1º de abril: mentiras, lendas e mitos sobre motos

Aproveitamos a data para lembrar algumas das histórias, e equívocos mais comuns que cercam o mundo das motocicletas

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Roberto Dutra
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Hoje é 1º de abril, nacionalmente conhecido como o Dia da Mentira. Então resolvemos fazer uma brincadeira: listamos e comentamos as mais frequentes histórias, lendas e equívocos populares sobre motocicletas.

Selecionamos 10 histórias que são ouvidas com frequência por quem anda de moto, e mostramos quando tiveram origem. E se tem pelo menos algum fundo de verdade. Porque, cuidado: toda brincadeira pode ter um fundo de verdade...

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10 mitos e lendas sobre motos

1. Naftalina no tanque

A história de que botar naftalina no tanque de combustível faria o veículo andar mais e consumir menos é bem a cara do 1º de abril. Surgiu nos anos 1960 e 1970. Dizia-se que o naftaleno, ingrediente ativo da naftalina, aumentava a octanagem da gasolina brasileira, que na época era entre 60 a 80. Aí, a mistura do octano do motor com o naftaleno levaria esse número para 90 octanas, o que tornaria o desempenho do motor mais eficiente.

Thumbnail 1. Naftalina
Naftalina no tanque não melhora desempenho nem consumo do motor. Mantenha as bolinhas no armário
Crédito: divulgação
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Por outro lado, mecânicos alertam até hoje que o uso das bolinhas de naftalina pode entupir carburadores, injeções e filtros, além de causar outros males. Como hoje nossa gasolina tem no mínimo 92 octanas, é mais recomendável usar combustível de boa qualidade e deixar a naftalina no armário.

2. Borracha sob o descanso para a bateria não descarregar

O polo negativo da bateria da moto está ligado ao chassis. Outra digna de 1º de abril. Com o chassis aterrado ou não, ele continua sem ter qualquer influência num eventual descarregamento da bateria. Ou seja, botar borracha ou madeira sob o descanso para evitar o descarregamento da bateria não faz o menor sentido.

2. Descanso
Borracha embaixo do descanso não impede a bateria de descarregar: só serve para não arranhar o piso.
Crédito: Divulgação
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Se fizesse, o manual da sua moto recomendaria o procedimento ou o descanso já viria com um acabamento emborrachado, não é? A bateria da moto descarrega por falta de uso ou por "percurso condutor" - ou seja, é preciso que seus dois polos estejam em operação para fechar uma corrente de descarga. E isso não acontece simplesmente pelo descanso estar em contato com o solo.

3. Guidão alto cansa o braço

O guidão "seca-suvaco" é mais frequentemente usado nas motos custom. E quem já pilotou na estrada com um, de qualquer altura, percebeu que praticamente não segurou o guidão, mas apenas apoiou as mãos nele. Então, em teoria não cansa. Porém, eventualmente, esses guidões exigem que os braços fiquem mais esticados que o recomendável - e aí, se estiverem acima da altura dos ombros, podem cansar, sim. Dependerá, mesmo, da altura do piloto e do tamanho dos seus braços.

Thumbnail 3. Guidão Seca Suvaco
O guidão seca-suvaco pode ou não cansar - depende do tamanho do piloto. Mas altura excessiva pode gerar multa
Crédito: Divulgação
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Mas vale lembrar que o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) diz que a altura do guidão de uma moto não deve passar a altura dos ombros do piloto. Isso não está lá à toa: é uma lógica ergonômica. Guidões até a altura dos ombros permitem uma pilotagem mais segura em quaisquer condições e, acima disso, limitam os movimentos dos braços em curvas fechadas de baixa velocidade, em situações de emergência e até em manobras. No fim das contas, é uma escolha estética. Com risco de levar multa.

4. É vantagem usar pneu de carro na motocicleta

Eis aqui uma das maiores polêmicas dos últimos anos. O que defendem lembram que o custo de compra é bem mais baixo e a durabilidade, bem superior à de um pneu de moto da mesma medida. Os que reprovam o fazem em nome da segurança. Os dois lados têm suas razões. É possível usar pneu de carro em moto, principalmente em modelos custom, e com isso pagar menos da metade por uma quilometragem que pode ser o dobro.

Thumbnail 4. Pneu De Carro Na Moto
Usar pneu de carro na motocicleta realmente reduz os custos. No entanto, a segurança é inferior
Crédito: Montagem
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Porém, pneus de carros são "quadrados" e, na imensa maioria dos casos, inteiramente feitos com um único composto e com apenas uma "maciez". Já os pneus de moto são arredondados e, no caso dos modelos para motos grandes, chegam a ter dois ou três compostos para proporcionar respostas adequada em retas e curvas, quando as demandas são diferentes - sem contar que, por serem arredondados, terão maior área de contato com o piso nas curvas.

Pneu de carro na moto não fará muita diferença em situações normais e/ou cotidianas. Mas em um momento de exigência severa, lá no limite, fará diferença sim. É como usar uma pastilha de freio de baixa qualidade - ela vai resolver na condução tranquila, mas na emergência ou em situações extremas e adversas, não terá a mesma performance que uma pastilha de boa qualidade. A escolha é de cada um.

