Embreagem a cabo ou hidráulica: qual a melhor?

Os dois sistemas são usados no mundo das motos. Conheça as características, as vantagens e as desvantagens de cada delas

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Roberto Dutra
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Muita gente se pergunta por que o acionamento da embreagem nas motos varia entre cabo e hidráulico. Os dois sistemas são amplamente usados e variam de acordo com a moto e, em princípio, pode até parecer que não existem muitos critérios na escolha. Mas existem, sim, e a opção do fabricante acontece de acordo com o projeto - o tamanho do motor, o uso da moto e até mesmo seu estilo. E, claro, o mais importante: o custo de produção.

A embreagem a cabo é a mais comum por vários motivos. O motivo principal é ser um sistema mais simples e barato, o que faz uma tremenda diferença na produção em larga escala. Além disso, é um sistema que permite regulagens fáceis e sua manutenção se limita, basicamente, a um ou outro ajuste sempre com fácil acesso, como o de tensão, e às lubrificações periódicas.

5. Embreagem A Cabo
O acionamento por cabo exige mais força, ajustes e lubrificações, mas a manutenção é fácil
Crédito: Reprodução da internet
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Além disso, sua substituição também é relativamente fácil e barata - limita-se à troca do cabo quando este começa a esgarçar ou quando arrebenta. É o tipo de serviço que muita gente consegue até fazer em casa.  Outro aspecto positivo é visto nas customizações: é mais fácil substituir um cabo original por um mais comprido, por exemplo, do que um mangote original de embreagem hidráulica por outro mais comprido.

Por outro lado, o cabo exige mais espaço na moto, pois tem uma "rota" mais extensa do que a exigida pelo mangote por onde circula o fluido de embreagem. Em motos carenadas ou com geometria mais complexa, a opção pela hidráulica facilita o processo produtivo, pois praticamente não existem as limitações de "rota" na ligação entre o burrinho (reservatório), lá junto ao manete, e o dispositivo de acionamento, na caixa de marchas.

O sistema hidráulico compensa o desgaste dos discos de embreagem e não precisa de regulagens
Crédito: Reprodução da internet
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As hidráulicas, porém, podem até exigir menos espaço na "rota" do mangote, mas nas "pontas" a coisa complica. Isso porque lá em cima têm mais componentes - há um reservatório para o fluido, o próprio fluido e o sistema de pressão, que é composto por várias pequenas peças como êmbolo e pistonete. E também lá embaixo, junto aos discos de embreagem, com pistão e área de expansão, entre outros.

Além da "rota" mais curta, as vantagens das embreagens hidráulicas em comparação com as acionadas por cabo seriam oferecer um acionamento mais leve e uma "zona de atrito" mais previsível - ponto em que, à medida em que o piloto solta o manete, a embreagem acopla a marcha, o sistema começa a gerar movimento progressivo no motor e a moto começa a andar.  Isso porque o próprio sistema hidráulico compensa o desgaste dos discos de embreagem e, com isso, o piloto não deveria sentir diferenças no "ponto" da embreagem por conta desse desgaste natural.

Os cabos, por sua vez, perdem a tensão com o tempo. Esgarçam, afrouxam, e aí é preciso fazer algum ajuste, lubrificação ou troca.

Yamaha Fazer: com motor de 250 cm³ e embreagem leve, não faria sentido ter acionamento hidráulico
Crédito: Divulgação
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Além disso, a manutenção do sistema hidráulico se limita, em teoria, apenas à troca do fluido. Mas quem tem ou já teve moto com embreagem hidráulica sabe que, no fim das contas, muitas vezes é preciso sangrar e limpar todo o sistema - algo um pouco trabalhoso. E se houver algum problema mais grave, a troca de componentes como "burrinho", mangote e afins nunca é exatamente barata.

O acionamento a cabo é mais visto nas motos pequenas e médias, nas quais o custo é uma questão fundamental e os motores são menores. Como as embreagens são menores e mais leves, não há necessidade de grande força em seu acionamento - nas hidráulicas, o esforço costuma ser maior. Botar embreagem hidráulica em moto pequena seria desperdício de dinheiro e botar a cabo em uma moto com motor muito grande poderia exigir que o piloto faça mais esforço que o desejado, o que seria incômodo.

A Harley-Davidson Road King Special abandonou o sistema hidráulico e voltou para o cabo
Crédito: Divulgação
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O acionamento hidráulico costuma funcionar bem nas motos grandes, que têm motores e embreagens maiores e mais pesados. Muitas vezes, contudo, isso não dá certo e a opção é o cabo. A Harley-Davidson, por exemplo, abandonou a embreagem hidráulica em todas as suas motocicletas touring (as maiores da linha) na virada de 2020 para 2021, e implementou o sistema a cabo.

As hidráulicas tinham sido adotadas em 2014, mas reclamações de usuários levaram à decisão: eles se queixavam de que as hidráulicas não proporcionavam a tal "zona de atrito" de forma confortável, o que gerava saídas da inércia pouco suaves.

Comenta-se que a nova embreagem a cabo usada nas Harley-Davidson resolveu o problema com acionamento suave e sem exigir esforço do piloto, o que aumentou bastante a "zona de atrito" e permitiu um melhor engate das marchas.

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