Com novidades, as custom médias renascem no Brasil

Segmento que esteve abandonado ganha modelos inéditos, deverá crescer este ano e poderá estimular mais lançamentos

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Roberto Dutra
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Muita gente me pergunta porque quase não há lançamentos de motos custom no mercado brasileiro. A resposta é fácil: o segmento responde por apenas 1% das vendas de motos no país.

Para se ter uma ideia do que isso representa, em todo o ano passado foram pouco mais de 13 mil motos, ou menos de 1.100 por mês - isso em uma soma que inclui motos "não tão custom assim" e em um mercado que somou pouco mais de 1,3 milhão de unidades emplacadas de janeiro a dezembro.

Em um cenário que já teve muitos e emblemáticos, é bem pouco. Já se foram os tempos das Honda Shadow 600 e 750; das Yamaha Virago XV 250, XV 535, XV 750 e XV 1100, além da Dragstar 650; Suzuki Intruder 125, 250, 800 e 1400, Marauder 800 e Boulevard 800, 1500 e 1600; das Kawasaki Vulcan 500, 650, 750, 800, 1500 e, nem tão distante assim, das Vulcan 900; e a até da incrível Triumph Thunderbird.

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A única que resistiu bravamente foi a Vulcan 650 S, custom nada clássica que foi lançada em 2015 e está no mercado até hoje.

A saudosa Honda Shadow 600 foi o sonho de muitos estradeiros iniciantes. Bons tempos...
Crédito: Divulgação
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Vale destacar que um executivo da Kawasaki já me disse, durante uma edição do Festival Interlagos, que a Vulcan 650 S é "o melhor produto" da marca há tempos.

Traduzindo: toda a produção é vendida, tem fila de espera e traz rentabilidade. Uma surpresa para uma marca cuja fama, no Brasil, vem das esportivas da família Ninja, ainda mais em um segmento com vendas tão discretas.

Lançada em 2015, a Vulcan 650 S é a última remanescente da era de ouro das custom no Brasil
Crédito: Reprodução
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Que fim levou a Harley-Davidson?

Também é preciso lembrar da Harley-Davidson, que um dia foi sinônimo de moto custom no Brasil. Mas a marca apresentou trajetória peculiar. Dos tempos enrolados e de preços muito altos quando era representada pela Izzo Motorcycles, tornou-se subsidiária, ergueu uma linha de montagem em Manaus (AM), ficou bem mais acessível, vendeu bem e, de certa forma, se popularizou.

Mas aí a matriz americana mudou sua estratégia global de negócios. No Brasil, o lineup foi enxugado e apenas os modelos mais caros permaneceram.

Isso levou ao fechamento de concessionários e as motos da Harley-Davidson voltaram a ser "coisa de rico". Hoje, a linha disponível no Brasil foca mais nas touring do que nas custom - e a marca não concorre diretamente com nenhuma outra.

Com preço fora da realidade, a Harley-Davidson Nightster Special durou pouco no Brasil
Crédito: Divulgação
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No ano passado, a H-D ainda trouxe a Nightster Special, uma versão atualizada da antiga Sportster - e, portanto, uma custom raiz. Mas o absurdo preço de quase R$ 100 mil a tornou inviável, e a moto saiu de linha discretamente apenas oito meses depois de ter estreado.

Um segmento de nicho

Investir em moto custom no mercado brasileiro virou aposta de nicho. É por isso que a Kawasaki se deu bem com a Vulcan 650 S: a moto não tinha concorrentes diretas zero-quilômetro e nadou de braçada por ali. O modelo também se consolidou melhor que a irmã maior Vulcan 900 por ter preço inferior - embora nem seja barata, pois hoje já bate nos R$ 50 mil.

E agora o cenário promete mudar bastante - e para quem gosta de moto custom vai ficar um pouco melhor. Há duas novidades no segmento, que têm capacidade de dar um sopro de vida à categoria.

Com pegada bem custom, a Royal Enfield Super Meteor 650 chegou com preço competitivo
Crédito: Guilherme Veloso/Divulgação
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A Royal Enfield, que atua no mercado brasileiro principalmente em nichos onde as gigantes Honda e Yamaha não investem - de motos clássicas e custom -, acabou de lançar a Super Meteor 650.

O modelo vai ocupar exatamente um espaço onde não há concorrência direta - como aconteceu como os modelos Meteor 350, Classic 350 e até com a Hunter 350,  e também com as clássicas twins Interceptor e Continental GT 650.

Além disso, a própria Kawasaki trará outra custom: a Eliminator 500, que foi mostrada no Festival Interlagos do ano passado e será lançada oficialmente na edição deste ano do evento.

A vantagem do preço baixo

Voltando à Royal Enfield, pode se argumentar que a Hunter briga com as naked de baixa cilindrada das "gigantes". Mas a anglo-indiana tem preço bem mais baixo - e o mesmo acontece com as twins quando comparadas às clássicas da Triumph.

Com a Super Meteor 650, é a mesma história: ela de fato está no mesmo segmento que a Kawasaki Vulcan 650 S, mas custa cerca de R$ 15 mil a menos.

A Vulcan 650 S pode até ter motor mais potente e aquela qualidade e confiabilidade das motos japonesas, mas seu design não é nada clássico - como costumam gostar os compradores de motos custom - e a diferença de preço é significativa.

A Eliminator será mais barata que a Vulcan 650 S, mas não chegará por menos que uns R$ 40 mil. Ou seja, a Super Meteor 650 continuará sendo a custom média mais barata,  com seus preços na faixa dos R$ 34 mil.

A Eliminator era 450, mas já virou 500 - recebe o mesmo motor da Ninja 500 e da Z500
Crédito: Reprodução
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Ainda que a concorrência destas três não seja exatamente direta, já é um fôlego no segmento que um dia teve muito mais modelos disputando a preferência dos compradores. Algumas daquelas motos, inclusive, são admiradas e cobiçadas até hoje.

Será que a Super Meteor 650 e as Kawasaki Vulcan 650 S e Eliminator também terão destino igual? E será que motivarão outras marcas a apostar nas custom de média cilindrada?

Só o tempo dirá. Por enquanto, o que vemos é que a Royal Enfield já vendeu 1.300 unidades da Super Meteor 650 no período de pré-venda - e olha que quem comprar a moto hoje só vai recebê-la em setembro.

Ou seja, pelo menos até o final deste ano, vai ter fila para comprar a nova custom anglo-indiana. Que, tudo leva a crer, logo se tornará a custom de média cilindrada mais vendida do país.

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