Marca de capacetes Bieffe completa 50 anos

Conheça a interessante e bem-sucedida história de uma das principais fabricantes de capacetes presentes no Brasil

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Roberto Dutra
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Não é todo dia que uma empresa ligada ao mundo das duas rodas completa 50 anos. Ainda mais atuando no Brasil, onde - como todos sabemos - é preciso muita raça para enfrentar problemas como a burocracia infinita e a carga tributária inacreditável.

Mas, contra tudo isso e mais um pouco, a fabricante de capacetes Bieffe completa meio século de estrada este ano. O caro leitor imagina como tudo começou - e seguiu em frente? Vamos por partes: antes do feijão com arroz, veio a pizza!

A Bieffe original foi fundada por Daniele Bizzarri, em 1972, na cidade de Lucca, na bela região da Toscana, na Itália. Era uma empresa tipicamente italiana, com administração familiar, que começou fazendo apenas 50 unidades por dia - mas cresceu tanto que chegou a ter sete fábricas!

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Até o renomado estúdio italiano de design Zagato entrou na jogada e fez projetos para a Bieffe
Crédito: Reprodução/ Acervo Bieffe
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Sua chegada ao Brasil aconteceu somente em 1993, através de um "acordo de produção e troca de tecnologia" com a Starplast. Mas a história da fabricante brasileira também começou bem antes...

Nos idos de 1984, uma pequena empresa chamada Stardiesel Fiberglass, capitaneada por Rubens Coelho de Souza e com sede em São Paulo (SP), fazia produtos em fibra e começou a produzir baús para motos. Pouco depois, a empresa resolveu ampliar sua linha e lançou seus próprios capacetes, então com a marca Star.

O capacete Integral Cross era moda na década de 70: casco arredondado e pala
Crédito: Reprodução / Acervo Bieffe
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Em 1986, a empresa se mudou para Barueri (SP) e passou a se chamar Starplast. No final de 1991, comprou a marca Peel´s (que existia desde 1978) e se fortaceleu no segmento. Em 1993, quando o Brasil efetivamente reabriu as importações, veio o acordo com a Bieffe italiana.

- Não fazia sentido trazer importado, porque ficaria muito caro. Então naquele início era uma espécie de "CKD de capacetes". Recebíamos os capacetes desmontados e montávamos e dávamos o acabamento aqui - conta Oswaldo Coelho de Souza, filho do fundador e atual diretor da Starplast.

Oswaldo Coelho de Souza, diretor da Starplast, mostra o capacete comemorativo dos 50 anos da Bieffe
Crédito: Divulgação
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Foi assim durante uns dois ou três anos. Depois a fábrica italiana começou a mandar os primeiros moldes pro Brasil, que foram replicados e deram origem, efetivamente, aos primeiros Bieffe nacionais.

Mas, nos idos de 1996 e 1997, a Bieffe italiana derrapou. Mais de 60% do controle da empresa foram para as mãos de fundos de investimentos e seu fundador morreu. Com gerenciamento confuso e passando de mãos em mãos, a empresa entrou em processo de falência em 2003.

A Bieffe fechou por lá, mas o acordo com a Starplast continuou em vigor - até porque a brasileira era uma das credoras da italiana. A essa altura, a Starplast já tinha erguido do zero sua sede e fábrica atual, que fica em Iracemápolis (SP), que começou a operar em 1999.

- Foi uma pena porque o Bizzarri era muito criativo, um ponto fora da curva. Mas negociamos para ficar com a marca, e ela passou a ser nossa no mundo todo - lembra Oswaldo.

Capacidade ampliada

Em 2007, a Starplast abriu uma segunda fábrica - em Salvador (BA). Lá passaram a ser produzidos os capacetes da marca Fly, que também faz parte do portfolio da empresa junto com as linhas Peel´s e Bieffe - este são feitos em Iracemápolis (SP).

