Um dos assuntos motociclísticos mais comentados nos últimos dias em todo o Brasil - principalmente nas redes sociais - foi a reestruturação mundial que a Harley-Davidson atravessa e seus efeitos no Brasil.
Preocupações e rumores, no fim das contas infundados, chegaram a dar conta de que a marca encerraria suas operações no país, assim como foi anunciado que fará no Paraguai e em outros países.
Pois bem, investigamos o assunto a fundo, falamos com a Harley-Davidson do Brasil e informamos aqui o que podemos esperar: nada. As operações no Brasil continuam normalmente. Boa prova disso é que a marca acaba de inaugurar mais uma concessionária - por sinal, a primeira na região Norte.
A Amazonas Harley-Davidson fica em Manaus (na Avenida Doutor Theomario Pinto da Costa, 1160, Bairro Chapada), tem área de 455m² e é uma "full dealer" - vende motos novas e seminovas, peças e acessórios, e tem assistência técnica. É tocada pelo Grupo Pole Position, tradicional no setor de veículos por lá.
Em comunicado oficial, a Harley afirmou que "não está passando por uma crise, mas sim por um processo de reestruturação global. Os mercados da América Latina dos quais a Harley-Davidson estrategicamente decidiu sair já foram comunicados. Consequentemente, boatos sobre o Brasil não têm fundamento". Simples assim!
O plano de reestruturação em curso chama-se "The Rewire". É, na verdade, uma preparação para um outro plano estratégico de cinco anos que virá a seguir, no período de 2021 a 2025, o "The Hardwire". O atual prevê a redução da complexidade das operações, o aprimoramento do foco da marca e decisões mais rápidas.
Além disso, serão tomadas medidas como a eliminação de ineficiências e de "duplicações" (motos que ocupam posição semelhante no lineup), a própria redução da linha em cerca de 30%, investimento nas categorias mais fortes, expansão para novos segmentos de alto potencial e foco em produtos e iniciativas que agreguem valor - ou seja, haverá menos promoções e descontos na venda das motos, por exemplo.
Já o plano "The Hardwire" tem o ambicioso objetivo de tornar a Harley-Davidson a marca de motocicletas mais desejável do mundo.
Por fim, também está prevista uma atuação mais forte em mercados considerados de alta prioridade. É aí que países como o Brasil permanecem na alça de mira, enquanto outros saem do radar. Na imagem abaixo, podemos ver que, na América Latina, o Brasil e o México são os principais.
Neste "mapa-múndi", também vemos interesse nos Estados Unidos e no Canadá (algo óbvio), e ainda no Reino Unido, Irlanda, França, Espanha, Itália, países nórdicos, Rússia, China, Índia, Japão e Coréia do Sul, entre outros.
A mesma imagem destaca que em 36 países as operações serão reestruturadas com um novo modelo de negócios e que em 17 haverá mudança no esquema de distribuição (provavelmente com importadores, e não mais subsidiárias), ao passo que as operações serão encerradas em pouco mais de 40 países.
Lá fora, porém, a Harley vai mesmo dar uma enxugada. Mas decisões tomadas até já mudaram. Por exemplo, a marca ia fechar suas operações na Índia - inclusive escritórios, concessionários e até a linha de montagem de Bawal.
Mas um acordo celebrado com a Hero MotoCorporation, uma das maiores fabricantes de motocicletas do mundo, que tem sede na Índia, permitirá que marca continue por lá.
Pelo acordo, a Hero passará a ser responsável pela venda das motocicletas da Harley-Davidson, bem como pela assistência técnica e comercialização de produtos com a marca. Isso será feito em concessionárias de bandeira exclusiva Harley-Davidson e também em uma rede já existente da própria Hero.
O negócio é bom para ambas as partes: a Harley continua na Índia, que atualmente é o maior mercado de motos do mundo (17 milhões de unidades em 2019!), e usufrui da gigantesca estrutura da Hero. Esta, por sua vez, passa a ter seu nome envolvido com uma marca premium.
No momento, a Harley vende por lá os modelos Street 750, Street Rod 750, Iron 883, Forty-Eight, Forty-Eight Special, 1.200 Custom, Low Rider, Low Rider S, Fat Boy, Road King, Street Glide, Road Glide, CVO Limited.
Somente as 750 não são conhecidas pelo público brasileiro. Anos atrás, em 2014, a Street 750 chegou a ser cogitada para cá, onde seria um interessantíssimo modelo de entrada. Para isso, só precisaria ter um preço adequadamente distante do pedido pela Sportster 883, então a mais barata da marca.
Mas crises econômicas bateram à porta do país, o dólar disparou e o plano foi abandonado. Uma pena, pois ainda hoje as 750 da Harley teriam espaço no Brasil, onde o segmento de motos custom de média cilindrada é extremamente carente de opções.



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