A Honda NXR 160 é uma das motos mais importantes do mercado brasileiro. Já tem mais de 20 anos de estrada (foi lançada em 2003), é o quarto modelo mais vendido do país - atrás apenas de CG 160, Biz e Pop 110i - e, somente este ano, já somou quase 140 mil emplacamentos. Desde seu lançamento, já teve mais de 3 milhões de unidades vendidas.
Sucesso inquestionável do modelo, que nasceu para ser uma versão trail da líder de mercado CG, mas foi muito além disso. Hoje a Bros é usada não só em rincões interioranos, mas também em fazendas, onde substitui cavalos, e na cidade, onde é uma ótima opção para a mobilidade urbana e para a turma que trabalha com delivery - inclusive por ser tremendamente econômica, como veremos adiante.

Aliás, isso é algo que sempre me intrigou: por que essa turma que rala o dia inteiro em cima da moto ainda prefere usar a CG, em vez da Bros? Afinal de contas na Bros o "resultado" será o mesmo em desempenho e consumo, mas com o "plus" do conforto das suspensões mais altas e macias. Provavelmente é uma questão de custos de aquisição e manutenção, já que a Bros é um pouco mais cara do que a CG e alguns componentes, como os pneus, também são mais caros. Enfim...
Pois a Bros chegou à linha 2025 e fomos à pacata e agradável localidade de São Luiz do Paraitinga (SP) para um test-ride severo, que botou à prova a motoquinha e suas melhorias recém-chegadas.
A lista de novidades não é muito extensa, mas é importante. Confira abaixo, objetivamente:
O design da moto foi todo renovado e deixou o modelo, efetivamente, mais bonito e moderno. Antes um tanto sem charme, a Bros agora é uma trail de baixa cilindrada que desfila bonito. A moldura do farol é bacana e a nova capa do tanque - que agora é de metal e fica embaixo dessa capa - tem linhas agressivas e vistosas.
Na parte mecânica, as mudanças importantes são o freio dianteiro com ABS em uma das versões e as bengalas mais largas. Pode não parecer, mas 2 mm fazem uma certa diferença, tanto no comportamento da moto quanto na estética - agora a Bros não parece mais ter "canelas fininhas demais", como antes. O curso não mudou: continua em 18 cm. Atrás, no monochoque, são 15 cm de curso. Os dois pneus são Pirelli MT60, com câmaras.
O motor é o mesmo de antes. Apenas foi recalibrado para atender à norma Promot 5, que entrará em vigor em janeiro de 2025. É monocilíndrico, refrigerado a ar e flex, com 162,7 cm³, duas válvulas e comando simples. A potência máxima é de 14,3 cv com etanol e 14,2 cv com gasolina, sempre a 8.000 rpm. O torque máximo é de 1,45 kgf.m com etanol e 1,44 kgf.m com gasolina, a 5.500 rpm.
O câmbio de cinco marchas ganhou novo escalonamento na quinta marcha - que ficou mais longa para deixar a moto mais confortável em velocidades elevadas e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo. Outra novidade interessante é que o filtro de combustível passou a ser separado da bomba, para facilitar e baratear manutenções.
Nosso test-ride começou na área urbana de São Luiz do Paraitinga (SP), mas logo pegamos estradinhas de asfalto no entorno da cidade e, em certo ponto, fomos encarar um trecho com longos 40 quilômetros de terra.
No perímetro urbano, a Bros mostrou o de sempre: leveza, agilidade e muita adequação. É fácil de pilotar, relativamente confortável e a posição do condutor de fato melhorou - pernas e braços ficam bem relaxados.
Nas estradinhas de asfalto, onde a velocidade subiu, a Bros mostrou limitações. Não é exatamente uma moto potente e roda bem até os 90 km/h. Acima disso, vai, mas precisa fazer força. A quinta marcha alongada realmente reduz vibrações e ruídos, mas paga o preço com certa falta de força. Ou seja, você só vai usá-la em trechos livres e planos.
Na estrada de terra a Bros surpreendeu positivamente. Mostrou que é apta a encarar com eficiência buracos, valetas, pedras soltas e o que mais vier pela frente. Mas aí novamente a potência e o torque limitados fazem alguma diferença e é preciso usar bastante o câmbio para manter o motor "cheio". Não é uma moto para trilhas pesadas, é claro, mas resolve bem a proposta de ser uma "CG da roça".
Mas há um problema ao andar na terra: a visibilidade do painel de instrumentos do tipo Blackout (fundo escurecido), que já não é muito boa, fica extremamente prejudicada pelo acúmulo de poeira. E logo não se enxerga mais nada ali. É preciso limpá-lo com as mãos com frequência. Se não fosse Blackout, certamente seria mais visível. É a mesma deficiência vista no painel - também Blackout - da recém-lançada XR 300L Tornado.
Tudo isso com bastante economia de combustível. Lá no final do rolé, o painel marcava consumo médio de 45,2 km/l. E isso que várias vezes esgoelei o acelerador em marchas baixas - primeira, segunda, terceira - para superar o trajeto, que teve momentos bem severos. No dia a dia em uso normal, a Bros facilmente vai superar os 50 km/l - mais que os 47 km/l aferidos pelo Instituto Mauá e anunciados como consumo "extra-oficial".
Os pneus Pirelli MT60 de uso misto apresentaram boa aderência em todas as condições e o freio ABS dianteiro exibiu funcionamento perfeito, mesmo na terra. Com embreagem macia e câmbio justinho, as trocas constantes de marchas não cansaram.
O que cansou um pouco, mas lá no final do ride, foi mesmo o banco. É realmente anatômico, mas como não é tão macio sacrificou um pouco os quadris deste piloto. Mas vale ressaltar que foram cerca de sete horas e pilotagem, com intervalos apenas para fotos, hidratação e almoço.
Conclusão: o que era bom ficou, de maneira geral, melhor. Com isso, certamente a Bros continuará sendo um sucesso no mercado brasileiro. E por muito tempo: como o motor já está adequado ao Promot 5, poderá ficar em linha até, pelo menos 2030 - as fases do Promot mudam a cada cinco anos, em média.
As Honda NXR 160 Bros ABS e NXR Bros 160 CBS já estão à venda nas concessionárias Honda. A garantia é de três anos, sem limite de quilometragem, com óleo Pro Honda grátis em sete revisões (a partir da 3ª revisão). O intervalo de manutenção é de 6 mil quilômetros ou a cada seis meses após a primeira revisão - esta deve ser feita com mil quilômetros ou seis meses de uso. Os preços públicos sugeridos da Honda NXR 160 Bros linha 2025 são os seguintes:
Honda NXR 160 Bros CBS: R$ 20.490 - nas cores cinza ou vermelha
Honda NXR 160 Bros ABS: R$ 21.390,00 - nas cores preta e vermelha