A reforma de pneus de motocicleta é um dos grandes problemas para a segurança no trânsito no Brasil. Proibida pela Resolução 913/2022, do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), a prática bota em risco a segurança de motociclistas, que podem sofrer graves acidentes ao usar esse tipo de pneu.
A reforma em pneus de motos é proibida tanto por recapagem quanto por recauchutagem - ou qualquer outro processo de reaproveitamento. Além do mais, a remoldagem de pneus pode encobrir uma carcaça já fadigada pelo seu uso anterior. A margem para erro é zero. Por isso, a reforma de pneus nesse segmento é vista como um risco inaceitável. O alerta é da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP).

O pneu reformado para motocicletas pode apresentar deformações que afetam a aderência, a estabilidade, o conforto e a eficácia da frenagem, comprometendo a segurança do condutor. Com uma área de contato reduzida com o solo e submetidos a fortes forças laterais em curvas e frenagens, os pneus de motocicletas precisam ter integridade estrutural absoluta. Qualquer falha, como o descolamento da banda de rodagem, pode causar perda imediata de aderência, resultando em risco de acidente.
Assim como nos países que têm o trânsito mais seguro do mundo, o Brasil proíbe expressamente a reforma de pneus em veículos de duas rodas. As implicações legais são severas. As oficinas que realizam esse tipo de serviço podem ser responsabilizadas judicialmente em caso de acidentes.
O uso de pneus reformados em motocicletas também pode levar à reprovação em vistorias, e ainda gerar multas e apreensão do veículo. E, para os condutores, o não cumprimento da regulamentação é considerada infração grave, com pena de multa e perda de cinco pontos na carteira.
Importante destacar que a prática de "riscar" ou "frisar" o pneu, algo que é feito em borracharias, também é proibida. Pega-se um pneu gasto e, com um ferro de sola quente, abrem-se sulcos com o mesmo desenho dos originais na banda de rodagem. Desta forma, o pneu parece estar pronto para rodar mais um pouco.
Só que não: a camada de borracha já estava bem fina, na linha ou abaixo do marcador de desgaste (conhecido como TWI) e as chances do pneu furar ou simplesmente "abrir" ou descolar aumentam exponencialmente.
O uso de equipamentos adequados ajuda a reduzir os riscos de acidentes. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), baseado em dados do Ministério da Saúde, aponta que, de janeiro a novembro de 2024, nada menos que 148.797 motociclistas foram internados no SUS em decorrência de acidentes em todo o Brasil.
O custo dessas internações ao SUS foi de R$ 233,3 milhões. No mesmo período de 2014, o número de internações tinha sido de 95.373. Ou seja, um aumento de 56% em 10 anos.