- A Honda CG já tem mais de três décadas de estrada. Começou como uma 125 cm³ e hoje tem motor de 150 cm³ e a liderança absoluta do mercado de duas rodas no Brasil: de janeiro a setembro foram emplacadas 351.455 unidades – incluindo aí todas as versões. Já a Dafra Speed 150 é uma novata. Lançada em fevereiro deste ano, acumulou no mesmo período 24.951 unidades emplacadas.
Se os números de venda estão a favor da Honda CG Titan 150, no quesito preço a Dafra Speed leva grande vantagem neste duelo entre tradição e novidade. Completa, com rodas de liga-leve, freio a disco na dianteira e partida elétrica, a Speed sai por R$ 4.990, o que tem chamado a atenção de muitos motociclistas. Afinal, para se ter uma CG 150 ESD, versão com partida elétrica, freio a disco, mas com rodas raiadas, o consumidor desembolsa R$ 6.679 preço sugerido pela fábrica, mas algumas concessionárias chegam a cobrar mais que isso.
São quase R$ 2.000 que podem explicar o grande sucesso da Speed 150, carro-chefe da nova marca. Mas, ao comprar uma moto, não podemos levar em consideração apenas o preço. Há outros fatores importantes para serem levados em conta. Por isso, rodamos mais de 500 km pelas ruas de São Paulo durante uma semana. Confira as conclusões desse duelo entre os modelos populares.
Motor
Ambas têm motor de um cilindro, quatro tempos, refrigerado a ar - 149,2 cm ³ de capacidade na Honda CG e 149,4 cm³ na Speed 150. No quesito desempenho, os números não mentem. A Honda declara que a CG 150 tem 14,2 cv de potência máxima a 8.000 rpm, já a Speed 150 tem 13,2 cv a 7.700 rpm. Na prática isso se confirma: a CG 150 é mais potente, portanto, consegue manter mais facilmente a velocidade.
O torque da CG também é levemente superior – 1,35 kgm a 6.500 rpm -, enquanto a Speed tem 1,31 kgm de torque máximo a 7.000 rpm. Valores muito próximos, mas que fazem a diferença. A Honda acelera mais rapidamente que a 150cm³ da Dafra.
O peso de cada uma das motos, bastante próximos, não interfere no desempenho. A CG 150 ESD pesa a seco 121 kg e a Speed 150 pesa 115 kg, de acordo com os dados fornecidos pelas montadoras. Mesmo com seis quilos a mais a CG Titan tem melhor aceleração em função do torque maior de seu motor.
Outro resultado do torque maior em uma rotação mais baixa e do peso menor da CG é o consumo. No teste realizado nas ruas de São Paulo e também em estradas como a Via Anchieta até o ABC Paulista, a moto da Honda foi bem mais econômica. Conseguimos uma média de 32 km/l com a CG 150. Já na Dafra Speed nossa melhor média foi de 28 km rodados com um litro de gasolina. Para quem roda diariamente muitos quilômetros, isso dá uma grande diferença no final do mês.
Ciclística
No quesito ciclística elas são bastante semelhantes. Ambas têm quadro do tipo diamante e usam receitas tradicionais no conjunto de suspensões: garfo telescópico na dianteira e amortecedores bichoque na traseira. Tanto a Dafra Speed quanto a Honda CG 150 estão calibradas para o uso urbano. Copiam bem as imperfeições do solo, mas sofrem um pouco na buraqueira. De novo a CG leva vantagem – suas suspensões têm curso maior que as da Speed. Na prática a CG “sofre” menos nos pisos irregulares.
Completando o conjunto ciclístico estão as rodas e pneus. A Speed tem rodas de liga-leve, já a CG usa as tradicionais rodas raiadas. Esteticamente, as rodas de liga são mais bonitas. Porém, rodas raiadas são mais resistentes. Os pneus são exatamente os mesmos: Pirelli City Demon.
Na hora de frear, essas duas motos street contam com freio a disco na dianteira e o tradicional tambor na traseira. Cumprem bem seu papel e param ambas com segurança. Está aí uma vantagem da modelo Dafra Speed, pois a única versão à venda já vem com disco na frente, enquanto apenas a CG top de linha, a ESD, tem o sistema. E ainda por um preço bem superior.