5. Pedaleiras do garupa abertas em viagens solitárias

Uma lenda estradeira diz que, se as pedaleiras do garupa estiverem abertas durante uma viagem sem acompanhante, espíritos malignos das estradas podem subir na garupa e fazer algum tipo de mal ao piloto. Então, as pedaleiras devem estar fechadas o tempo todo. Na dúvida...

Thumbnail 5. Pedaleiras Do Garupa Fechadas
Na dúvida, mantenha as pedaleiras traseiras fechadas e evite que espíritos malignos subam na garupa
Crédito: Divulgação
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6. O sino guardião

A lenda diz que o sino guardião tem o poder de aprisionar os maus espíritos que vagueiam pelas estradas, e que são responsáveis pela má sorte nas viagens. Normalmente os motociclistas o penduram na parte inferior do quadro da moto, próximo ao chão, para que seu tilintar seja ouvido pela estrada e afaste ou aprisione os tais maus espíritos.

Na história do sino guardião, vale principalmente a amizade que ele simboliza
Crédito: Divulgação
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Outros aspectos curioso dessa história: se alguém roubar o sino de outro motociclista, não terá proteção e ainda será amaldiçoado com todos os espíritos malignos que o sino aprisionou. Por fim, a lenda diz que o sino não pode ser comprado - deve ser dado ou recebido como presente para que ofereça a devida proteção. Mesmo quem não acredita na história deve saber de uma coisa: dar ou ganhar um sino guardião é sinal de forte amizade com outro motociclista.

7. O código biker

Há muito debate sobre um tal "código biker", que seria um conjunto de regras sobre irmandade, honraria e respeito (entre outros aspectos sempre muito nobres) que deveriam nortear as relações entre os motociclistas. Incluiria até um simpático "cumprimento biker" que deveria ser obrigatório quando dois motociclistas cruzam na estrada em sentidos contrários. Muitos dizem que nunca ninguém editou, leu ou viu o tal livro.

O "Código biker" existe: dois americanos escreveram o livro. Mas, segundo o público de lá, é uma leitura dispensável
Crédito: Divulgação
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Mas ele existe: chama-se "The Biker Code - Wisdom for the ride" (Código Biker - Sabedoria para a Viagem, em tradução livre). Foi escrito pelos americanos Stuart Miller e Geoffrey Moss, editado em 2002 e as avaliações no site americano de vendas Amazon são desanimadoras. Como não tem tradução no Brasil, não perca seu tempo: no fim das contas, valem os conceitos que deveriam fazer parte de qualquer sociedade civilizada - como educação e gentileza, entre outros.

8. Passar marcha no tempo economiza embreagem

Essa não dá nem para considerar brincadeira de 1º de abril. Afinal, pode causar é prejuízo. Essa manobra não só não economiza, como pode causar danos. Quando a marcha é trocada sem a "permissão" da embreagem acionada - a famosa troca "no tempo" -, o acoplamento nunca acontece da forma suave como deveria. E isso, a longo prazo, causará danos no conjunto de embreagem da moto.

Trocar a marcha "no tempo" não traz benefícios à moto, e pode danificar o conjunto de embreagem a longo prazo
Crédito: Divulgação
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Uma opção é instalar um quickshifter na moto, se isso for possível. O dispositivo permite a troca da marcha em um tempo menor que o habitual, sem precisar acionar o manete da embreagem e sem aliviar o acelerador. Para isso, um sensor detecta a mudança iminente da marcha, a CPU processa os dados (tempo, pressão no seletor) e a ignição é cortada momentaneamente. Isso reduz a carga na transmissão e permite que a marcha deslize e engate no lugar adequado - um processo que demora apenas milissegundos. Senão for possível botar o dispositivo, use a embreagem.

9. Amazonas e Kahena não quebram

Qualquer motocicleta quebra se não for bem cuidada. E isso inclui as icônicas Amazonas e sua evolução, a Kahena. A primeira, da década de 80, e a segunda, da década de 90, tinham em comum o fato de usarem o mesmo motor Volkswagen 1.600 - aquele mesmo, do Fusca. Por isso, muita gente considera essas motos inquebráveis.

Apesar de equipada com motor Volkswagen 1.600, a Kahena não é inquebrável. Tem suas vulnerabilidades
Crédito: Divulgação
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Mas as motocicletas são muito mais do que apenas o motor, e as duas tinham lá suas vulnerabilidades. Então quem tem uma Amazonas ou uma Kahena, ou tem vontade de comprar uma das duas, precisa saber que terá que tomar os devidos cuidados - como faria com qualquer outra motocicleta.

10. Moto de determinada cor anda mais

Essa é daquelas 1º de abril bem escrachadas. Em nenhum caso isso vira verdade - nem na exótica moto da foto abaixo. A Harley-Davidson vermelha não anda mais que as Harley-Davidson de outras cores, a Yamaha Ténéré 250 azul não anda mais do que as Ténéré 250 de outras cores e a Suzuki Hayabusa branca não anda mais que as Hayabusa de outras cores. Se alguém afirmar isso... feliz 1º de abril!

Não existe nenhuma cor que faça a moto andar mais do que as outras. Nem pintando assim...
Crédito: Divulgação
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