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Motos com carburador entram em extinção no Brasil

Fase M5 do Promot entra em vigor, o que deverá inviabilizar as carburadas. Abraciclo revela projeções para 2023

por Roberto Dutra

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas Ciclomotores Motonetas Bicicletas e Similares (Abraciclo) fez uma reunião virtual com a imprensa especializada na manhã de ontem. E um dos assuntos abordados no evento foi o início da Fase M5 do Programa de Controle de Poluição por Motocicletas, Motociclos e Ciclomotores (Promot).
Alinhado à norma Euro 5, o Promot M5 entrou em vigor no dia 1ºde janeiro e trouxe novidades. Estabelece novos limites de emissões, introduz limites para emissões de aldeídos e de hidrocarbonetos não metano (NMHC) - que compreendem os HC totais (THC) menos a parcela de metano (CH4) - e ainda exige redução de 50% na emissão de monóxido de carbono (de dois quilos para um quilo por quilômetro rodado).

Além disso, também passa a exigir uma "novidade tecnológica": que as motos tenham o chamado On Board Diagnosis (OBD). Na prática, é uma luzinha de alerta indicando alguma anomalia no conjunto alimentação/motor, que possa levar a inconformidades nas emissões.

Dias contados para motos com carburador

Com essas exigências, as motos zero-quilômetro alimentadas por carburadores finalmente devem ser extintas no Brasil. Na prática, já são pouquíssimas. Todas as motos feitas pelas marcas associadas à Abraciclo, por exemplo, já são injetadas.

As motos com carburador até poderiam sobreviver. Mas as mudanças que teriam que sofrer para se adequar à nova legislação exigiriam investimentos inviáveis. Além disso, ficariam com o desempenho prejudicado, por conta das restrições nas emissões. Ou seja, em breve não haverá mais nenhuma moto com carburador zero-quilômetro à venda no país.
- As motos carburadas não conseguirão atender ao Promot M5, porque teriam restrições como potência baixa e relação peso/potência prejudicada - lembra Paulo Takeuchi, diretor executivo da Abraciclo.

Projeções para 2023

Segundo dados da Abraciclo, o país produziu, em 2022, 1,43 milhão de motocicletas. Um volume 18,2% superior às 1,19 milhão de unidades feitas no ano anterior. Os emplacamentos chegaram a 1,36 milhão, ou 17,7% a mais que os 1,15 milhão de 2021 - a diferença para a produção entra na conta de exportações, entre outros.
A entidade destacou que as regiões brasileiras com maior volume de negócios foram, pela ordem, Sudeste, Nordeste, Norte, Sul, Centro-Oeste.

- As carteiras de consórcio têm muita força no Sudeste. Por isso essa região se destacou das demais - explicou o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian. Mas o estado que teve mais crescimento no volume de vendas foi o Amazonas, com significativos 57,6%.

A força dos consórcios

Aliás, quem tem curiosidade de saber mais sobre consórcios deve saber que, no ano passado, eles responderam por nada menos que 28,9% das vendas. Já os financiamentos entraram com 15% e os pagamentos à vista envolveram 12,5% dos negócios. Os outros 43,6% foram resolvidos de outras formas - com motos na troca, etc.
Outro dado interessante mostrado pela Abraciclo mostra a participação de mercado por cilindrada. As motos pequenas, com motores de até 160 cm³, responderam por 82,6%. Já as motos com motores de 161 cm³ a 449 cm³ entraram com 14,2% e as motos com mais de 450 cm³ responderam por 3,3%.
Por fim, a entidade projeta para este ano um crescimento próximo de 10%, com a produção de 1,55 milhão de unidades. Destas, 1,49 milhão serão para o mercado doméstico e 59 mil destinadas às exportações.
O Brasil é, atualmente, o sétimo maior mercado de motos do mundo. À frente estão, pela ordem, a China, com 22 milhões de unidades anuais; Índia, com 18 milhões; Indonésia, com 4,9 milhões; Vietnã, com 3,1 milhões; Tailândia, com 1,8 milhão; e Filipinas, com 1,6 milhão.
- Mas vale destacar que o Brasil é o único país de destaque fora os mercados asiáticos - lembra Marcos Fermanian.

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