Preço bom, recheado de pacote de itens de série e ótimo espaço para família e bagagem. Esta é a receita que confere ao Lifan X60 o título de Masterchef de carro de origem chinesa mais vendido do Brasil – 1.693 foram emplacadas no acumulado de 2015 até julho, segundo a Fenabrave (Fcaptionação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).
Apesar de bem digerível para o público, toda receita precisa de uma atualização para que não fique enjoativa. O tempero mais evidente da linha 2016 foi colocado na grade, que trocou hastes horizontais pelos verticais. As lanternas traseiras também foram redesenhadas e ganharam linhas mais sutis em vez dos carregados e chamativos LEDs.
Mas o ingrediente que caiu bem mesmo foi a nova caixa de câmbio que teve suas relações reduzidas na primeira marcha, ré e relação final. Mais do que no desempenho, a medida melhorou o engate da manopla de câmbio, uma vez que a anterior bambeava até mesmo quando engatada.
Se a nova dosagem da transmissão foi aprimorada, o mesmo não pode ser dito em relação ao motor. Não que o propulsor de alumínio de 1,8 litro de 128 cv a 6.000 rpm seja amargo, mas é áspero, ruidoso e não dá liga com a direção em escalonamentos maiores – às vezes, é melhor reduzir da quinta para a terceira marcha em vez de passar pela quarta velocidade.
O pico de 16,8 kgf.m de torque surge tardiamente, aos 4.200 rpm, mas é capaz de levar bem o grandalhão de 4,32 metros de comprimento e 1.330 quilos.
O problema é que o prazo de validade do motor está vencido – entra em funcionamento somente com gasolina em quanto toda a concorrência partiu para os bicombustíveis. O argumento da Lifan é de que o bloco é econômico e que sua clientela nunca reclamou sobre o assunto. Entretanto, faltam dados oficiais sobre o consumo de combustível do carro e sabe-se que o etanol é mais vantajoso em diversas praças do País.
Outro atraso é a falta de disponibilidade de câmbio automático, demanda frequente dos consumidores de SUVs.
Mais um retoque estrutural está na suspensão em vista de aumentar o conforto uma vez que o calçamento aumentou para rodas de liga leve de 18 polegadas na versão completa VIP – a configuração de entrada mantém, por enquanto, rodas de aro 16”. Houve atraso no fornecimento do jogo de 17”, que é prejudicial ao consumidor.
O fato é que as alterações não modificaram o comportamento do carro, que continua molenga e pouco estável.
Também permanece pouco palatável a qualidade dos materiais de acabamento interno. Rebarbas são o de menos porque o que importa é a má qualidade de algumas peças que compromentem determinadas funções do carro. O exemplo mais nítido está no acionamento sistema de refrigeração. As peças giratórios são mal encaixadas e dificultam até mesmo saber se o ar-condicionado está ligado ou não.
A única mudança relevante na experiência interna do carro está na central multimídia, que agora é sensível ao toque. Apesar desta tecnologia estar mal calibrada, merece elogio a disponibilização de GPS, sensor de estacionamento e câmera de ré no componente.
Estes defeitos, porém, não parecem incomodar o consumidor que tem boa aceitação do X60 como um todo. Ele prefere considerar pontos positivos do carro como o bom conforto interno em consequência de amplo espaço para as pernas (são 2,60 m de entre-eixos), porta-malas de 405 litros, além dos bancos com forrados por couro sintético.
Certamente, o emprego de melhores materiais no SUV implicariam em prejudicar a melhor característica do carro: o preço. São pedidos os mesmos R$ 59.990 na versão Talent, que é recheada por ar-condicionado, direção hidráulica, faróis de neblina, sensor crepuscular, central multimídia e trio elétrico (travas, retrovisores e vidros).
A cobertura extra por mais R$ 4 mil na versão VIP inclui, além das rodas de 18 polegadas citadas anteriormente, e teto solar (item exclusivo no segmento).
Por fim, valem pontos positivos a garantia de cinco anos, assistência técnica 24 horas e a revisão a preço fixo.
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