Harley-Davidson descarta deixar o Brasil

Rumores levantaram essa hipótese durante a semana, mas isso não vai ocorrer. Entenda a reestruturação da marca

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Roberto Dutra
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Um dos assuntos motociclísticos mais comentados nos últimos dias em todo o Brasil - principalmente nas redes sociais - foi a reestruturação mundial que a Harley-Davidson atravessa e seus efeitos no Brasil.

Preocupações e rumores, no fim das contas infundados, chegaram a dar conta de que a marca encerraria suas operações no país, assim como foi anunciado que fará no Paraguai e em outros países.

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Pois bem, investigamos o assunto a fundo, falamos com a Harley-Davidson do Brasil e informamos aqui o que podemos esperar: nada. As operações no Brasil continuam normalmente. Boa prova disso é que a marca acaba de inaugurar mais uma concessionária - por sinal, a primeira na região Norte.

A Amazonas Harley-Davidson fica em Manaus (na Avenida Doutor Theomario Pinto da Costa, 1160, Bairro Chapada), tem área de 455m² e é uma "full dealer" - vende motos novas e seminovas, peças e acessórios, e tem assistência técnica. É tocada pelo Grupo Pole Position, tradicional no setor de veículos por lá.

A nova concessionária da Harley em Manaus  vende motos, peças e produtos da marca, e presta assistência técnica
Crédito: divulgação
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Em comunicado oficial, a Harley afirmou que "não está passando por uma crise, mas sim por um processo de reestruturação global. Os mercados da América Latina dos quais a Harley-Davidson estrategicamente decidiu sair já foram comunicados. Consequentemente, boatos sobre o Brasil não têm fundamento". Simples assim!

O começo de uma nova era

O plano de reestruturação em curso chama-se "The Rewire". É, na verdade, uma preparação para um outro plano estratégico de cinco anos que virá a seguir, no período de 2021 a 2025, o "The Hardwire". O atual prevê a redução da complexidade das operações, o aprimoramento do foco da marca e decisões mais rápidas.

Além disso, serão tomadas medidas como a eliminação de ineficiências e de "duplicações" (motos que ocupam posição semelhante no lineup), a própria redução da linha em cerca de 30%, investimento nas categorias mais fortes, expansão para novos segmentos de alto potencial e foco em produtos e iniciativas que agreguem valor - ou seja, haverá menos promoções e descontos na venda das motos, por exemplo.

Já o plano "The Hardwire" tem o ambicioso objetivo de tornar a Harley-Davidson a marca de motocicletas mais desejável do mundo.

Por fim, também está prevista uma atuação mais forte em mercados considerados de alta prioridade. É aí que países como o Brasil permanecem na alça de mira, enquanto outros saem do radar. Na imagem abaixo, podemos ver que, na América Latina, o Brasil e o México são os principais.

Os países destacados na cor laranja são os principais focos da Harley no futuro próximo
Crédito: divulgação
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Operações no exterior

Neste "mapa-múndi", também vemos interesse nos Estados Unidos e no Canadá (algo óbvio), e ainda no Reino Unido, Irlanda, França, Espanha, Itália, países nórdicos, Rússia, China, Índia, Japão e Coréia do Sul, entre outros.

A mesma imagem destaca que em 36 países as operações serão reestruturadas com um novo modelo de negócios e que em 17 haverá mudança no esquema de distribuição (provavelmente com importadores, e não mais subsidiárias), ao passo que as operações serão encerradas em pouco mais de 40 países.

Lá fora, porém, a Harley vai mesmo dar uma enxugada. Mas decisões tomadas até já mudaram. Por exemplo, a marca ia fechar suas operações na Índia - inclusive escritórios, concessionários e até a linha de montagem de Bawal.

Mas um acordo celebrado com a Hero MotoCorporation, uma das maiores fabricantes de motocicletas do mundo, que tem sede na Índia, permitirá que marca continue por lá.

A gigante Hero firmou parceria com a Harley, e com isso a marca americana continuará na Índia
Crédito: divulgação
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Pelo acordo, a Hero passará a ser responsável pela venda das motocicletas da Harley-Davidson, bem como pela assistência técnica e comercialização de produtos com a marca. Isso será feito em concessionárias de bandeira exclusiva Harley-Davidson e também em uma rede já existente da própria Hero.

O negócio é bom para ambas as partes: a Harley continua na Índia, que atualmente é o maior mercado de motos do mundo (17 milhões de unidades em 2019!), e usufrui da gigantesca estrutura da Hero. Esta, por sua vez, passa a ter seu nome envolvido com uma marca premium.

No momento, a Harley vende por lá os modelos Street 750, Street Rod 750, Iron 883, Forty-Eight, Forty-Eight Special, 1.200 Custom, Low Rider, Low Rider S, Fat Boy, Road King, Street Glide, Road Glide, CVO Limited.

A Street 750 foi cogitada para o Brasil em 2014, mas o cenário econômico desfavorável levou ao abandono do plano
Crédito: divulgação
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Somente as 750 não são conhecidas pelo público brasileiro. Anos atrás, em 2014, a Street 750 chegou a ser cogitada para cá, onde seria um interessantíssimo modelo de entrada. Para isso, só precisaria ter um preço adequadamente distante do pedido pela Sportster 883, então a mais barata da marca.

Mas crises econômicas bateram à porta do país, o dólar disparou e o plano foi abandonado. Uma pena, pois ainda hoje as 750 da Harley teriam espaço no Brasil, onde o segmento de motos custom de média cilindrada é extremamente carente de opções.

A Street Rod 750 é uma outra versão da moto. Com preço competitivo, ambas teriam espaço no mercado brasileiro
Crédito: divulgação
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