Bajaj: a próxima potência em motos no Brasil?

Marca passa a soldar e pintar chassis no país e, com isso, aumenta muito sua capacidade produtiva. Entenda o processo

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Roberto Dutra
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Não é de hoje que falamos aqui no WM1 sobre o crescimento exponencial nas vendas da Bajaj no mercado brasileiro de motocicletas. A indiana é a fabricante de motos que mais cresce no país - no acumulado deste ano, até agosto, o volume de vendas de 16.794 unidades foi nada menos que 216% maior que no mesmo período do ano passado, quando emplacou 5.316 unidades.

Aliás, em agosto último a marca bateu seu recorde de vendas mensal, com 2.759 unidades entregues, o que representou um crescimento de 15% em relação a julho - até então melhor mês da marca no país, com 2.406 unidades. Para completar, este mês a Bajaj projeta emplacar cerca de 3 mil unidades, volume que deverá ser um novo recorde.

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Motos prontas para embarque na fábrica da Bajaj em Manaus (AM): vendas crescem de forma acelerada
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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O caro leitor pode considerar que são números modestos diante dos registrados habitualmente pelas duas maiores marcas presentes no país - a Honda emplaca cerca de 120 mil motos por mês no Brasil, enquanto a Yamaha entrega pouco mais de 28 mil (números de agosto).

São mesmo, mas o importante aqui é ver como a Bajaj cresce de forma incrivelmente rápida, e em pouquíssimo tempo. E projetar até onde poderá chegar.

Vendas da Bajaj cresceram de forma acelerada

A marca começou suas operações no Brasil em dezembro de 2022 e começou a vender, de fato, em 2023. Em apenas 32 meses (cerca de dois anos e meio) saiu de menos de 200 unidades emplacadas para quase 3 mil. Hoje, já contabiliza mais de 33.500 motos vendidas no mercado brasileiro - isso com um line-up bem enxuto, que hoje tem cinco modelos.

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A marca já inaugurou 50 concessionárias e tem mais 15 na alça de mira - duas na região Sul, em Novo Hamburgo (RS) e Londrina (PR); seis no Sudeste, em Niterói (RJ), Campo Grande (RJ), Ipatinga (MG), Belo Horizonte (MG), São bernando do Campo (SP) e São José do Rio Preto (SP); cinco no Nordeste, em Quixadá (CE), Fortaleza (CE), Juazeiro do Norte (CE), Itabuna (BA) e Parnamirim (RN); uma na região Norte, em Ananindeua (PA) e mais uma no centro-Oeste, em Cuiabá (MT).

A Bajaj já tem 50 concessionários espalhados pelo Brasil
Crédito: Divulgação
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É muita coisa para pouco tempo, e isso mostra que a Bajaj não veio ao Brasil a passeio - algo que já ressaltamos aqui no WM1 várias vezes. Pelo contrário: a marca, que está presente em mais de 100 países e é uma das maiores fabricantes de motos do mundo, pretende crescer e aparecer ainda mais por aqui - e tem tudo para se tornar uma nova potência no mercado brasileiro de motos.

"Nosso crescimento no Brasil tem superado todas as expectativas", comemora Waldyr Ferreira, diretor da Bajaj do Brasil.

Atualmente a Bajaj é a sétima marca que mais vende motos no Brasil. Está atrás de Honda, Yamaha, Shineray, Mottu, Avelloz e Royal Enfield. Mas, pelo andar das operações, tem grandes chances de subir nesse ranking. Para isso, acaba de dar um novo e importantíssimo passo: aumentou sua capacidade de produção no país.

A fábrica da Bajaj em Manaus (AM) apronta uma moto a cada 3min40
Crédito: Divulgação
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Como a Bajaj aumentou a capacidade de produção

Explicamos: a Bajaj opera no sistema Completely Knock Down (CKD) - ou seja, as motos chegam da Índia completamente desmontadas e são montadas em Manaus (AM). Nesse formato, o "teto" de produção permitido é de 20 mil unidades anuais.

Este ano, até agosto, a Bajaj produziu em Manaus (AM) exatamente 19.545 motocicletas. É um volume próximo ao limite anual projetado inicialmente.

