As motos custom ainda respondem por uma parcela bem pequena das vendas totais no mercado brasileiro - pouco mais de 1%. Mas, nos últimos anos, novos modelos chegaram ao país e deram uma certa impulsionada no segmento.
Quase todas, inclusive, têm registrado bons volumes de vendas, proporcionalmente. Caso das Royal Enfield Super Meteor 650 e Shotgun 650, e também da Kawasaki Eliminator 500 - que veio fazer companhia à Kawasaki Vulcan 650 S, que é quase uma veterana mas continua firme e forte.

Isso sem contar os modelos menores e mais baratos, como Royal Enfield Meteor 350 e Classic 350, que somam volumes maiores. E até mesmo lá no alto da pirâmide as caríssimas Harley-Davidson, cujos volumes de venda são modestos - mas todas que chegam às lojas são comercializadas.
Vale ressaltar ainda que, fora do mercado de motos zero-quilômetro, o segmento de motos custom usadas é permanentemente aquecido. Modelos como as Honda Shadow 600 e 750, a Yamaha Drag Star 650, Kawasaki Vulcan 650 S (que ainda está em linha zero-quilômetro) e até as Dafra Horizon 150 e 250, entre muitas outras, têm liquidez permanente.
No meio disso tudo, porém, há uma custom que, curiosamente quase não é lembrada por ninguém: a Triumph Bonneville Speedmaster 1200. E parece que nem mesmo pela Triumph: desde seu lançamento por aqui, no final de 2022, a marca inglesa jamais divulgou ou badalou a moto. E, ainda por cima, o modelo chega às lojas em volumes discretos.
É uma pena, pois é uma moto bonita, forte e com preço competitivo. Custa iniciais R$ 67.890 - valor acima do pedido pelas Royal Enfield 650 e pela Kawasaki Eliminator 500 ou Vulcan 650, claro, porém bem inferior ao cobrado pelas Harley-Davidson, cujo modelo mais barato já custa mais de R$ 100 mil. Aliás, qualquer Harley-Davidson usadinha em estado razoável, que não seja a Sportster 883, já custa mais de R$ 50 mil...
Ou seja, a Bonneville Speedmaster 1200 está sozinha num espaço do mercado. Tem motor grande quase como os das americanas, mas o preço aproxima-se do cobrado pelas japonesas. A Kawasaki Vulcan 650 S, por exemplo, começa em R$ 52.150 na versão standard e parte de R$ R$ 55.150 na versão S Cafe, que tem a mais apenas alguns detalhes de pintura e bolha para-brisa.
Já Eliminator 500 começa em R$ 40.490 na versão standard e em R$ 41.490 na versão SE. Claro, a distância é maior, mas aqui estamos falando de uma moto bem mais modesta, com motor bicilíndrico de 500 cm³. As Royal Enfield, por sua vez, ficam na faixa dos R$ 35 mil. Têm ótimo custo benefício, mas também vale ponderar que usam motores bicilíndrico de 650 cm³ refrigerado a ar, com pouco menos de 50 cv de potência.
Pois é. A Triumph Bonneville Speedmaster é uma 1200. O motor também é bicilíndrico, mas com sua capacidade cúbica bem maior, refrigeração líquida - que implica em eficiência térmica superior - oito válvulas e comando simples, entrega 78 cv de potência a 6.100 rpm com 10,6 kgfm de torque a 4.000 rpm.
Outras especificações importantes da Speedmaster são o câmbio com seis marchas, a suspensão dianteira Showa com 47 mm de diâmetro, a suspensão traseira RSU monochoque com ajuste de pré-carga, e os freios com disco duplo Brembo na frente e disco simples Nissin atrás - ambos com ABS.
A moto ainda tem acelerador eletrônico, controle de tração, dois modos de condução - Road e Rain, iluminação full-LED, luz de rodagem diurna também de LED, controle de cruzeiro (piloto automático). Ou seja, tudo de alto nível.
Além disso tudo, a Speedmaster 1200 tem intervalos de manutenção de longos 16 mil quilômetros ou 12 meses. E, para completar, a Triumph disponibiliza uma interessantíssima linha de acessórios para a moto - funcionais e estéticos.
Aliás, falando em estética... Que moto bonita! É baixa, comprida e musculosa, e ainda exibe bancos do piloto e do garupa separados, alça cromada traseira, belas rodas raiadas e farol e lanterna redondos, como manda o figurino custom clássico. Para completar, o escape pe duplo - um de cada lado da moto.
Moto perfeita? Claro que não, isso não existe. Com 263 quilos em ordem de marcha, a Speedmaster tem pneu dianteiro gorducho, com medida 130/90 R16, que deixa a frente da moto um tanto pesada (o traseiro é um adequado 150/80 R16).
Também jogam contra o painel um tanto discreto e ainda analógico, o guidão largo e baixo e o diminuto banco do garupa, pouco adequado a viagens. O tanque pequeno também é um ponto negativo: leva apenas 12 litros - mas a Triumph diz que a moto faz média de 21,7 km/l, então a autonomia é de razoáveis 260 quilômetros. Ou seja, nada imperdoável ou que não seja resolvível.
Em resumo, a Triumph Bonneville Speedmaster 1200 merecia mais atenção do público que curte motos custom - e também da própria Triumph, que parece não ter muito interesse em ver mais unidades do modelo rodando. Uma pena. Eu curtiria ter uma, facilmente!