20W50 ou 10W30? Qual é o melhor óleo para a moto?

Muita gente ainda usa o 20W50 mineral, mas o 10W30 semissintético também pode ser uma boa opção. Veja o porquê

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Roberto Dutra
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Qual é o melhor óleo para a sua moto? A resposta, claro, está no manual do proprietário: a recomendação é, sempre, usar o óleo que o manual indica.

Mas, com o tempo, as coisas mudam. O óleo 20W50 mineral tem sido, tradicionalmente, o mais usado por todo mundo que tem moto de baixa ou até média cilindrada. É um óleo conhecido, reconhecido pela eficiência, relativamente barato e está à venda em todo lugar.

Mas, com o tempo, algumas coisas mudaram. A Honda, por exemplo, adotou e tem recomendado o semissintético 10W30 em toda a sua linha mais recente. E até em casos nem tão novos: a Shadow 750, por exemplo, usava o 20W50 mineral nos modelos 2006 a 2010. Em 2011, passou a usar o 10W30 semissintético. Detalhe: o motor da moto não mudou até a moto sair de linha, em 2014.

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Fernanda Robeiro, Gerente De Produtos Da Iconic Ipiranga Texaco
Fernanda Ribeiro, gerente de produtos da Iconic - detentora da marca Ipiranga Lubrificantes
Crédito: Divulgação
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Para entender tudo isso melhor, e também pegar algumas dicas preciosas, conversamos com Fernanda Ribeiro, gerente de produtos da Iconic - detentora das marcas Ipiranga Lubrificantes e Texaco. Confira a seguir nosso bate-papo:

1. Quais as vantagens do óleo 10W30 semissintético sobre o 20W50 mineral?

O 10W30 semissintético exibe uma viscosidade mais baixa e, por isso, gera uma troca de calor melhor - muita gente não sabe, mas uma das funções do óleo, além de lubrificar, é trocar calor com o motor. Ao melhorar essa troca de calor, pode reduzir o consumo de combustível em 2% a 5%. Nas motocicletas de baixa e média cilindrada, que em sua maioria são refrigeradas a ar, o 10W30 semissintético ajuda bastante nessa troca térmica.

Outra vantagem é a proteção antidesgaste: o 10W30 semissintético tem uma aditivação maior, apesar de estar na mesma categoria API. Tem matérias-primas melhores e permite trocas em intervalos maiores. Nas motos de baixa cilindrada, a troca pode ser feita em até 3 mil quilômetros, tranquilamente. Já o óleo 20W50 mineral deve ser trocado em intervalos menores - às vezes até a cada mil quilômetros.

O óleo 20W50 mineral é o mais usado em motos pequenas, mas nem sempre é o que compensa mais
Crédito: Divulgação
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2. Por que as vendas do 10W30 semissintético ainda não são tão expressivas quanto as do 20W50?

De fato, esperava-se vender mais. O mercado ideal seria de 20% do 20W50, mas o mercado real é 70% do 20W50. Esperávamos vender 75% de 10W30, mas a média é 30%. Acredito que falta de conhecimento por parte do consumidor final, que acredita que o 10W30 é muito fino, vai baixar e não vai proteger o motor. Mas ele não vai baixar e vai proteger. E acredito, também, que seja uma questão de custo, pois os consumidores costumam olhar bastante o preço. Mas, na conta, como o 10W30 semissintético exige trocas em intervalos maiores, isso equilibraria os custos. O 10W30 semissintético é mais caro que o 20W50, mas você vai trocar em intervalos maiores - às vezes, uma troca do 10W30 para três trocas do 20W50.

3. Motos que usam o 20W50 mineral habitualmente podem simplesmente mudar para o 10W30 semissintético sem problemas? Como fazer essa transição?

Recomendamos a quem usa o 20W50 mineral que, ao adotar o 10W30 semissintético, faça a primeira troca num intervalo de tempo menor - com mil quilômetros. Depois, a troca pode ser a cada 2 mil ou até 3 mil quilômetros, dependendo das condições de rodagem.