Esse limite é determinado não só pelas instalações fabris, claro, mas também - e principalmente - pelo complexo conjunto de regras do chamado Processo Produtivo Básico (PPB) que as marcas devem obedecer para ter direito às isenções tributárias do Polo Industrial de Manaus (PIM).

Agora, porém, a marca passou a fazer mais operações locais - especificamente, solda e pintura dos chassis das motos. Com isso, cumpre mais etapas do PPB e ganha uma "pontuação" que lhe permite produzir até 60 mil unidades anuais.

Os chassis vinham prontos da Índia, mas agora passam a ser soldados e pintados em Manaus (AM)
Crédito: Divulgação
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Veja mais:

Investir em produção de motos no Brasil exige determinação

Como quase tudo no Brasil, essas regras parecem ser feitas para complicar, e não para facilitar. Mas é assim que as coisas são, e com um aspecto a mais para complicar: tudo isso acontece em Manaus (AM), cidade no meio da Amazônia cujo acesso é feito basicamente por hidrovias.

Sim, as peças que chegam às fábricas de motos em Manaus (AM) são transportadas em balsas que partem de Belém (PA). E, depois, as próprias motos, prontas, são enviadas de volta em balsas para a mesma cidade, para na sequência serem distribuídas pelo país. Sem dúvidas é preciso ter muita disposição, determinação e coragem para investir na produção de motos no Brasil.

A Bajaj teve tudo isso e agora aumenta a produção com o objetivo de crescer ainda mais e se consolidar como uma força no mercado brasileiro de motocicletas.

"A expansão da capacidade produtiva reforça nosso compromisso de longo prazo com o mercado", define Waldyr Ferreira, da Bajaj.

A soldagem dos chassis das motos da Bajaj passou a ser feita por robôs nas instalações da BendSteel
Crédito: Divulgação
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Parcerias foram vitais para o novo passo

O aumento na produção é consequência do fechamento de duas parcerias. Uma foi com a Bendsteel Estamparia da Amazônia, que fará a solda e o acabamento dos chassis das motos.

A empresa, que faz parte de um grupo que iniciou suas atividades em 1986 e está presente na Zona Franca desde 2009, tem know-how do assunto: já presta o mesmo serviço para outras marcas, como a Yamaha.

Para soldar os chassis da Bajaj, a Bendsteel abriu um novo espaço (galpão), equipado com robôs Panasonic G4 de última geração importados pela própria Bajaj - e que custam R$ 5 milhões cada.

A soldagem dos chassis passa a ser feita por robôs, mas o acabamento ainda é feito por colaboradores
Crédito: Divulgação
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A outra parceria foi fechada com a Galvasistem, que fará a pintura dos chassis. Fundada em abril de 2008, a empresa é especializada em galvanoplastia e KTL (pintura por deposição eletrolítica, método que fornece proteção anticorrosão e é ambientalmente responsável). A Galvasistem é a única do segmento instalada em Manaus (AM) com essa tecnologia disponível.

Esta parceira terá processos dedicados à produção da Bajaj e está equipada com laboratório próprio para análises químicas. Além disso, tem instrumentos para testes de corrosão e camadas, o que garante qualidade e durabilidade ao processo.

Produção passa a ser em três frentes

Então, de certa forma, a produção da Bajaj passa a ser feita em três unidades: soldagem dos chassis na Bendsteel, pintura dos chassis na Galvasistem e finalização das motos na linha de montagem da própria Bajaj.

A planta da marca indiana foi inaugurada em junho de 2024, e naquele primeiro ano produziu 9.004 motos. Este ano, como citado, já fez 19.545 unidades em oito meses. Atualmente, a fábrica de Manaus (AM) apronta uma moto a cada 3min40.

Depois de soldados na BendSteel, os chassis são pintados e tratados nas instalações da Galvasistem
Crédito: Divulgação
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Bajaj já investiu US$ 22 milhões no Brasil

A Bajaj investiu, inicialmente, cerca de US$ 12 milhões (aproximadamente R$ 65 mi) para operar no mercado brasileiro. Recentemente, a matriz indiana aprovou um aporte adicional de US$ 10 milhões (cerca de R$ 53 milhões) para viabilizar a expansão.

Com os novos investimentos e parcerias, a fábrica passa a ter capacidade de fazer 200 motocicletas por dia, aumentando sua capacidade para até 48 mil unidades por ano.

