Comprar uma motocicleta é sempre uma grande satisfação. Se for zero, melhor ainda. Mas como isso nem sempre é possível, uma moto usada em boas condições pode ser uma escolha inteligente e uma ótima opção. Porém é preciso ficar atento a alguns detalhes para ter certeza de que o negócio será bom.
Listamos, abaixo, os itens e os critérios que devem ser checados e levados em conta para que o comprador tenha certeza de não levar um problema para casa.
1. Gastos - Pense em quanto poderá gastar e inclua nessa conta não só a moto, mas também uma revisão imediata, taxas de transferência no Detran e eventuais custos com licenciamento, impostos atrasados e afins.
2. Garantia - Os preços em lojas ou concessionárias quase sempre são mais altos, mas existe a vantagem de se ter uma garantia - normalmente, de três meses para motor e câmbio. Ao comprar de particular, você provavelmente pagará menos, mas não há obrigação de garantia.
3. Quilometragem - Os quilômetros rodados não garantem nada: muitas vezes uma moto mais rodada está em melhores condições que uma igual, menos rodada. O que vale é o estado geral, a manutenção rigorosa e o cuidado que o futuro ex-proprietário teve. De qualquer maneira, vale pensar que ao pegar uma moto extremamente rodada, no futuro, com ainda mais números no hodômetro, sua revenda será ainda mais difícil.
4. Chassi - Verifique se os números de chassi, placa e Renavam conferem. Com estes números em mãos, aproveite e cheque os dados do proprietário atual, se o veículo está financiado (alienação fiduciária), se tem multas ou restrições ou passagem por leilão. Basta ir no site do Detran da sua região.
5. Teste - Hora de testar: dê partida com o motor 100% frio - tanto nas injetadas quanto nas carburadas. Nas injetadas, ao virar a chave na ignição, você vai ouvir um zumbidinho: são a bomba de gasolina e o bico injetor em funcionamento. Nas carburadas, é preciso abrir a torneira de gasolina e, eventualmente, puxar o afogador. Ambas devem pegar de imediato. Se o arranque "chorar" muito ("nhém-nhém-nhém"), a bateria pode estar em fim de vida, o que também é identificado com uma "caída" muito forte na intensidade das luzes-espia. Nas carburadas, se o motor demorar pra pegar, pode haver problema de regulagem ou mesmo no carburador.
6. Fumaça - Em funcionamento, o motor não deve exibir ruídos "metálicos", o que indica problemas ou folgas em componentes internos. Não se incomode com a fumaça que sai do escape, especialmente em dias frios, pois pode ser apenas condensação. Mas, se não parar depois de alguns minutos e se a fumaça for azulada, preocupe-se: o motor pode estar "fumando" (queimando óleo).
7. Óleo - Por falar em óleo, verifique o nível e a tonalidade. O lubrificante deve estar no nível certo. Se estiver muito claro, é novo, recém-trocado. Muito escuro, é óleo velho. E veja sua consistência: não pode estar muito grosso, quase uma graxa. Isso é claro sinal de desleixo.
8. Motor - Verifique a aparência geral do motor: se não há vazamentos de óleo, mesmo aqueles pequenos (o "merejo"), se parece já ter sido desmontado (marcas nos parafusos e porcas) e, ainda, a parte de baixo, onde fica o cárter - raspadas ali são normais, mas amassados não. Se tiver marca de solda, parta pra outra.
9. Pintura - A pintura da moto deve estar em estado condizente com seu ano e quilometragem. Moto antiga com muito brilho ou é raridade ou foi recém-pintada. Aí, investigue. Motocicletas com poucos anos e pintura brilhosa são normais, assim como as mais antigas com pintura um pouco queimada. Riscos e amassadinhos são aceitáveis e eventualmente entram na negociação do preço.
10. Pedaleiras - Verifique se o estado de comandos, pedaleiras e manetes são coerentes com o ano e a quilometragem. Manete torta indica tombo, assim como pedaleiras e comandos de freio e de marcha empenados. Pequenos riscos nas manetes e punhos são normais.
11. Cabos - Os cabos de acelerador e de embreagem não devem ter folga excessiva. A embreagem não pode estar "enforcada" nem "patinando" - sinais de câmbio desgastado. Verifique se os freios funcionam perfeitamente. Se não estiverem, pode ser sinal de que vão precisar de novas pastilhas e/ou lonas, sangramento do sistema (se for a disco) etc.
12. Banco - Banco de moto usada tem aparência de banco de moto usada. Não exija uma capa perfeita, a menos que a usada seja seminova. Mais uma vez, use o bom senso, e veja se o banco é coerente com a idade e a quilometragem da moto. Banco novo em moto bem usada pede uma investigação. Será que ela caiu?
13. Elétrica - É imprescindível que a parte elétrica da moto funcione corretamente. Teste luzes-espia, faróis alto e baixo, piscas dianteiros e traseiros, luz de freio com os dois acionamentos (mão e pé) e luz de placa. Qualquer mau funcionamento pode trazer despesas e dor de cabeça.
14. Acessórios - Quaisquer acessórios que tenham sido instalados na motocicleta devem respeitar as leis do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) - por mais estapafúrdias que possam ser. Um guidom seca-sovaco não pode passar da altura dos ombros, baús laterais não podem ultrapassar a largura do guidom e por aí vai. Até espelhos retrovisores têm legislação específica. Fique bem ligado nesse aspecto para não ter problemas depois, ao ser parado em uma blitz.
15. Ergonomia - Se possível, faça um test-ride na motocicleta desejada. É importante que você tenha certeza de que é aquilo que você deseja e que se adaptará ergonomicamente a ela. "Vestir bem" a moto é garantia de alegria na sua vida sobre duas rodas!