Pilotagem defensiva: chave para um trânsito melhor

O que é, como funciona e os efeitos reais da condução que evita acidentes e contribui para um trânsito mais civilizado

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Roberto Dutra
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O caro leitor certamente já ouvir falar sobre pilotagem defensiva - ou condução defensiva. Mas pouca gente sabe, ainda hoje, o que é isso na prática, como funciona e seus efeitos na vida real - ou seja, no trânsito do dia a dia.

Quando esses aspectos são realmente compreendidos, torna-se mais fácil aplicá-los na vida real. E, ao fazer isso, cada condutor - de qualquer tipo de veículo - passa a ser um agente de transformação ao contribuir para evitar acidentes e para fazer do trânsito algo mais seguro e civilizado para todos. Até para aqueles que não agem dessa mesma maneira.

O conceito de pilotagem defensiva

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A condução defensiva vale para qualquer tipo de veículo, mas aqui vamos focar nas motocicletas - que, por seu tamanho e peso, são os veículos automotores mais vulneráveis no trânsito. E, da mesma forma, têm a bordo os condutores mais vulneráveis. Afinal de contas, sem a proteção de uma "carroceria", moto e piloto ficam bastante expostos a danos em qualquer tipo de acidente, por menor que seja.

Pilotar defensivamente não significa, necessariamente, conduzir a moto com medo de tudo que está à volta. Pilotar defensivamente é, basicamente, tomar cuidados naturais, técnicos e até de bom senso que reduzem exponencialmente os riscos.

São medidas, em sua maioria, simples. Como manter-se longe dos focos mais confusos do trânsito, nunca fazer dele uma competição, deixar os apressados passarem à frente, dar a passagem em vez de disputar os espaços e não correr riscos desnecessários para ganhar alguns segundos de tempo.

Há cada vez mais motos rodando nos grandes centros: melhor ficar longe das confusões
Crédito: Reprodução
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Para que serve a pilotagem defensiva?

Basicamente, para reduzir os riscos ao mínimo possível, para melhorar o nível de segurança do motociclista e, por consequência, também do trânsito como um todo. Mais da metade dos acidentes com motos são culpa exclusiva do piloto, que naquele momento estava em velocidade inadequada, e/ou fazendo alguma manobra equivocada e/ou ainda arriscando por "achar que dá". Mas não deu, pois faltou combinar com o motorista que não viu o motociclista e lhe deu a fechada que causou um acidente.

A pilotagem defensiva também pode evitar aquela boa parte dos acidentes cuja culpa não é exclusiva do motociclista, mas que de alguma forma teve sua participação - mesmo que completamente involuntária.

Por exemplo, se o motorista de um carro não enxergou o motociclista em seus três espelhos, pode ter sido sua distração e/ou imperícia. Mas se o piloto agisse defensivamente, anteciparia a necessidade de estar mais visível e, no mínimo, reduziria as chances de não ser visto.

Manobra comum, ultrapassar carros que estão rodando lado a lado é, na prática, um grande risco
Crédito: Reprodução
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A pilotagem defensiva no mundo real

Quem pilota moto todo dia passa continuamente por situações que podem trazer riscos. A pilotagem defensiva é justamente a forma como o piloto vai reduzir ou anular esses riscos. Por exemplo, ao rodar no corredor, passar entre dois carros que estão lado a lado é algo arriscadíssimo.

Vemos isso todos os dias, dezenas de vezes, e chega a ser surpreendente que o número de acidentes nesta situação não seja imenso. A solução é tão simples quanto pouco aplicada: esperar que um carro fique mais à frente e o outro, mais atrás - desta forma, o motociclista terá, durante toda a ultrapassagem, alguma área de escape em relação aos dois.

Pilotar defensivamente também é rodar o tempo todo em velocidades compatíveis com as vias e com o trânsito. Isso sempre dará ao piloto mais tempo para reagir ao imponderável. A 100 km/h, por exemplo, a moto está rodando 30 metros por segundo. Ou seja, se o motociclista estiver a 100 km/h, terá apenas um segundo para ver, entender e reagir a algum imprevisto que surja 30 metros adiante. É pouquíssimo tempo.