Na fábrica de Manaus são realizados processos como preparação de kits, montagem dos motores e das motocicletas, controle de qualidade, embalagem e expedição. Neste momento muda a questão dos chassis, que vinham prontos de fora e agora passam a ser soldados e pintados aqui. Atualmente, a unidade tem cerca de 200 colaboradores.

Nessa nova fase, a Bajaj poderá produzir até 60 mil motos por ano em Manaus (AM)
Crédito: Divulgação
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Operação no Brasil é com subsidiária

Enquanto em outros países da América do Sul a Bajaj opera por meio de importadores e distribuidores, no Brasil a marca tem uma subsidiária própria.

Isso faz muita diferença: importadores e distribuidores podem desistir do negócio de uma hora para outra, e em pouco tempo quem comprou motos daquela marca fica com pós-venda limitado - ou, às vezes, sem nenhum.

Quando há uma subsidiária, que faz parte da empresa e responde diretamente à matriz, a coisa é diferente - e melhor. Um bom exemplo disso está no pós-venda da Bajaj: a marca tem, em estoque, mais de 721 mil itens - sendo quase 3 mil Stock Keeping Units (SKUs), ou Unidades de Manutenção de Estoque, diferentes.

Depois de pronta, cada moto feita na fábrica da Bajaj em Manaus (AM) é testada individualmente
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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Nota da redação: SKU é o código alfanumérico único que identifica e gerencia um produto específico no estoque, diferenciando-o de outras variações do mesmo item (como cor, tamanho ou modelo).

É fato que o pós-venda da Bajaj andou recebendo críticas, que inclusive se espalharam no território quase livre da Internet. Mas a momentânea falta de alguma peça é algo normal nas concessionárias de uma marca ainda tão nova no país.

E, acredite, absolutamente todas as marcas, mesmo as mais antigas,já passaram pelo mesmo problema em algum momento. E, óbvio, as marcas novas, para cujas motos ainda não existem as chamadas "peças paralelas" - ou não originais - sofrem mais com isso.

A Dominar 400 é a moto mais vendida pela Bajaj no mercado brasileiro
Crédito: Divulgação
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Modelos Bajaj à venda no Brasil

Atualmente, a Bajaj vende cinco modelos no mercado brasileiro: a Pulsar N150, a Dominar NS160, a Dominar NS200, a Dominar 250 e a Dominar 400.

Todas são montadas em Manaus (AM). Em breve a marca lançará mais uma - a NS400, uma naked com visual esportivo que usa o mesmo conjunto de chassi e motor da Dominar 400.

Aliás, a Dominar 400, modelo mais caro da Bajaj, atualmente, é a moto mais vendida pela marca. O motivo é simples: tem excelente custo-benefício. Confira abaixo os preços das motos da marca no Brasil, em setembro de 2025:

  • Pulsar N150 - R$ 16.300
  • Dominar NS160 - R$ 18.150
  • Dominar NS200 - R$ 20.900
  • Dominar 250 - R$ 23.000
  • Dominar 400 - R$ 26.500
  • Onde estão as concessionárias da Bajaj no Brasil?

    Até a última atualização, em agosto deste ano, a Bajaj tem concessionárias nas seguintes cidades: Campinas (SP), com duas lojas; Guarulhos (SP); Jundiaí (SP); Osasco (SP); Piracicaba (SP); Ribeirão Preto (SP); Santo André (SP); Santos (SP); São Paulo (SP), onde a marca tem seis lojas; Sorocaba (SP); Belo Horizonte (MG); Juiz de Fora (MG); Rio de Janeiro (RJ); São João de Meriti (RJ); Serra (ES); Vitória (ES); Campo Grande (MS); Dourados (MS); Goiânia (GO); Taguatinga (DF); Curitiba (PR); Florianópolis (SC); Itajaí (SC); Joinville (SC); Porto Alegre (RS); Belém (PA); Macapá (AP); Manaus (AM); Marabá (PA); Aracaju (SE); Arapiraca (AL); Caruaru (PE); Feira de Santana (BA); Fortaleza (CE); João Pessoa (PB); Maceió (AL); Mossoró (RN); Natal (RN); Parnaíba (PI); Petrolina (PE); Recife (PE); Salvador (BA); São Luís (MA) e Teresina (PI).

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