De tempos em tempos aparece uma moto que faz o mundo parar e prestar especial atenção. A Ducati já havia criado grandes expectativas em 2019, quando mostrou ao mundo uma concept bike com o mesmo nome. Depois, anunciou que a moto se tornaria modelo de produção e que seria lançada neste início de dezembro. Agora, surge a Ducati DesertX definitiva: uma big trail que realmente justifica o nome.
A DesertX é outra conversa. Eis aqui uma big trail legítima, para encarar qualquer viagem no asfalto como se fosse um passeio no parque, mas que quer mesmo é a adrenalina das estradas menos convidativas, com dunas, montanhas, desertos, vales e afins.
O design já é encantador: a frente ovalada na qual sobressaem dois faróis redondos remete imediatamente às motos de enduro dos anos 80 e a alguns modelos de produção que seguiram essa linha nos anos 90, como as big trail Yamaha XTZ 750 Super Ténére ou Cagiva Explorer 900.
E o que dizer da sacada de botar luzes de rodagem diurnas (DRLs) com pequenos intervalos no contorno dos faróis com LEDs? Até a opção pela combinação de cores do lançamento - predominante branca com grafismos vermelhos - lembra aquelas motos.
Dali pra trás a moto é esguia como manda o figurino. Nada de carenagens laterais exageradas: há apenas abas que abraçam o tanque. Nada de tampas laterais, também. E na rabeta apenas o acabamento necessário, uma alça de segurança e a lanterna de LED embutida sob o banco. Para-brisa quase reto, protetores de mãos e um lindíssimo painel também sobressaem no belíssimo visual da "macchina" italiana.
Os mais atentos devem ter reparado que a moto tem dois bocais de tanque de combustível. Pois bem, na frente há o tanque normal, que leva 21 litros. Mas opcionalmente a moto pode ser um segundo tanque, na parte traseira, para mais oito litros.
O motor é o mesmo dos modelos Monster e Multistrada V2: o bicilíndrico em V Testastretta de 937cm³ e refrigeração líquida, que rende 110 cv a 9.250 rpm e torque de 9,3 kgf.m a 6.500 rpm. Ótimos números para uma moto que tem quadro de treliça em aço, 202 kg de peso a seco e capacidade de carga de 240 quilos. A DesertX também terá, na Europa, uma versão com potência limitada para que possa ser pilotada por condutores com habilitação A2.
A transmissão secundária é por corrente e o câmbio de seis marchas teve as relações encurtadas, especialmente na primeira e na segunda. O objetivo foi facilitar a condução em baixa velocidade em certas condições específicas no off-road. A sexta, porém, é longa, para proporcionar conforto e baixa vibração no uso em estradas.
As suspensões são da Kayaba: garfos dianteiros com 23 cm de curso e ajustáveis na compressão, na extensão e na pré-carga. Atrás, um monochoque com 22 cm de curso e apoiado na balança de alumínio. Juntas, proporcionam uma distância mínima do solo de 25 cm. Mas o banco está a 87,5 cm de altura do solo, o que vai dificultar a vida de pilotos de baixa estatura. Mas haverá um kit para reduzir essa distância.
Já as rodas têm aros de 21 polegadas na frente e de 18 polegadas atrás e, apesar de raiadas, usam pneus Pirelli Scorpion Rally STR sem câmara. As medidas são 90/90 R21 e 150/70 R18. Os freios, por sua vez, são da Brembo. Na frente, disco duplo e pinças radiais M50 monobloco com quatro pistões. Atrás, disco simples com pinça flutuante de dois pistões.
O painel é uma tela de TFT de 5 polegadas que mais parece um tablet vertical. É rico em informações e que pode ser conectada ao smartphone pelo Ducati Multimedia System, o que permite ao piloto ativar funções como música, chamadas e navegação por GPS. O comprador escolhe entre dois Info Modes: standard ou rally. A primeira fornece informações para estrada: conta-giros e o velocímetro são mais visíveis, bem como a marcha engatada e o nível de combustível. A rally simula o funcionamento do trip master usado nas motos de rali e permite ajustar manualmente a indicação do hodômetro com o uso dos botões do punho esquerdo.
A lanterna tem o Ducati Brake Light, nome pomposo para ao dispositivo que, em caso de frenagem súbita, acende automaticamente a luz de freio traseira para alertar os veículos que vêm atrás. É uma luz de freio de emergência.
Na parte eletrônica, a DesertX tem seis modos de pilotagem - sport, touring (potência reduzida para 95 cv), urban (75 cv), wet (75 cv), rally e enduro (ambos com 110 cv). Os modos de pilotagem enduro e rally são novos. O enduro permite ao condutor enfrentar estradas de terra difíceis com segurança, e facilita a vida dos pilotos menos experientes. Já o modo rally despeja toda a potência do motor e reduz a interferência dos controles eletrônicos - ou seja, este é para pilotos experientes.
Estes modos se combinam com quatro "power modes": full, para as respostas mais rápidas; high, para acelerações um pouco mais suaves; medium, para respostas rápidas mas como menor potência total; e low, para suavidade também com menor potência. Na prática, alteram o mapa de entrega da força do motor.
Tudo é monitorado por Unidade de Medição Inercial (IMU) de seis eixos, que controla o freio-motor (que tem quatro ajustes), os controle de tração (oito ajustes) e anti-empinamento (quatro ajustes), o quickshifter e o ABS atuante em curvas (três ajustes ou desligado).
A moto terá alguns acessórios vendidos nas concessionárias: descanso central, punhos aquecidos, dois escapes Termignoni (na opção racing, aumenta potência e torque em 7%) e malas e top case de alumínio com capacidade de carga total de 117 litros.
Por fim, os intervalos de manutenção da DesertX serão a cada 15.000 quilômetros ou 24 meses, com a verificação da folga das válvulas a cada 30.000 km. A DesertX tem preço inicial de 16.240 euros, cerca de R$ 102.000 em conversão direta. Por enquanto não há previsão de chegada ao mercado brasileiro - mas já estamos na torcida!