Da mesma forma, um cuidado fundamental e raramente praticado é não passar dos 40 km/h nos corredores - acima disso, um carro que mude de faixa sem avisar ou uma porta que se abra repentinamente no trânsito parado causarão um acidente: a moto não vai parar mesmo com o acionamento dos freios em força máxima: vai deslizar e colidir.

Se o piso estiver molhado, então, é causa perdida. A 40 km/h ou abaixo desta velocidade, a frenagem será mais eficiente e a parada acontecerá em uma distância muito menor. E vale lembrar que 40 km/h são 11 metros por segundo - uma distância mínima para qualquer reação!

Se não há espaço para seguir no corredor, pare e espere: os carros não são obrigados a abrir caminho
Crédito: Reprodução
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Outras atitudes defensivas importantíssimas e simples são aquelas que todo motociclista deveria adotar por simples bom senso: manter o farol aceso o tempo todo, buscar uma posição sempre visível para os outros motoristas, jamais fazer manobras repentinas e, claro, não falar nem escrever no celular quando estiver pilotando. Aliás, o celular se tornou um dos grandes "inimigos" dos motociclistas - e não há desculpas: falou ou escreveu, perdeu o foco no trânsito. É inevitável.

A pilotagem defensiva evita até a violência

Os motoristas dos automóveis não são obrigados a dar passagem para as motocicletas, inclusive no que se refere a "abrir" espaço nos corredores. Não existe lei que os obrigue a fazer isso. Então, quando o fazem, é uma gentileza. Assim, o motociclista não tem nenhum direito de exigir isso e de brigar por isso - muito menos sendo agressivo.

Muitas brigas de trânsito - com ferimentos e até mortes - começam desta maneira. Quem pratica a pilotagem defensiva não força passagem, não fica nervoso porque um carro não lhe deu espaço e, no fim das contas, não começa uma discussão que pode virar uma briga ou até algo pior.

Os efeitos práticos da pilotagem defensiva

Um dos efeitos mais práticos que a pilotagem defensiva traz para o piloto é uma melhor qualidade de vida. Quem pilota defensivamente corre menos, leva menos sustos no trânsito, se estressa menos, fica menos tenso e, no fim do dia, volta para casa menos cansado. A médio prazo isso se reflete até na saúde do motociclista.

E há outro efeito prático da pilotagem defensiva que o motociclista sentirá no próprio corpo. Ou melhor, não sentirá: quem não pilota agressivamente tem menos chances de se acidentar. Isso quer dizer que estará reduzindo as chances de estresse do momento da ocorrência, assim como de machucados, ralados, fraturas, invalidez temporária para trabalhar, necessidade de cuidados especiais como tratamentos e fisioterapia, gastos com medicações e despesas com o conserto da moto (quando isso é possível).

Isso tudo sem mencionar consequências piores. Como o caro leitor pode ver, muita coisa ruim pode ser evitada com o simples ato de se pilotar uma moto defensivamente, com respeito às regras e ao bom senso.

Os Centros de Educação no Trânsito Honda (CETHs) ficam em Indaiatuba (SP), Recife (PE) e Manaus (AM)
Crédito: Divulgação
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A pilotagem defensiva é mais do que uma atitude

A pilotagem defensiva é feita de atitudes, de técnicas na condução e de entendimento da dinâmica do trânsito. Mas vai além disso. Também passa por medidas complementares, como estar bem equipado, manter a moto em estado adequado à rodagem - com tudo funcionando - e pela própria preparação do motociclista

Esta não deve se limitar às aulas das moto-escolas (os "centros de formação de condutores"). Afinal, as moto-escolas ensinam, basicamente, a "passar na prova" - o "aprendizado", mesmo, acontecerá depois, com a carteira de habilitação na mão e no mundo real, nas ruas.

Melhorar a pilotagem é dever de cada um: como fazer?

Depois que tiver a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em mãos, invista em um curso de pilotagem - ou vários. Existem vários, principalmente nas grandes capitais brasileiras. A fabricante de motos Honda, por exemplo, tem três Centros de Educação no Trânsito Honda (CETHs), em Indaiatuba (SP), Recife (PE) e Manaus (AM), onde são ministrados cursos de pilotagem de diferentes níveis.