Itens de conforto
Como a ciclística de ambas é bastante semelhante, a posição de pilotagem também é. Porém, as pedaleiras da Speed 150 são um pouco mais recuadas, fazendo com que as pernas fiquem mais flexionadas e que o motociclista se canse um pouco mais. Outro ponto positivo da CG Titan é o banco mais confortável, com espuma mais densa e macia. Além disso, na moto Dafra o banco é mais inclinado, fazendo com que as partes “baixas” batam no tanque ao frear bruscamente.
A Speed 150 leva vantagem nos comandos nos punhos. São mais completos – com lampejador de farol alto e afogador no punho. Já a CG 150, além do afogador de difícil acesso, não tem nem botão corta-corrente.
O painel da Dafra também é mais completo, com conta-giros e indicador de marcha. Porém, durante nosso teste o ponteiro do conta-giros simplesmente parou de funcionar e depois caiu, ficando solto no mostrador. Aparentemente apenas um problema de montagem. Já o indicador de marchas só tem utilidade à noite, pois na luz do dia, é impossível visualizar a marcha engatada.
Conclusão
Além do preço bem mais em conta, a Speed 150 tem a aura de novidade. Muitos proprietários também apontam o design mais moderno como uma das qualidades do modelo da Dafra. Sem falar que, em razão do menor número de vendas, a Dafra Speed 150 ainda não é tão visada pelos “amigos do alheio”. Um dos grandes problemas da Honda CG 150 Titan é o alto índice de furtos e roubos.
Cada uma tem suas vantagens e desvantagens. Se a Speed 150 é mais barata, ao mesmo tempo tem maior consumo de combustível. Porém, as peças de reposição originais da Dafra são mais baratas. A CG 150, por ser o veículo mais vendido do Brasil, também oferece diversas peças paralelas de reposição. Mas também significa que milhões de motociclistas terão uma moto igual á sua e, consequentemente, ela pode ser cobiçada para ser desmanchada e vendida em partes. É o velho duelo de geração: tradição X novidade.
FICHA TÉCNICA – Honda CG 150 Titan X Dafra Speed 150
| MODELO | Honda CG 150 Titan | Dafra Speed 150| MOTORES | Quatro tempos, um cilindro, 2 válvulas, comando simples no cabeçote SOHC e refrigeração a ar, 149,2 cm³ | Quatro tempos, um cilindro, 2 válvulas, comando simples no cabeçote OHV e refrigeração a ar, 149,4 cm³ | POTÊNCIAS | 14,2 cv a 8.000 rpm | 13,2 cv a 7.700 rpm | TORQUES | 1,35 kgm a 6.500 rpm | 1,31 kgm a 7.000 rpm | ALIMENTAÇÃO | Carburador | Carburador | CÂMBIOS | Cinco velocidades | Cinco velocidades | TRANSMISSÕES FINAIS | Corrente | Corrente | PARTIDAS | Elétrica | Elétrica e a pedal | RODAS | Dianteira em aro 18” e traseira em aro 18” | PNEUS | Dianteiro Pirelli City Demon 80/100-18; traseiro Pirelli City Demon 90/90-18 | Dianteiro Pirelli City Demon 2.75-18; traseiro Pirelli City Demon 90/90-18 | CHASSI | Quadro tipo diamante em aço estampado, com comprimento de 2.002 mm, largura de 744 mm, altura de 1.071 mm, altura do assento de 797 mm, entreeixos de 1.329 mm, altura mínima do solo de 203 mm e peso a seco de 121 kg | Quadro tipo diamante em aço estampado, com comprimento de 1.980 mm, largura de 735 mm, altura de 1.112 mm, altura do assento não informada, entreeixos de 1.320 mm, altura mínima do solo não informada e peso a seco de 155 kg | TANQUES | 14 l incluindo 2 l de reserva | 15 l | SUSPENSÕES | Dianteira com garfo telescópico e 125 mm de curso; traseira com duplo amortecimento e 103 mm de curso | Dianteira com garfo telescópico com 120 mm de curso; traseira braço oscilante com duplo amortecimento com 75 mm de curso | FREIOS | Dianteiro com disco de 240 mm de diâmetro e pinça de pistão duplo; traseiro com tambor de 130 mm diâmetro | Dianteiro com disco; traseiro com tambor | CORES | Azul, prata, preta e vermelha | Prata, preta, amarela e vermelha | PREÇOS | R$ 6.679 | R$ 4.990 | |



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