A Honda lançou, oficialmente, a linha 2025 da XRE 190. O modelo já até aparecia no site oficial da marca no Brasil, mas somente agora foi apresentado oficialmente à imprensa. E fomos a Indaiatuba (SP) conhecê-la de perto.
Muita gente critica a XRE 190, a ponto de dizer que esse modelo nem deveria existir. Afinal, embora seja posicionada entre a NXR 160 Bros e a XRE 300 Sahara, fica bem mais próxima da primeira - em especificações e preços.
No geral, os brasileiros que gostam de reclamar costumam dizer que a XRE 190 é apenas "uma Bros um pouco melhorada e com motor pouca coisa maior". Quer saber? Eles têm razão. Mas isso não é demérito e, pelo contrário, é aí que residem as peculiares virtudes dessa moto.
A XRE 190 é uma Bros melhorada? Sim. Só que são upgrades que fazem diferença. No design a XRE 190 sempre foi mais bonita, encorpada e elegante. Nesta linha 2025, o visual ficou mais bacana, com carenagens encorpadas, farol bonito e um aspecto geral mais sofisticado.
A moto ainda ganhou novo banco mais anatômico, iluminação full-LED, painel de instrumentos blackout mais completo, novo escapamento, novas alças de garupa, pedaleiras do garupa em alumínio, tomadinha USB-C e suspensão dianteira com telescópios de 33 mm (antes, tinham 31 mm).
A Bros, embora seja uma excelente moto e ótima opção de trail de baixa cilindrada que topa tudo, sempre foi magricela e com aparência de moto espartana. E, mesmo na linha 2025, que também teve melhorias, ainda mantém essa impressão.
Ou seja, mesmo levando-se em conta que ambas compartilham, veja só, vários componentes - caso de rodas e chassi, entre outros -, no visual a distância entre as duas aumentou.
Na condução, a XRE 190 também sempre foi melhor. Mais agradável e gostosa de pilotar, e um pouco mais confortável. E, também, mais "sólida", dando ao piloto a sensação de estar conduzindo uma moto mais encorpada.
Na Bros, a sensação é de estar pilotando uma moto levíssima, bem básica e até frágil - coisa que, claro, sabemos que não é. Mas que parece, parece. Novamente há uma boa distância entre as duas.
Na mecânica, as duas são próximas - até porque o motor de 160 cm³ da Bros "deu origem" ao de 190 cm³ da XRE. É o mesmo motor, apenas com capacidade cúbica aumentada.
Na Bros, o monocilíndrico flex, injetado e refrigerado a ar entrega 14,2/14,3 cv de potência a 8.000 rpm e 1,44/1,45 kgf.m de torque a 5.500 rpm (gasolina/etanol).
Na XRE 190, são 15,9/16 cv de potência a 8.000 rpm e 1,65/1,66 kgf.m de torque a 6.000 rpm (gasolina/etanol).
Mas esses números tão próximos fazem diferença? Sim, fazem. Porque, na cidade, no anda-e-para, qualquer torque a mais faz diferença. E na estrada qualquer pocotó a mais, principalmente em giros altos, também muda a sua vida.
Nesse meu test-ride com a XRE 190 2025, aliás, peguei bastante estrada. E vi uma moto desinibida, que responde com vigor - dentro de suas limitações, claro -, e que chegou a 120 km/h sem parecer que vai explodir. Porém, acima disso, em velocidade real, só nas descidas, com vento a favor e se o segundo sol chegar para realinhar as órbitas dos planetas.
Sob condução civilizada, porém até forte e buscando diversão, a XRE 190 não mostrou ruídos do motor ou vibrações excessivas. Me incomodaram apenas o banco, que apesar de mais anatômico continua duro, e o ruído aerodinâmico do ar passando pelos vincos da nova carenagem, que é relativamente larga. Num primeiro momento cheguei a pensar que era aquele "rrrrrrrrr" de rolagem dos pneus mistos no asfalto. Mas não era.
Além desses dois aspectos, é preciso falar do novo painel blackout: assim como em outros modelos da Honda, é bonito mas tem a visibilidade prejudicada em certas situações: sob sol forte, com acúmulo de poeira ou simplesmente se o piloto estiver de óculos escuros.
Fora isso, nada a ponderar. A XRE 190 anda bem, curva bem, freia bem e transmite prazer na pilotagem - algo que a Bros, uma moto valente, mas de "batalha", efetivamente não consegue.
Agora vamos aos preços. A NXR 160 Bros 2025 custa, atualmente, R$ 20.490 com freios CBS e R$ 21.390 com ABS. Já a XRE 190 linha 2025 parte de R$ 22.006 na versão standard e R$ 22.496 na versão Adventure, que se diferencia apenas pela cor cinza e por grafismos exclusivos.
Então, se você comprar a XRE 190 standard, de R$ 22.006, vai pagar meros R$ 616 por uma moto realmente superior. Aliás, porque esses R$ 6, dona Honda?
A que conclusão chegamos? Que sim, vale a pena pagar um pouco a mais pela XRE 190 - e você levará para casa uma moto mais bonita, elegante, completa e potente. A diferença nos preços é menor do que a diferença entre as motos.
Naturalmente para quem vai comprar uma moto para trabalhar em delivery ou entregas variadas a NXR 160 Bros é melhor opção. É mais barata e sua manutenção também tem custo um pouco mais baixo.
Mas quem pensa em uma trail de uso misto de baixa cilindrada apenas para mobilidade urbana e/ou lazer, a XRE 190 é bem mais interessante.
Já quem quer uma trail de uso misto com desempenho mais forte deve investir na XRE 300 Sahara, que obviamente é mais cara - parte de R$ 28.170 - mas já encara estradas com mais desenvoltura do que a dupla Bros/XRE 190.
E, por fim, vale destacar que quem quer uma trail casca-grossa para andar na cidade ignorando buracos, valetas e quebra-molas, e também curtir umas estradinhas de terra e trilhas nos finais de semana deve esquecer isso tudo aí em cima e partir para a XR 300L Tornado 2025. É diversão garantida.



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