Com foco na segurança há o elogiado curso da Academia Brasileira de Trânsito (ABTrans), ministrado pelo ex-piloto Geraldo "Tite" Simões. É ideal para iniciantes ou reciclagens, mas também há específicos para pilotos experientes e até para frotistas.

Além destes, há os cursos de outras fabricantes e os específicos para diferentes tipos de motos, com pilotos (re)conhecidos nacionalmente - Leandro Mello e Rafael Paschoalin para motos esportivas, Zanoni Botelho para modelos custom de alta cilindrada e Trinity Ronzella para off-road, entre vários outros. Os cursos de pilotagem trazem ensinamentos mais complexos e úteis do que aqueles fornecidos pelas moto-escolas, e efetivamente melhoram a perícia do piloto.

O curso da ABtrans, em São Paulo, abrange desde iniciantes a pilotos experientes e frotistas
Crédito: Reprodução
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Outra atitude individual que cada um pode adotar é praticar a pilotagem defensiva no seu dia a dia. Afinal, a condução de uma motocicleta é como a maioria das coisas na vida: melhora com o treino e com o tempo.

10 dicas para multiplicar sua segurança por 10

A pilotagem defensiva é uma reunião de muitos conceitos abstratos e práticos. Mas, de certa forma, podemos resumi-las em 10 dicas importantes - e provavelmente as moto-escolas não ensinam algumas delas. Confira abaixo:

  • Distâncias seguras
  • Pode parecer uma dica óbvia, mas nem todo motociclista mantém uma distância segura dos outros veículos - inclusive de outras motos, nos corredores. A qualquer momento um carro, ônibus ou moto pode parar ou mudar de faixa repentinamente - inclusive sem sinalizar. Então mantenha distâncias seguras para ter tempo de reagir a algum imprevisto.

    • Corredores
    • Transitar nos corredores, entre os carros, é algo inevitável. Então faça-o a no máximo 40 km/h. Nesta velocidade, você está percorrendo 11 metros por segundo. Então se algo acontecer 11 metros à sua frente, seu entendimento do problema e sua reação ao problema devem acontecer em exatamente um segundo. Além disso, até essa velocidade sua moto freará com mais eficiência. Ainda nos corredores, se apressadinhos colarem na sua traseira, dê passagem: a sua segurança é mais importante do que a pressa alheia.

      Falar ou escrever no celular enquanto estiver pilotando pode ser fatal: sempre haverá desvio de atenção
      Crédito: Roberto Dutra/WM1
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      • Carro não é obrigado a abrir passagem
      • No trânsito urbano é quase inevitável que as motos passem por entre os outros veículos, que ficam presos nos congestionamentos. Mas eventualmente, quando não há espaço, as motos também ficam paradas. Aí, nada de reclamar ou buzinar sem parar: os motoristas dos outros veículos não são obrigados a abrir passagem. Quando o fazem, é uma gentileza. Se isso não acontecer, espere. Se acontecer, agradeça e siga. Lembre-se: gentileza gera gentileza.

        • Lugar adequado com trânsito fluindo
        • Quando o trânsito estiver fluindo, a moto deve ocupar o espaço de um veículo maior. Ou seja, transitar na faixa e não entre elas. Naturalmente você deve rodar sobre a "parte limpa" da pista, que não necessariamente será o meio da faixa. Identifique-a e rode por ali. Mas, dentro de túneis e pistas expressas "fechadas", evite ficar colado nas muretas e paredes - rode mais próximo às faixas que dividem as pistas para efetivamente ocupar um bom espaço e não ser "empurrado". Nesta posição você também ficará mais visível e verá melhor tudo à sua volta.

          • Veja e seja visto
          • Ande sempre com o farol aceso e use a buzina como item de segurança, e não de raiva: buzine quando identificar que algum motorista ainda não percebeu sua presença no entorno do veículo dele. Fique de olho nos espelhos dos outros veículos para ter certeza de que estão te vendo: se você vê o rosto do motorista, em teoria ele também te vê.

            Além disso, saia de perto de motoristas que estão dirigindo com o celular nas mãos ou no ouvido, evite ultrapassagens pela direita (se já não te vêem muito pela esquerda, imagine pela direita) e use seus espelhos corretamente, na posição horizontal - você tem que ver bem o que vem pelos lados, e não o que vem atrás. Ppor isso, nada de espelhos ridiculamente "virados para cima".

