Linda e cara: qual será o futuro da BMW R12?

O caro leitor viu aqui, ontem, a notícia de que a BMW R12 acabou de chegar às concessionárias da marca alemã. Nem foi surpresa, visto que a moto foi exibida no Festival Interlagos - Motos em junho último e, desde então, já vinha sendo montada na fábrica da BMW de Manaus (AM).

Surpresa, mesmo, foram os preços das três versões da moto. A básica R12 standard custa R$ 89.900, a intermediária R12 Cruiser parte de R$ 94.900 e a topo de linha R12 Option 719 começa em R$ 105.900.

Mas será que as R12 valem tudo isso? Bem, as três usam o mesmo motor, que não é exatamente um exemplo de modernidade. Lembram do boxer de 1.170 cm³ que equipava a antiga R 1200 GS? Pois é aquele mesmo - refrigerado a ar, com 95 cv de potência máxima a 6.500 rpm e 11,2 kgf.m de torque a 6.000 rpm.

Ok, não é moderno, mas é eficiente: raramente dá problemas e proporciona um desempenho realmente empolgante. Mas, sozinho, não justifica os preços.

Outro aspecto a ser analisado são as listas de equipamentos e recursos das três versões. Dependendo da versão, inclui ABS otimizado para curvas, controle de tração, monitoramento da pressão dos pneus, dois modos de pilotagem, painel de TFT com enxutas 3,5 polegadas e conectividade, quickshifter, assistente de partida em subidas e controle de cruzeiro. Por outro lado, não tem nem banco nem pedaleiras para garupa na versão de entrada...

São recursos úteis, mas nem tão impressionantes - no máximo, esperados e obrigatórios em uma moto de alto nível. Se a R12 tivesse os cada vez mais comuns radares dianteiro e traseiro ou algo mais tecnológico, impressionaria mais.

O grande diferencial da R12 é, mesmo, o design bonito, elegante e sofisticado. É uma naked com pegada clássica, que certamente dará exclusividade e status ao comprador. Afinal de contas, traz a famosa hélice estampada nas laterais do tanque. Mas será que isso é suficiente para justificar valores tão altos?

A R12 tem dois caminhos à frente. O primeiro é cumprir sua missão de encontrar fãs da marca alemã dispostos a pagar valores altos por exclusividade e beleza e vender volumes modestos, mas rentáveis.

O segundo é repetir a trajetória que outras duas motos exibiram recentemente no mercado brasileiro. Uma delas é da própria BMW - a custom R18. A moto foi lançada com pompa e circunstância no segundo semestre de 2022. O design é impressionante até hoje e garante muita presença, mas apenas isso não justificava o preço estratosférico de R$ 140 mil - a moto carecia de um conjunto mais completo para tentar fazer frente a concorrentes do segmento "super premium".

Resultado: até hoje vende pouco e até já passou por pequenas temporadas de descontos, algo pouco habitual em modelos de luxo.

Outra moto que sofreu com o preço fora da casinha foi a Harley-Davidson Nightster. Herdeira da linha Sportster - que costumava ser a moto (bem) mais barata da marca americana -, chegou ao Brasil no primeiro semestre do ano passado.

Custava quase R$ 100 mil e, apesar do charme inegável, não tinha nada que justificasse tal valor. Vendeu pouco e saiu de linha discretamente oito meses depois.

Então o que será da nova R12? Não há dúvidas de que a R12 e um produto muito atraente. Mas apenas o tempo dirá se o comprador brasileiro de motocicletas ainda está disposto a gastar muito com exclusividade e beleza, ou se já exige mais do que isso para levar uma moto de grife para sua garagem.

Importante lembrar que as concorrentes diretas ou indiretas custam bem menos. As charmosas Triumph Bonneville T120 Black, Speed Twin 1200, Bobber e Speedmaster ficam na faixa dos R$ 62 mil a R$ 67 mil, a forçuda Honda CB 1000R vai de R$ 78,8 mil a R$ 87,7 mil, a nervosíssima Yamaha MT-09 fica na faixa dos R$ 66 mil e a elegante Kawasaki Z900 RS parte de R$ 70 mil.