Parte do processo de produção ainda é manual, como a adesivagem e a instalação do Smart Trip
Crédito: Divulgação
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As três marcas são bem diferentes. Não compartilham cascos e ocupam posições distintas no mercado - a Bieffe é a mais sofisticada, a Peel´s é intermediária e a Fly, uma "linha econômica". Mas todos os modelos das três marcas são igualmente certificados em segurança pelo Inmetro. Atualmente, a capacidade de produção nas duas plantas, somadas, é de cerca de 600 mil capacetes por ano.

As duas fábricas da Starplast têm capacidade para fazer, somadas, até 80 mil capacetes por ano
Crédito: Divulgação
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Boa parte da produção dos Bieffe é exportada para vários países da América Latina. Para isso, os capacetes atendem a várias normas de certificação, como a NBR 7471 do Brasil, a ECE05 de diversos países europeus, a DOT e a SNELL dos Estados Unidos e a IRAM da Argentina.

A marca Bieffe, inclusive, passou recentemente por uma bem-sucedida estratégia de reposicionamento de imagem e mercado: ficou mais "premium", com pinturas e acabamentos mais refinados, e ganhou uma linha mais extensa - com diversos modelos abertos, fechados, trail, enduro e até "old school".

O New B12 comemorativo dos 50 anos é a atual estrela da Bieffe: belas cores e design bacana
Crédito: Divulgação
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Mas a estrela da linha, no momento, é justamente um capacete especial "comemorativo": o B12 50 anos - uma edição limitada a 600 unidades, sempre nas cores preta, cinza e dourada (combinação infalível), que tem preço sugerido de R$ 595 - praticamente o mesmo dos outros Bieffe B12.

Investimento em conectividade

A marca também viu que a conectividade em veículos estava cada vez mais forte e apostou nisso: criou o Smart Trip, que opcionalmente já pode vir de fábrica nos capacetes Bieffe. É um sistema de áudio interno, com dois alto-falantes e um microfone, para ser conectado via Bluetooth a um smartphone. Assim, permite atender ligações, ouvir músicas e seguir orientações do GPS ou de apps como o Waze. O dispositivo, claro, já vem com um cabinho USB para que suas baterias possam ser recarregadas.

Criação da Starplast, o sistema Smart Trip é simples de instalar e de usar, e ao mesmo tempo muito útil e prático
Crédito: Reprodução da internet
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- Pensamos em que tipo de produto poderíamos agregar ao capacete para facilitar a comunicação do piloto no dia a dia. Mas não queríamos algo grande nem pesado, e por isso descartamos um intercomunicador - explica Oswaldo.

Facilidade para obter peças de reposição

Outro barato da Bieffe (e também de Peel´s e Fly) está na facilidade para obter peças de reposição. Quem já comprou um capacete bom e teve que aposentá-lo prematuramente porque alguma peça quebrou de maneira boba e depois não acho a reposição sabe a tristeza que é.

Para evitar isso, a Bieffe tem uma loja on-line, que vende kits de reparo e peças em geral - como viseiras, entradas de ar, mecanismos laterais, forrações internas e palas para todos os seus modelos.

A lojinha está em restruturação, mas volta ao ar em agosto. Com ela, uma simples viseira arranhada ou um encaixe lateral quebrado não são mais motivos para abandonar um capacete.

O piloto Eugenio Lazzarini competiu muitas vezes usando capacetes fornecidos pela Bieffe
Crédito: Reprodução da internet
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Uma longa história nas competições

Além de ter se tornado uma das principais marcas de capacetes no Brasil, a Bieffe, nestas cinco décadas, já esteve na cabeça de muita gente famosa no Brasil e lá fora. Como as dos pilotos Michele Rinaldi, Eddie Irvine, Gerhard Berger, Nicola Larini, Eugenio Lazzarini, Gianni Morbidelli, Jeremy McWilliams, Graziano Rossi, Loris Capirossi, Max Biaggi, Diddier de Radiguès, Stefan Everts, Donny Schmit, Alex Puzar, Bob Moore, Adilson Cajuru, Eduardo Saçaki, Massoud Nassar, Klever Kolberg, André Azevedo, Jean Azevedo, Juca Bala, Luiz Mingione, Pedro Paulo Diniz entre outros. Sim, a lista é imensa. E deve crescer nos próximos 50 anos.

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