Afinal, o Honda City hatch supre os órfãos do Fit?

Aceleramos por uma semana, em várias condições de solo, clima e situação, a versão top do atual hatch da marca japonesa

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André Deliberato
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Convocamos um Honda City hatch na versão topo de linha Touring, de R$ 134.600, para responder a uma pergunta simples: ele consegue atender às necessidades dos antigos fãs e compradores do Fit?

Para ajudar na resposta, além da humilde avaliação deste repórter, colocamos na história a opinião de Vanessa Vieira, dona de um restaurante e ex-proprietária de Fit - um 2010, nacional, de 1ª geração.

Vanessa é minha sogra e para o teste com o City decidi ajudá-la com compras diárias pela manhã. São quilos e mais quilos de carne, guarnições e hortifrúti. Ótima chance para testar o carro na prática do dia a dia.

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Honda City hatch: econômico e tecnológico

Mas não foi só nos exercícios diários de fornecimento de matéria-prima do restaurante em meio ao trânsito que o Honda City trabalhou.

Também botamos o hatch para pegar a estrada, rodar sem carga e mostrar as capacidades do "Magic Seat", aquele recurso de rebater os bancos traseiros no sentido contrário que muitos carros da marca oferecem.

Elencamos alguns tópicos importantes que eram virtudes do Fit para serem respondidos: em espaço interno, porta-malas, conforto, tecnologia, motor e câmbio e economia de combustível, o City hatch atendeu como o Fit fazia?

Espaço e porta-malas

Vamos começar com o que talvez seja o mais importante para quem precisa de um carro para levar carga, muita carga: espaço interno e volume do porta-malas.

Diariamente, Vanessa transporta cerca de 20 quilos de carne, frango e peixe, diversas caixas de frutas, legumes e verduras, um ou dois fardos de leite e mais de 50 quilos de alimentos, entre arroz, feijão, sal, óleo, açúcar, café e demais necessidades, além de centenas de embalagens de marmitas, saladeiras e talheres descartáveis.

O espaço interno, nesse ponto, precisa ser alto o suficiente para suportar cargas grandes, que possam ser colocadas na área traseira com os bancos levantados - o que joga a favor do Fit pela altura que ele tinha (eram 1,54 m no modelo aposentado contra 1,50 m no atual, diferença que parece pequena mas, que na prática, é considerável).

Nesse sentido, o City perde na comparação com o modelo que se foi. "O vão sob o banco traseiro do Fit era maior e eu conseguia guardar mais coisas, mas pelo menos o City manteve a versatilidade do banco rebatível. A diferença é pequena, mas o acabamento subiu muito de nível", comenta Vanessa.

Já o porta-malas merece elogios, apesar de menor - o do City hatch tem 268 litros; o do Fit 2010 tinha maiores 384 litros. "Apesar de menor, esse é mais alto, o que facilita na hora de botar e tirar fardos de arroz", explica. Cada fardo desse, com seis sacos de arroz de cinco quilos cada, pesa 30 quilos.

Já na parte de dentro Vanessa vê o City como um modelo de segmento superior. "Na comparação com o meu Fit, o carro é outro: muito mais tecnologia, muito mais conforto e com a segurança de ser um carro da Honda, que não quebra", comemora.

Conforto e tecnologia

Com essa opinião dela, entramos no segundo ponto: como quem tinha um Fit de alguns anos atrás enxerga os itens tecnológicos que vêm na versão Touring do City?

Estamos falando de app myHonda Connect, sensor de ponto cego, multimídia de conexão sem fio e pacote Honda Sensing de condução semiautônoma.

"Para quem tinha um Fit mais novo, a evolução já foi extrema. No meu caso, ainda maior, já que meu carro não tinha central de entretenimento e o ar-condicionado não funcionava. Já foi novo para mim dirigir um carro automático, agora imagina um que corrige o volante sozinho em escapadas de faixa, avisa que tem carro no ponto cego e espelha meu celular no painel?" explica.

Essa evolução talvez ajude a explicar a diferença de preço entre os modelos. Afinal, o City Touring pede R$ 135 mil, enquanto o Fit antes de sair de linha, em 2021, custava algo entre R$ 75 mil e R$ 101 mil.

Honda Fit F5
Os bancos traseiros do Fit - e de alguns outros carros da Honda - podem ser rebatido para frente ou para trás
Crédito: Reprodução
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Evolução mecânica

Vanessa também se espantou com o quanto o City hatch foi econômico durante a semana que rodei com ela. Antes de entrar no tema, vamos lembrar os números oficiais de consumo do carro, segundo o Inmetro:

  • 9,1 km/l na cidade e 10,5 km/l na estrada com etanol
  • 13,3 km/l na cidade e 14,8 km/l na estrada com gasolina
  • Só que o City faz mais, muito mais. O carro usa um motor 1.5 flex aspirado com injeção direta, de 126 cv e 15,8 kgf.m de torque, e é sempre movido por uma caixa de câmbio automática do tipo CVT.

    Em nossas mãos, na maioria do tempo com porta-malas lotado e espaço traseiro consideravelmente cheio, fizemos 8,9 km/l com etanol no tanque enquanto rodávamos na cidade.

    Lembro que a maioria das viagens foi com ar-condicionado ligado, o que comprova a eficiência do conjunto, já que quase chegamos no número oficial mesmo com o carro cheio.

    Mas também levei o City para rodar na estrada e aí não tem para ninguém: registros no computador de bordo que chegaram perto de 13 km/l, muito mais do que os 10,5 km/l anunciados.

    City Hatch 2022 (6)
    Honda City hatch chegou no começo de 2022 após o "fim do Fit" e tem feito sucesso por ser um ótimo carro
    Crédito: Divulgação
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    Tem mais: também rodamos com gasolina e os resultados foram ainda melhores. Na cidade, com o carro vazio, média de 12,5 km/l. Com o carro cheio, chegamos perto de 12 km/l - o oficial é de 13,3 km/l.

    Na estrada não conseguimos rodar com o City cheio, mas vazio, com duas pessoas a bordo e com o ar-condicionado ligado, ele chegou perto da marca de 18 km/l.

    "Meu Fit era muito econômico, mas o City nesse sentido é impressionante. Rodamos dois dias a mais com ele exatamente com a mesma grana que usava para abastecer o Fit", celebra Vanessa.

    E aí, Fit ou City?

    No final da experiência, Vanessa celebra a oportunidade de poder usar o City no dia a dia, ainda que mais como passageira do que como motorista.

    "Sim, o City supre as necessidades de quem ficou órfão do Fit. Entrega muito, tem manutenção barata como o Fit tinha, é confortável, econômico, estiloso, tecnológico e ainda é um Honda", finaliza.

    No fim das contas, ao menos com a personagem desta reportagem, o retorno foi positivo: o City hatch atende quem tinha um Fit e não pode mais, desde 2021, levar uma unidade zero-quilômetro para casa.

    Mas não podemos terminar a história sem aquele recadinho básico ao pessoal da Honda: "o carro podia custar um pouco menos, não podia?".

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