Honda Biz agora é metade motoneta, metade scooter

Aceleramos a linha 2025, que tem boas novidades e uma polêmica: o freio traseiro, agora, é na mão. Será que ficou bom?

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Roberto Dutra
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O caro leitor viu aqui, há cerca de um mês, as novidades da Honda Biz na linha 2025. Foram muitas: o chassi mudou, o design foi todo renovado - incluindo faróis, lanternas e piscas - e o painel é novo, com tela de LCD. Até o motor mudou: ainda é monocilíndrico com 125 cm³, mas agora é o mesmo da Honda Pop 110i, só que "crescido" em diâmetro e curso.

Então nem vamos entrar em detalhes sobre estas mudanças, que podem ser conferidas minuciosamente aqui. A pauta da vez é o test-ride que fizemos na Biz 125 2025 em Florianópolis (SC) há alguns dias, que passou tanto por trechos urbanos quando por trajetos mais livres.

Rodamos cerca de 130 quilômetros para experimentar a Honda Biz 2025
Crédito: Caio Mattos/Divulgação
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Foram 130 quilômetros para experimentar a novidade e, principalmente, uma de suas principais mudanças - e, talvez, a mais polêmica: a mudança do freio traseiro do pedal direito para mão esquerda.

Sim, isso mesmo: a Biz não tem mais pedal do freio traseiro para ser acionado pelo pé direito. Agora, isso é feito no antes inexistente manete esquerdo, como em um scooter.

A Honda diz que frear um veículo de duas rodas com as duas mãos é algo mais intuitivo, que vem até das bicicletas, principalmente para quem está comprando uma motoneta pela primeira fez. E reforça esse argumento lembrando que 55% dos compradores de Biz são motociclistas de primeira viagem - a Biz é a primeira moto/motoneta dessa turma.

A Biz foi criada para o mercado brasileiro e foi a primeira CUB do mundo com espaço sob o banco
Crédito: Divulgação
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Além disso, a Honda também destaca que a cada ano o Brasil ganha 2 milhões de novos portadores de carteira de habilitação categoria "A" (moto). Como a Biz é nada menos que a segunda moto/motoneta mais vendida do país, atrás apenas da CG 160, tem grande importância.

Aliás, quanto a números, o sucesso da Biz é incontestável. Criada por brasileiros para o mercado brasileiro e lançada em 1998, a pequena já somou mais de 4 milhões de unidades vendidas.

Só no ano passado foram mais de 224 mil unidades e, segundo a Honda, este ano as vendas de Biz cresceram 62% nas capitais e 48% nas cidades de interior. Uma curiosidade? O estado que mais compra Honda Biz no Brasil é o Pará.

A Honda Biz foi lançada em 1998, a Biz já somou mais de 4 milhões de unidades vendidas no Brasil
Crédito: Divulgação
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Dito tudo isso, vamos ao test-ride e ao novo sistema de frenagem da Honda Biz.

Partimos logo de manhã de um hotel no centro de Floripa para o rolé, que de certa forma daria a volta na ilha. Mesmo com a alteração nos freios na mente, logo no primeiro semáforo - coisa de 20 metros adiante - eu já errei a frenagem.

Procurei o pedal com o pé direito e, ao mesmo tempo, acionei o freio traseiro com a mão esquerda, mas pensando instintivamente ser um manete de embreagem, para reduzir a marcha.

Cometi esse mesmo erro mais uma seis vezes ao longo do trajeto. Alguns colegas jornalistas, influencers, blogueiros e afins também participaram do test-ride. Ao longo do passeio, e também depois dele, descobri que todos - eu disse todos - em algum momento também se confundiram e erraram.

O punho esquerdo da Biz exibe a inscrição "FREIO" em letras garrafais. Nada é por acaso...
Crédito: Divulgação
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A explicação é simples. Quem já anda de moto e scooter está mais que condicionado a acionar os comandos nas devidas combinações e nas devidas sequências. Na moto, você freia com a mão direita e com o pé direito, aciona a embreagem na mão esquerda e reduz a marcha no pé esquerdo. No scooter, você apenas freia com as duas mãos, nos dois manetes, quase sempre conjuntamente.

Quando você tem que fazer metade de um processo junto com metade de outro processo, é inevitável confundir - pelo menos no começo. Então é certo que quem comprar esta Biz 2025 vindo de uma Biz anterior vai ter alguma dificuldade no começo. Depois de algum tempo, claro, mente e corpo estarão condicionados e tudo vai dar certo.

Cadê o pedal do freio que ficava ali junto à pedaleira? Sumiu. Agora, o freio traseiro é na mão
Crédito: Divulgação
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Já quem comprar esta Biz 2025 vindo de um scooter provavelmente estranhará menos, pois estará acostumado a frear com as duas mãos e terá que "acrescentar" apenas a troca das marchas no pé esquerdo. Mas nunca usou embreagem e continuará não usando, então será mais simples.