Com o óleo 10W30 semissintético, as trocas podem ser feitas em intervalos
Crédito: Divulgação
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4. Muita gente não troca o filtro de óleo em todas as trocas de óleo. Qual a recomendação nesse caso?

A recomendação é sempre trocar o filtro de óleo. Em todas as trocas de óleo. A função do filtro é segurar as impurezas. E se você coloca um óleo novo com um filtro sujo, você contamina o óleo novo com as impurezas do filtro usado.

4. Já falamos sobre intervalos nas trocas de óleo, mas existe alguma variação de acordo com o tipo de moto e o uso da moto, no uso do 10W30 semissintético?

O que recomendamos é seguir sempre o que está no manual da moto. As motos maiores, que têm refrigeração a água, exibem um equilíbrio térmico melhor. Nas motos com motores refrigerados a ar, é ainda mais importante seguir o manual. E nas motos de uso severo, é melhor reduzir um pouco esse intervalo entre as trocas - os manuais do proprietário, inclusive, costumam trazer essa recomendação.

A regra é clara: troque o filtro de óleo sempre que trocar o óleo do motor!
Crédito: Divulgação
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5. No que se refere à composição, o que significa, exatamente, mineral, semissintético e 100% sintético?

As composições seguem as determinações da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O óleo mineral é 100% de óleos básicos de origem mineral, que são divididos em grupos de acordo com sua qualidade. No caso, grupos 1 e 2. Já os sintéticos são fabricados com óleos básicos de grupos superiores - 3, 4 e 5. E os semissintéticos têm mistura destes grupos - 1 ou 2, e 3 ou 4. Além disso, os semissintéticos devem ter, pelo menos, 10% de óleo sintético na mistura.

Além disso, há os aditivos: no 10W30 semissintético, há detergente, antioxidante, dispersante e antiespumante, cada um com características específicas ou compostas. O dispersante mantém o motor limpo, fazendo com que as sujeiras não precipitem no motor e fiquem dispersas no óleo para serem retidas no filtro ou saírem na troca do óleo. Quando o óleo sai escuro, significa que está cumprindo a função. Vale lembrar que, na maioria das motos, o óleo também banha a embreagem - nos carros, é só para o motor. Então o óleo para moto tem que ter propriedades específicas. No carro, quanto menos atrito, melhor. Na moto, você tem atrito por causa da embreagem, e tem que ter esse atrito.

7. É verdade que parte dos óleos zero-quilômetro é composta por óleo reciclado?

Não necessariamente. O Brasil é um dos países mais evoluídos do mundo em circularidade - que é o processo de pegar o óleo velho, reciclar e transformá-lo em novo. Mas o óleo, ao ser usado, perde suas propriedades. Quando forma borra e afins, significa que virou outra coisa. Quando você tira e leva a um bom processo de "re-refino", você extrai as impurezas e o faz passar por um processo de purificação. Aí vira um óleo básico de grande qualidade. Mas é importante ressaltar que isso não entra em óleo semissintético.

Aqui no Brasil, a Petrobras faz o primeiro refino, de qualidade grupo 1. E temos a Lwart, que é a maior empresa re-refinadora do país e fornece óleos básicos de excelente qualidade. A Lwart entrega óleo básico grupo 2, que teoricamente é até melhor. No fim das contas, para o consumidor, o mais importante é a escolha de um produto de boa qualidade, vindo de uma empresa séria.

Além de usar óleo de boa qualidade, vale a dica: verifique o nível uma vez por semana
Crédito: Reprodução da internet
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8. Pode-se usar um óleo "acima" do especificado no manual do proprietário?

O ideal é tentar não mudar o índice de viscosidade. Se o motor usa 20W50, use este, e assim por diante. Quando se leva em conta as outras características - por exemplo, se é mineral, semissintético ou sintético - aí você pode usar um superior, mas sempre mantendo a viscosidade. E também é preciso atenção à classificação: se você usa um óleo com classificação SJ, por exemplo, pode usar um com classificação superior. Um SL, por exemplo. Mas nunca um com classificação inferior.

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