As novas Honda NX 500 e Hornet 500 foram exibidas durante o Festival Interlagos - Motos, em junho último. E, como não poderia deixar de ser, foram grandes estrelas do evento.
A Honda NX 500 substituiu a CB 500X e a Hornet 500 entrou no lugar da CB 500F. Uma missão e tanto ocupar o espaço de dois modelos bem-sucedidos, cuja história começou em 2014 e teve duas atualizações importantes - em 2018 e em 2023. Mas isso tudo é passado.
Agora é hora das substitutas, e tive a oportunidade de acelerar ambas para descobrir virtudes, deficiências e, principalmente, diferenças. As duas usam componentes similares e a mesma base de chassi e de motor - este, aliás, é o mesmo das antecessoras. Mas as duas tem lá seus próprios quitutes.
Nosso test-ride contemplou o trajeto Taubaté (SP) - Paraty (RJ), com ida pela sinuosa Rodovia Oswaldo Cruz e volta pela estrada parque Paraty (RJ) - Cunha (SP), também cheia de curvas . Depois, passamos por São Luís do Paraitinga (SP) e Via Dutra, até retornar a Taubaté. Ótimos trajetos para avaliar uma novidade.
A ida foi com a Hornet 500 e a volta, com a NX 500. Então aqui iremos nessa ordem.
Assim como a antecessora, a Hornet 500 é uma naked média. Exibe um design moderno e muito bem resolvido. Tem moldura aerodinâmica em torno do farol, uma pequena bolha logo acima dela, piscas discretos, para-lama dianteiro curto, tanque musculoso, banco em dois níveis e com duas seções separadas, rabeta e escape curtos, lanterna traseira verticalizada, bonitas rodas de liga leve e suporte de placa destacado.
À frente do piloto surge um novíssimo painel de instrumentos com tela de TFT de cinco polegadas. Tem modos de exibição, informações selecionáveis e comandos por um prático "mini-joystick" no punho esquerdo.
Mas, infelizmente, ainda não tem conectividade - algo que, hoje em dia, é algo bastante comum. Além disso, senti falta também de alguma tomadinha USB ou 12 Volts (esta é oferecida como acessório). Duas falhas, dona Honda.
O motor é o conhecidíssimo bicilíndrico da antecessora, com seus 471 cm³, oito válvulas e refrigeração líquida, que entrega 49,6 cv de potência a 8.500 rpm e 4,5 kgfm de torque a 7.000 rpm. É aquele mesmo, que ronrona em baixos giros e digno de muita confiança.
A moto também tem câmbio de seis marchas com secundária por corrente, freios a disco nas duas rodas com ABS, controle de tração, suspensão dianteira com tubos invertidos e 12 cm de curso, traseira pro-link com 11,9 cm de curso e pneus nas medidas 120/70 R17 na frente e 160/60 R17 atrás. Em resumo, um conjunto muito equilibrado e eficiente.
A Honda NX 500 compartilha vários componentes com a Hornet 500, mas tem suas particularidades. Enquanto a outra é uma naked, essa é uma "aventureira" - uma crossover quase trail. Isso porque tem alguma aptidão para encarar estradinhas de terra e certas pirambeiras, mas não é exatamente afeita ao off-road pesado ou a trilhas macabras.
Obviamente o design é bem diferente. Na frente o farol é envolto por uma carenagem bem larga e aerodinâmica. Logo acima está o para-brisa bem alto com estrutura interna para encaixar um GPS. O banco é uma peça única com dois níveis pouco diferentes e a rabeta tem desenho próprio, embora receba a mesma lanterna da Hornet 500.
Assim como a iluminação full-LED, o painel de instrumentos é o mesmo da Hornet. E o conjunto motor/câmbio, idem. Mas as suspensões têm cursos maiores - dianteira com 15 cm e traseira com 13,5 cm -, a roda dianteira tem aro de 19 polegadas (a traseira é igual, de 17 polegadas) e os pneus nas medidas 110/80 R19 e 160/60 R17 são de uso misto. Para completar, na NX 500 o disco do freio dianteiro e sua pinça são flutuantes, enquanto na Hornet 500 o conjunto é fixo.
O tanque da Honda NX 500 é pouca coisa maior, com sua capacidade para 17,7 litros contra 17,1 litros na Hornet. Além disso, a "aventureira" também pesa um pouco mais - 183 quilos contra 175 quilos na naked, a seco. Mais diferenças? A distância do banco ao solo é de 83,4 cm na NX 500 e de 78,9 cm na Hornet, enquanto a distância livre do solo é de 18,1 cm na crossover, ante 14,4 cm na irmã mais urbana.
Importante destacar que a relação das motos é igual, mas há diferença na programação do módulo PGM-FI: na NX 500, prevalece o torque em baixa, e na Hornet 500 é privilegiada a progressividade na aceleração de médias para altas rotações.
