Harley-Davidson agora tem marca de motos elétricas

"LiveWire" deixa de ser nome de modelo e representará uma nova linha, cuja primeiro motocicleta será lançado em julho

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Roberto Dutra
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A Harley-Davidson passa a ter, a partir desta segunda-feira (10), uma marca de motos elétricas. E o nome é justamente LiveWire, o mesmo que batizou seu primeiro modelo elétrico - lançado em 2019.

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A Harley-Davidson LiveWire atual: motor elétrico com 105 cv, 11,8 kgf.m e autonomia de 235 quilômetros
Crédito: Divulgação
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Com a iniciativa, a Harley-Davidson pretende aprofundar sua participação no segmento de motos elétricas, que podem ainda não ser tão populares nem vender tanto quanto as com motores a combustão, mas que são vistas pelos fabricantes como o futuro inevitável do setor de duas rodas. Tanto que marcas como a japonesa Honda, a austríaca KTM e a italiana Piaggio já se movimentam nesse sentido.

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Segundo O CEO da Harley-Davidson, Jochen Zeitz, a iniciativa é parte da "Estratégia Hardwire" - o plano de negócios da marca para os próximos cinco anos. E um dos seis "pilares" deste plano é  liderar o segmento de motos elétricas.

"Queremos ser a marca de motocicletas elétricas mais desejável do mundo: a LiveWire será pioneira no futuro do motociclismo e planeja inovar e desenvolver tecnologia que será aplicável às futuras motos elétricas Harley-Davidson", disse o executivo.

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O painel da LiveWire atual é uma telinha de TFT com 4,3 polegadas de tamanho e recursos de conectividade
Crédito: Divulgação
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A segunda moto elétrica da Harley-Davidson e primeira sob a nova marca LiveWire será lançada em 8 de julho deste ano - ou seja, daqui a dois meses - e vai estar no International Motorcycle Show, que começa em 9 de julho.

O foco inicial das motos LiveWire será urbano, e sua sede virtual será dividida em duas, uma no Vale do Silício, na Califórnia, e outra em Milwaukee, a casa da Harley no Wisconsin. As motos elétricas serão vendidas nas concessionárias Harley-Davidson, mas como uma marca independente. Mas as motos também serão exibidas em showrooms especiais, montados em locais selecionados. O primeiro será justamente na Califórnia (o local exato não foi revelado)

Uma experiência fascinante

A motocicleta elétrica LiveWire  foi lançada oficialmente em 2019 e causou polêmica junto aos clientes mais conservadores das motos Harley-Davidson. Até hoje a moto é vista como "algo à parte" no universo Harley e seus compradores são obviamente diferentes daqueles que preferem os tradicionais modelos grandes e encorpados, equipadas com os famosos motores V2.

Mas basta pilotar a LiveWire para sentir que o futuro está ali. Tive a oportunidade de experimentar um protótipo em 2014, em Miami, nos Estados Unidos, e foi uma experiência fascinante.

É muito mais fácil do que parece e muito mais divertido do que podemos supor, apesar da ausência de qualquer ruído mais característico de uma motocicleta. Nada do velho “potato, potato, potato” dos V2: só um zumbido agudo e baixo, como o de uma pequena turbina. Um “zzzuuu” que lembra o das motos do filme  “Tron — Uma odisseia eletrônica”.

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No protótipo de 2014, o motor rendia 74 cv e torque de 7,2 kgf.m. Moto já fazia o zero a 100 km/h em 4 segundos
Crédito: Divulgação
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A da moto elétrica da Harley-Davidson impressionou principalmente pelo desempenho. Com tamanho semelhante ao de uma Honda CB 250F Twister e pneuzão traseiro 180/55 R17, aquela unidade tinha motor com 55kW de potência - o equivalente a uns 74 cv, coisa de moto com motor a combustão de 650 cm³.

O torque de 7,2 kgf.m já estava disponível a 1 rpm e, por isso, a entrega da força acontecia de forma instantânea e as arrancadas eram fortíssimas. Na ficha técnica, o protótipo exibia máxima de 158 km/h e zero a 100 km/h em 4 segundos.

As retomadas de 40 km/h para 120 km/h aconteciam antes que você pudesse falar a palavra "retomada". Mas lembro que não era difícil dosar a progressividade. E, nas sequências de curvas, a LiveWire foi muito ágil e obediente, até porque era bem curta e leve - tinha 210 quilos com centro de gravidade bem baixo

Não havia alavanca de embreagem nem pedal de marcha. Os freios eram normais, mas pouco necessários: a forte redução do motor elétrico (usada na regeneração de energia) quase sempre era suficiente para que a moto perdesse velocidade na progressão desejada. Isso transmitia uma ótima sensação de segurança e domínio da moto.

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O painel do protótipo era uma tela com quase o mesmo tamanho, mas tinha cantos quadrados e menos recursos
Crédito: Divulgação
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A autonomia daquele protótipo era limitada: 80 km em ciclo misto e uns 100 km em tocada urbana tranquila. A recarga exigia três horas, em tomada de 220v. Tudo isso evoluiu: a moto até ficou mais pesada, com 251 quilos em ordem de marcha, mas passou a ter potência de 78kW (ou 105 cv), torque de 11,8 kgf.m e autonomia de até 235 quilômetros.

A LiveWire atual ainda tem suspensões Showa (dianteira invertida, ambas com curso de 11,5 cm), freios com quatro pistões na frente e dois pistões atrás, iluminação full-LED, painel em tela de TFT com 4,3 polegadas e conectividade via Bluetooth a smartphone com reconhecimento de voz para exibir informações de navegação por GPS, telefone e música.

Se o caro leitor ainda insistir que "não dá para viajar" de LiveWire, pode até ter razão - pelo menos para longe. Mas sempre vale lembrar que veículos elétricos são feitos fundamentalmente para uso urbano, no dia a dia, em tiros curtos. E há modelos elétricos, como as da marca americana Zero Motorcycles (vendidas há 15 anos por lá), que  já rodam mais de 250 km com uma carga completa.

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