Uma prática que ganha cada vez mais adeptos no Brasil é a de "divisão" de carros, aquele famoso "carro em sociedade". Existem vários exemplos, mas aqui vamos citar três deles: dois cunhados que compraram uma van e compartilham os custos para que as famílias possam viajar; dois primos que dividem um sedã; e uma dupla de amigos que comprou um clássico pensando em repartir o lucro.
Como assim, "carros em sociedade"? A prática desse tipo de compra, cada vez mais comum, é normalmente feita via pessoa jurídica (PJ), mas existem casos onde o carro é documentadamente registrado no nome de uma das pessoas. Vamos destrinchar o assunto.
Desse modo citado, de compartilhar o veículo em sociedade, duas ou mais pessoas (ou empresas) passam a ter responsabilidade sobre o veículo - e a partir disso é discutido, em cada negócio, como é feita a divisão de despesas de manutenção, o que inclui combustível, revisões, documentação, impostos e seguro.
Vamos começar pelo caso do empresário Flávio Oliveira, de 39 anos, que comprou uma Chrysler Town & Country em sociedade com o amigo Emerson Miguel, de 43. Nesse caso, é importante dizer que a van norte-americana da dupla não é o único nem o segundo carro de nenhum deles.
Ela á a alternativa apenas para viagens maiores e em família, já que tem bancos para sete pessoas e porta-malas espaçoso - mesmo com os dois assentos extras levantados.
"Tivemos a necessidade de ter um veículo grande porque temos um perfil muito parecido: temos filhos e precisamos de um carro espaçoso. E aí conhecemos a Town & Country quando fomos aos Estados Unidos. É um carro caro e que não tem manutenção barata, mas como a ideia não era rodar tanto, pensamos em dividir todos os gastos", explica Flávio Oliveira.
Para isso, Flávio e Emerson elaboraram e respeitam uma escala de quando cada um fica com o carro. Em termos de custos, Flávio garante que tudo é dividido em 50/50.
"O carro fica comigo, mas dividimos ele nos fins de semana sempre que precisamos. Em feriados, há uma ordem de revezamento, de acordo com o ano. Em datas como carnaval, Natal e Ano Novo, por exemplo, ela é intercalada: se eu usei no Carnaval do ano passado, meu sócio usa no desse ano", explica Flávio.
"E temos regrinhas básicas: quem usa o carro deve limpá-lo e deixar o tanque cheio, além de anotar as viagens em um documento para não ter dúvidas quando houver eventuais multas", completa o empresário, que também tem um Land Rover Defender compartilhado com seu pai.
"Quando o perfil é parecido, a melhor coisa a se fazer é compartilhar. Você consegue ter o carro que é caro por um preço atraente. É como o Émerson me fala: a Town & Country é um veículo caro para ficar parado, mas seria mais caro ainda se estivesse parada e fosse de um dono só", finaliza Flávio, que também pensa em compartilhar com o amigo um modelo conversível.
Já os amigos cariocas Fábio Vial e Claudio Pessoa compraram recentemente um clássico Chevrolet Opala de primeira geração de olho no possível lucro futuro de uma futura revenda. O carro foi registrado em nome de pessoa física, mas de nenhum deles: o Opala documentalmente é do filho de Fábio.
"O carro apareceu e pensei em investir. Chamei um amigo de confiança e falei: 'topa rachar despesas e depois o lucro, sempre meio a meio?'. Ele topou porque confia em mim e é um grande amigo", explica Vial.
"Durante a quarentena, o Opala ficou comigo. Ficou meses parado, acabou ficando sem bateria e já tivemos que comprar uma nova. Dividimos o valor ao meio. Mas é isso: cada um fica um pouco com o carro e vamos curtindo até que surja uma proposta maior do que o valor que investimos. Até lá, a gente divide tudo financeiramente, sempre meio a meio. Foi uma ótima oportunidade", completa.
Por fim, vamos contar a história dos primos Gabriel e Juliano Albiol, que dividem um Fiat Grand Siena 2013. Eles adquiriram o carro como pessoa jurídica, registrado no nome da empresa de Juliano. Porém, dividiram o valor da entrada pela metade, assim como cada parcela do financiamento - que terminou no fim de 2017.
"Comprei o carro no nome da empresa por causa do desconto e porque Gabriel trabalha comigo. Como moramos no mesmo prédio, não tivemos problema com logística. Dividimos absolutamente tudo, do combustível até o IPVA. Combinamos que o carro ficaria dois e depois três dias com cada um, mas se algum de nós precisasse dele em data específica, bastava avisar antes", conta Juliano.
A ideia aconteceu depois que o empresário concluiu que gastaria dinheiro demais para manter o carro sozinho. "Eu ia gastar com seguro, impostos, combustível e licenciamento todo ano, sendo que nem usaria tanto assim. Por isso pensei em 'dividir' com o Gabriel, já que ele poderia ter um carro novo pagando a metade do preço. No fim das contas, foi o melhor negócio que fizemos", conclui.



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