Em resumo, na linha 2025 a Biz se tornou metade motoneta, metade scooter. E isso definitivamente é estranho para quem está acostumado a pilotar um de cada vez. A mente e o corpo aprenderão? Sim. Mas não será em 10 minutos.

Apesar disso tudo, vale destacar: sem ABS e apenas com assistência de sistema combinado CBS, a Biz 2025 exibe excelente frenagem.

Os freios da Biz podem confundir os usuários, mas exibe uma eficiência surpreendente
Crédito: Divulgação
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Outras impressões da Honda Biz 2025

As novidades da Honda Biz não se limitaram ao novo sistema de freios. Notei, assim como vários colegas, mudanças no comportamento dinâmico ligadas à rodagem e ao conforto. Quando ao primeiro aspecto, de fato a Biz melhorou perceptivelmente.

A Biz já era gostosa de andar, mas em "altas velocidades" - entre aspas, porque não é motoneta para andar forte - vibrava e gritava incomodamente. Isso agora não acontece mais. Mesmo no limite permitido pelo motor, a Biz não grita, não vibra e entrega respostas progressivas e lisas. Uma ótima surpresa.

Assim como a frente, a traseira da Biz ficou mais elegante e sofisticada
Crédito: Divulgação
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Vale lembrar aqui que o motor de 123,9 cm³ tem 14,8 cm³, 1,2 cv 0,14 kgf.m a mais que antes. No mundo real, em nosso test-ride, superamos a velocidade máxima divulgada pela Honda, que é de 95,8 km/l, e também anotamos um consumo melhor que os 51 km/l aferidos pelo Instituto Mauá - chegamos a 104 km/h e fizemos 57 km/l!

Estabilidade ótima, conforto nem tanto

Nas retas e nas curvas a Biz fica "nos trilhos" e jamais transmite insegurança. Isso se deve aos bem escolhidos pneus Michelin Pilot Street 2, que garantem ótima aderência, e às suspensões recalibradas devido à mudança de pesos (menos 4 quilos na versão EX testada) e massas do veículo.

O banco da Honda Biz 125 2025 ficou mais bonito e anatômico, porém menos confortável
Crédito: Divulgação
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Toda essa estabilidade, contudo, trouxe um aspecto negativo antes inexistente na Biz: o conforto foi bastante sacrificado. Sempre especialmente macia e confortável, a Biz se tornou uma motoneta excessivamente dura.

E não só por causa da rigidez nos conjuntos dianteiro e traseiro, que nem parecem ter 10 cm e 8,5 cm de curso, respectivamente, mas também devido ao novo banco, que apesar de ter capa texturizada e desenho bem anatômico, é inexplicavelmente duro.

Sendo assim, quem tiver que pilotar a Biz 2025 por trajetos longos ou durante muito tempo, mesmo que parando com frequência - caso da turma que trabalha com delivery - provavelmente vai sofrer um bocado. Menos mal que a ergonomia está bem resolvida, com braços e pernas em posição bastante confortável.

O novo painel deu outra cara à Biz 125, mas nem sempre é muito visível. Abaixo, o alerta sobre os freios
Crédito: Divulgação
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Por fim, vale destacar, elogiar e também criticar o novo painel de instrumentos com tela de LCD formato retangular, fundo azul e mais informações - exibe indicadores de marchas e de consumo instantâneo, e também tem relógio. Deu outra vida à Biz, é realmente bonito e tem as informações necessárias. Mas, com fundo Blackout (escurecido) na versão EX avaliada, nem sempre é totalmente visível.

O novo espaço porta-objetos no escudo é bem prático. Do outro lado há uma tomadinha USB-C
Crédito: Divulgação
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Conclusão: vale a pena comprar a nova Honda Biz 2025?

A Biz 2025 já está nas concessionárias e custa redondos R$ 12 mil na versão de entrada ES (cores branca, preta e vermelha, todas sólidas) e R$ 14.970 na versão mais completa EX (cores vermelha perolizada, branca perolizada com bege e azul metálica). A versão ES com motor de 110 cm³ saiu de linha.

O modelo tem custo relativamente baixo de aquisição e inquestionavelmente baixo de manutenção - que lhe impõe um custo por quilômetro rodado de apenas R$ 0,18. Esse valor médio leva em conta revisões e combustível ao longo de seus três anos de garantia, mas claro que depende da quilometragem de cada proprietário. Ainda assim, é um custo baixo.

O espaço sob o banco da Honda Biz abriga um capacete aberto ou um fechado - que seja pequeno
Crédito: Divulgação
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Sendo assim, a Honda Biz 125 ainda é uma excelente opção para a mobilidade urbana e até para o uso no trabalho. É bonita (principalmente na nova cor "azul blue jeans"), prática, econômica, anda bem e mecanicamente ficou melhor. Só vai exigir, de alguns pilotos, uma readaptação aos comandos - e uma coluna cervical bem saudável.

Ainda vale a pena comprar a Honda Biz 125? Sim, vale: é prática, econômica e bonita
Crédito: Divulgação
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