            • Posicionamento na moto e foco na pista
            • Pode parecer óbvio, mas muita gente pilota em posição inadequada. Sente-se sempre mais próximo ao tanque da moto do que para trás, pois isso facilitará suas manobras. Pelo mesmo motivo os joelhos devem ficar colados no tanque e os pés devem ficar retos sobre as pedaleiras - jamais inclinados para a frente. Feito isso, mantenha-se concentrado no trânsito e não use o celular quando em movimento - se isso for necessário, pare a moto e aí, sim, escreva ou fale.

              O correto posicionamento na moto torna a pilotagem mais fácil, segura e eficiente
              Crédito: Divulgação Honda/Caio Mattos
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              • Bagagens e volumes
              • Se sua moto tem bagageiro tipo grelha, prenda sua bagagem ali atrás com redinhas e extensores. Como você sabe que está bem preso? Se você mexer na bagagem e a moto mexer toda junto, é porque está bem preso! Lembre-se: bagagens mal fixadas podem se soltar e causar acidentes. Quem tem baú deve dar preferência para o transporte de objetos ali dentro, onde estarão mais seguros - e você também.

                • Cruzamentos e conversões
                • Muitos acidentes com motos acontecem nessas situações. Então fazer o certo não custa nada: pare, olhe, escute e só vá na certeza. Se você pensou "acho que dá", não vá. E, claro, evite as bandalhas - se não existe retorno ali, é porque retornar ali é arriscado e você pode não ser visto.

                  • Use o freio-motor
                  • Como já mencionamos, motos de baixa cilindrada não costumam ter os melhores freios do mundo. Então use sempre as reduções de marcha - e consequentemente o freio-motor - para aumentar sua capacidade de frenagem. Se o piso estiver molhado, mais ainda. Além disso, acione sempre os dois freios (nunca só o dianteiro ou só o traseiro) e jamais freie acionando a embreagem, pois aí você perde completamente o freio-motor.

                    Quando isso acontece, todo o peso da moto - somado ao seu - terá que ser parado somente pelos freios, com carga excessiva na roda dianteira. Por fim, falando em embreagem, sempre que parar nos semáforos, bote o câmbio no neutro e solte a embreagem: você estará poupando todo esse sistema, aumentando sua vida útil e reduzindo custos.

                    Acionar os freios com o manete da embreagem puxado gera perda na capacidade de frenagem
                    Crédito: Roberto Dutra/WM1
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                    • Pisos com baixa aderência
                    • Choveu? Tem caminhão pela frente? A área está em obras? Em qualquer dessas situações, reduza a velocidade. Todas elas podem implicar em redução substancial da aderência do piso. O chorume que caminhões deixam pelo caminho, por exemplo, é tão escorregadio quanto óleo. Na chuva, as faixas pintadas ficam bem menos aderentes. E áreas com obras levam areia e outras sujeiras para a pista. Fique ligado!

                      E, por fim...

                      • Dica extra: a mais importante!
                      • Instrutores de pilotagem sempre destacam essa dica como a mais importante de todas, e que engloba "partes" de várias outras: olhe sempre para onde você quer ir. Isso porque a moto sempre irá para onde você está olhando. Então se há uma curva mais adiante, entre nela já olhando para o seu final - e você fará a trajetória perfeitamente.

                        Apareceu um buraco na pista? Olhe para onde você deve ir para escapar dele, e não para ele - desta forma, você provavelmente evitará o buraco. A sua visão atenta é seu instrumento mais importante!

                        O piloto deve olhar para onde deseja ir: a moto sempre vai para onde o piloto está olhando!
                        Crédito: Divulgação Honda/Caio Mattos
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                        Webmotors parceira de "F1, o Filme"

                        A Webmotors é parceira oficial do "F1, o Filme" no Brasil. Então, se você, assim como nós do WM1, é fanático por velocidade e pela principal categoria do esporte a motor no mundo, não deixe de ir aos cinemas a partir do dia 26 de junho e acompanhar a obra cinematográfica mais aguardada dos últimos anos. O filme é uma produção da Apple Original Films, é distribuído pela Warner Bros. Pictures e tem como protagonista ninguém menos que Brad Pitt.

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