmbio automático do tipo CVT.