Vale botar pneus mais largos ou de carro na moto?

Calçar as motocicletas com medidas originais é sinônimo de segurança, desempenho e economia para o piloto

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Roberto Dutra
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Chegou a hora de trocar os pneus da motocicleta. O que fazer: substituí-los por pneus com as medidas originais ou por mais largos, para melhorar o visual? Muitos motociclistas já ouviram essa frase: “Coloquei pneus mais largos e a moto ficou show, linda”. Porém, na prática, a beleza de um pneu mais largo não traz melhor desempenho e nenhuma vantagem. Entenda o porquê disso.

Uma situação típica no mundo das motos: o proprietário vai trocar o pneu. Após consultar amigos, usuários do mesmo modelo de motocicleta, grupos de discussão na internet, aceita colocar um pneu maior, até mesmo encorajado por mecânicos de algumas oficinas e motopeças. Diversas motos são o “alvo” dessa moda, que pode ser perigosa: desde pequenas 125 cc até nakeds, como a Suzuki Bandit.

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Nas ruas e em fotos na internet, pode-se perceber que um dos modismos é colocar um pneu traseiro maior na Honda CBX 250 Twister. Os usuários dessa 250cc muitas vezes optam em colocar pneus mais largos como os de 140 e 150 milímetros de largura, ao invés do original nas medidas 130/70 – 17.

Mas, para isso, realizam adaptações, que chegam até a alargar a balança. O que prejudica a estrutura original da moto. Especialistas alertam que o consumo aumenta, a relação tem desgaste prematuro devido ao pneu ser mais pesado, e velocímetro e o hodômetro são afetados.

Mais riscos que o imaginado

Outro ponto importante é que pneus maiores que os originais geram maior desgaste na banda de rodagem devido à maior área de contato com o asfalto, o que deixa o pneu ‘quadrado’, o que dificulta a realização de curvas. Além disso, os pneus maiores são mais caros.

Outros componentes como a balança, protetor de corrente e os para-lamas podem sofrer avarias com o pneu fora das especificações originais. Corre-se o risco do pneu mais largo não entrar na balança, raspar no para-lama dianteiro e na parte inferior do para lama traseiro.

Pneu de carro na moto

A instalação de pneu de carro em motos é outro assunto recorrente nas redes sociais. Muita gente tem experimentado e as opiniões sobre o desempenho são polêmicas - mas, curiosamente, há mais aprovação do que reprovação. Isso, no entanto, não quer dizer que seja uma boa prática.

Essa aplicação tem sido feito predominantemente em motos custom de média e alta cilindrada - algumas Harley-Davidson, Honda Shadow VT600 e Yamaha XBV 535 Virago, entre outras - e, mais raramente em motos pequenas como as Suzuki Intruder 125.

5. Suzuki Intruder 125
Até na pequena Suzuki Intruder 125 há motoqueiros que colocam pneus de carro
Crédito: divulgação
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De maneira geral, o lado bom é que o pneu de carro custa bem menos que o de moto na medida equivalente ou similar, e sua durabilidade é muito maior. O lado ruim está na segurança - e com esse quesito em moto não se brinca. Isso se deve, basicamente, à construção do pneu e ao desenho dos frisos da banda de rodagem.

O pneu de moto tem construção arredondada, para proporcionar a correta aderência mesmo nas curvas. Além disso, o desenho dos frisos é sempre projetado para garantir não só essa aderência, como também a correta expulsão da água quando rodar em piso molhado - inclusive nas curvas.

Ao analisarmos um pneu de carro usado como se fosse de moto - veja a imagem abaixo - , percebemos que seu desenho quadrado proporciona uma área bem menor de contato com o solo nas curvas. Além disso, os frisos são mais "retos" e só vão expulsar a água mais corretamente quando  o pneu rodar em linha reta.

 A imagem permite ver que, com seu formato quadrado, o pneu de carro tem pouco contato com o solo nas curvas
Thumbnail Tirecomp Copia
Legenda: A imagem permite ver que, com seu formato quadrado, o pneu de carro tem pouco contato com o solo nas curvas
Crédito: divulgação
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Também é importante destacar que os pneus de carro são projetados para, proporcionalmente, suportar pesos bem maiores e dividir essa massa com os outros três pneus. Sendo assim, jamais proporcionarão em uma moto a resposta para a qual foram projetados - dividirão o peso de maneira diferente e com apenas mais um pneu, frequentemente de medida diferente.

Nessa conta entra, ainda, a temperatura: todo pneu proporciona suas melhores respostas em uma determinada temperatura - que será atingida somente ao rodar em suas condições ideais.

Em resumo, instalar um pneu de carro na motocicleta até pode funcionar na maior parte do tempo. Mas, nos momentos mais críticos, quando o piloto precisa da melhor resposta, poderá falhar na aderência e na expulsão da água, e botar a sua segurança em risco.

Mal comparando, é como instalar pastilhas de freio de qualidade inferior na moto, só porque são mais "baratinhas": funcionarão nas condições de exigência baixas ou normais, mas nos momentos críticos, quando esquentarem ou molharem, poderão não dar a resposta necessária. Então é melhor gastar um pouco mais e botar na moto, sempre, o pneu indicado pelo fabricante.

Original de fábrica

Para definir a medida original, as fábricas realizam uma série de testes com diversas medidas de pneus. Até escolher a mais apropriada. E a moto é projetada para aquela determinada medida.

A montadora visa, além da questão estética, o desempenho, a proposta da motocicleta, a durabilidade, a facilidade, o custo para reposição e a segurança.

Se você motociclista não sabe qual a medida original dos pneus de sua moto, consulte o manual do proprietário. Lá são informadas as dimensões e a pressão correta a ser utilizada nos pneus. Não tem como errar.

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