A cronologia foi a seguinte: em setembro de 2022, mostramos imagens da Ducati Diavel V4 em testes finais de rodagem. No mês seguinte, outubro de 2022, mostramos o lançamento da moto, lá na Itália. Em fevereiro de 2023, anunciamos a chegada da cruiser às lojas europeias e americanas. Em maio deste ano, revelamos que a moto estaria no Festival Interlagos, o maior evento de duas rodas do país. E duas semanas atrás, mostramos seu lançamento no mercado brasileiro, diretamente do evento.
Em resumo, esperamos um ano e meio para ver a nova geração da cruiser italiana, cuja primeira geração apareceu para o mundo pela primeira vez no Salão de Milão de 2010 e chegou às lojas europeias e americanas em 2011 - e, desde então, coleciona legiões de fãs em todo o mundo.
Não é para menos. Desde sua primeira geração, a Diavel encanta ao juntar um design incrivelmente belo e uma performance arrebatadora. Agora, além de vê-la ao vivo no Festival Interlagos, também pudemos dar umas voltas no autódromo homônimo e ver como a fera se comporta.
Nesta nova geração, o motor é o Granturismo que já conhecíamos de outros dois modelos da Ducati - a superbike Panigale V4 e a naked Streetfighter V4 - e que também passou a ser usado em algumas versões da big trail Multistrada.
Esse motor entrega incríveis 215,5 cv de potência com 13 kgf.m de torque na superbike. Mas, na Diavel, a calibragem é outra - mais condizente com a proposta da moto, indicada para passeios tranquilos por estradas bem asfaltadas.
Mas "tranquilos" também pode ser uma licença poética. Afinal, o motor de 1.158 cm³ em quatro cilindros em V fornece 168 cv de potência e 12,8 kgf.m de torque na Diavel. É preciso muito controle ao guidão para resistir à tentação de explorar todo o potencial da moto.
Claro que no autódromo não temos as mesmas limitações de velocidade do "mundo lá fora". Mas, com uma moto como a Diavel V4, também não convém abusar. Afinal, é uma cruiser, não uma esportiva. Ou seja, uma moto baixa, comprida e sem proteção aerodinâmica.
Claro que apertamos um bocado o acelerador, mas focamos mais no conjunto. E o que essa Diavel V4 entrega é impressionante. A geração anterior já oferecia uma pilotagem excelente, mas perto dessa nova geração parece uma moto de 20 anos atrás.
A nova Diavel V4 é receptiva desde o momento em que se monta nela. A posição de pilotagem é agradável e tudo parece estar no melhor lugar - do guidão às pedaleiras, passando por comandos e o novo painel com telinha de TFT, que é lindo, muito visível e cheio de recursos e ajustes.
Reside aí, aliás, o único ponto complicado da moto: para fazer os setups possíveis, é preciso treinar o uso do painel e dos botões que selecionam e confirmam as escolhas. Nada que um pouco de convívio não resolva, mas de primeira é bem complicado.
Me limitei a escolher o modo de condução "road" - estava em sport - e parti pra pista. Já nas primeiras dezenas de metros, que incluem o "S" do Senna, no final da reta dos boxes, fiquei impressionado com a maneabilidade da moto e a sensação de leveza que transmite: não parece ter 223 quilos - a seco, pois em ordem de marcha e com piloto, passa dos 300 quilos.
A Diavel V4 faz as curvas com tranquilidade e não exige que o piloto faça muita força nas inclinações. Isso apesar dos pneus Pirelli Diablo Rosso III (excelentes, por sinal) nas medidas 120/70 R17 na frente e, principalmente, o larguíssimo 245/45 R17 atrás.
Não é, definitivamente, daquelas motos que exigem cuidados especiais nas curvas, devido ao comprimento ou ao entre-eixos compridos - 2,30m e 1,59 m, respectivamente. A distância mínima do solo é de apenas 13 cm, então é preciso algum cuidado para não raspar as pedaleiras no chão.
Na hora de acelerar, mesmo no modo de condução "road", que não é o mais nervoso, a Diavel V4 responde de forma extremamente vigorosa. E, sim, requer alguma atenção do piloto para se segurar ali em cima.
Nota do autor: durante meu test-ride, um outro piloto, em outra Diavel V4, ficou bem para trás. Ao parar nos boxes, me disse que "ficou com medo da moto". Estava no modo sport...
Ficar ali em cima, porém, nem é tão difícil: além da ergonomia bem planejada, o banco é bem anatômico e a parte traseira inclinada para cima vira uma espécie de encosto que ajuda bastante nisso.
As suspensões também ajudam na dirigibilidade dessa italiana. Os telescópios invertidos na frente e o monochoque traseiro com balança monobraço transmitem a sensação de se estar flutuando sobre o asfalto - pelo menos na pista lista do autódromo, claro.
A falta de proteção aerodinâmica naturalmente torna desconfortável rodar em velocidade extremamente alta. Mas até os 140 km/h é possível rodar sem desconforto. Acima disso, o piloto começa a brigar com o vento.
Já no final de nosso test-ride aproveitei para dar umas alicatadas mais fortes nos freios. O conjunto Brembo Stylema com duplo disco de 330 mm na frente somado ao Brembo de com disco simples de 265 mm atrás deu conta do recado com muita eficiência e se sustos.
Susto na Diavel V4, por sinal, só se o piloto vacilar muito. Além do conjunto sólido, a moto tem muita eletrônica para ajudar contra barbeiragens. Estão lá ABS otimizado para curvas e controles eletrônicos de tração, estabilidade, antiempinamento e de largada, além de controle automático de velocidade e quickshifter bidirecional, entre outros.
Encostei a moto nos boxes para dar uma última analisada visual. Mais que uma máquina de altíssimo nível, a Diavel V4 também é uma moto belíssima, com um design que une agressividade e bom gosto e muitos detalhes estéticos que merecem ser apreciados atentamente - e que certamente a tornam o centro das atenções por onde passa.
Fui embora com a certeza de que, se tivesse possibilidade orçamentária, a Diavel V4 seria a segunda Ducati que eu teria na garagem (a outra seria a minha queridinha Scrambler). Mas, para quem pode pagar R$ 139.990 em uma moto, é preciso admitir: é um valor absolutamente condizente com tudo o que essa Ducati Diavel V4 oferece.



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