A ida foi com a Hornet 500. A experiência já começou boa, pois subi na moto e me encaixei perfeitamente. Foi como vestir uma roupa feita sob medida. Motos naked não são exatamente as mais confortáveis, mas nesse aspecto a Hornet 500 tirou onda: as pernas não ficam dobradas demais, o guidão em boa altura não deixa os braços cansarem e a coluna não fica em posição incômoda - embora naturalmente um pouco inclinada à frente.
Um detalhe que realmente me impressionou foi o banco com maciez acima da média. Muito confortável e anatômico. Com tudo isso, pilotar a Hornet 500 nos 170 quilômetros de Taubaté a Paraty foi extremamente prazeroso - e olha que eu sou do mundo das custom.
O desempenho naturalmente é muito similar ao da antiga CB 500F. O que não é demérito, já que a antecessora era muito eficiente. Mas a Hornet 500 é um projeto mais moderno, e por isso é uma moto mais equilibrada e obediente. Responde bem aos comandos do piloto, faz tudo o que se pede com segurança, não dá sustos e convence tanto em rodovia expressa quanto em serra bem sinuosa.
Embora não seja tão canhão quanto a CB 650R ou a CB 1000R - ambas com motores quatro cilindros -, a Hornet 500 anda muitíssimo bem. Sob condução civilizada, sempre tem sobra de força para ultrapassagens e não exige trocas de câmbio excessivas. Com entre-eixos proporcionalmente curto, também é ótima nas curvas. Para completar, freia com eficiência e é discretíssima em vibrações e ruídos.
Ou seja, é uma típica naked bicilíndrica da Honda: silenciosa, eficiente, surpreendentemente confortável e troca as altas doses de adrenalina por emoção segura e níveis adequados de diversão.
Subi na Honda NX 500 e o mundo mudou. Nesta aventureira, o encaixe do corpo não é tão preciso - o que não quer dizer desconforto. É apenas diferente, já que é uma moto mais alta e mais "comprida" por conta da roda dianteira maior (2,16 metros de comprimento contra 2,08 metros da naked).
Aqui se viaja com o corpo mais ereto e, por tabela, com braços mais altos e pernas menos recuadas. Não é posição para quem gosta de velocidade e de curvas fechadas, mas é muito adequada para viagens - uma das propostas da NX 500.
Confesso que demorei mais para me adaptar à NX 500 do que à Hornet 500. Como é mais alta, antes de sair fiquei na ponta dos pés - o que já é pouco agradável. Mas tudo bem: andando com a moto isso não faz diferença.
E, andando, a Honda NX 500 é tão desenvolta quanto a Hornet 500. Mas naturalmente suas características próprias fazem diferença. Se tem mais proteção aerodinâmica frontal, também é mais pesada. Por isso, exige mais ações do piloto nas curvas.
Isso ocorre também devido à roda dianteira maior. A NX 500 pede trajetórias diferentes, mais "abertas", nas entradas das curvas. Nas retas, contudo, é muito estável e o para-brisa naturalmente oferece um conforto inexistente na naked.
E vale lembrar o que dissemos lá em cima: como a programação do módulo PGM-FI é diferente, na NX 500 dá para sentir mais disposição em baixas rotações. É uma diferença discreta, mas perceptível.
Curioso é que, aqui, o banco é mais duro - o que minimiza o conforto geral proporcionado pela proteção aerodinâmica. Aliás, vale destacar que o para-brisa dá plena conta do recado - pena que não é ajustável na altura.
De resto, a Honda NX 500 é silenciosa e vibra em níveis discretos como a Hornet 500. É gostosa de pilotar e perfeitamente adequada à proposta de modelo médio para viagens. Embora não seja tão ágil e levinha quanto a Hornet 500, também é mais que satisfatória, suficientemente divertida e inegavelmente mais versátil.
Tai uma conclusão que é bastante simples. Se você quer uma destas duas 500 para andar mais na cidade, fazer passeios ou viagens curtas, sentir o chão mais próximo e um nível de adrenalina superior - e não vai levar garupa com frequência -, vá de Hornet 500.
Mas se você quer uma delas para rodar na cidade e também para viagens médias e longas, levando garupa ou não, escolha a Honda NX 500. Dinamicamente vai resolver tudo e, instalando alguns acessórios - como baús e protetores de motor e de mãos -, você terá uma moto que te levará a qualquer lugar.
A Honda Hornet 500 custa R$ 43.040 e a Honda NX 500 parte de R$ 45.800. Acrescente a esses valores frete, seguro e eventuais sobrepreços que algumas concessionárias Honda insistem em botar e as motos chegarão à sua garagem por cerca de R$ 45 mil e 48 mil, respectivamente.
São motos caras? Sim. Mas quais motos de boa qualidade não são caras no mercado brasileiro, onde a carga tributária total supera um terço do valor total?
A escolha, então, é levar para casa uma moto cara, mas boa, uma moto cara, mas nem tão boa, ou até uma moto menos cara, mas nem tão boa. E também vale pensar em outros fatores: a Honda é a marca com a maior rede de concessionários no país e seus modelos são os que desvalorizam com o passar do tempo.
Quando falamos de qualidade de produto e relação custo/benefício, a Honda ainda é - apesar dos preços altos - um porto seguro.
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