Se o assunto é moto, o mundo também é das mulheres

Número de habilitadas cresceu 96% em nove anos. Elas passaram a usar a moto para passeios e também para trabalho

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Roberto Dutra
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No Dia Internacional da Mulher, o mundo das duas rodas traz uma ótima notícia: as mulheres, cada vez mais, pilotam moto! É o que mostram dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) analisados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).

Segundo o órgão, em novembro do ano passado havia 7.833.121 mulheres habilitadas para esse tipo de veículo no país. Esse número representa um aumento de 95,7% quando comparado a 2011, quando elas somavam 4.002.094 habilitadas na categoria A.

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De 2017 para cá, o aumento foi ainda mais expressivo: mais de 985 mil mulheres tiraram a licença para pilotar moto. Entre elas está Luana Siqueira, psicóloga e acompanhante terapêutica de 36 anos, moradora do Rio de Janeiro. Luana tirou a categoria "A" há apenas cinco meses e desde então dedica os fins de semana a passeios pelas estradas no entorno do Rio de Janeiro - sozinha ou acompanhada de amigas do Musas do Asfalto Moto Grupo.

Luana Siqueira deixou o trauma de uma queda para trás e hoje desbrava estradas com sua Chopper Road 150
Crédito: Raíssa Cunha
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Curiosamente, Luana tinha medo de motos. Aos 17 anos, numa garupa, teve uma experiência ruim - caiu e se machucou. Apenas muitos anos depois, voltou a passear na garupa. Conheceu outros e outras motociclistas, se (re)encantou com aquele estilo de vida, deu uma voltinha com uma moto emprestada e pronto: se apaixonou pela vibração do motor, fez a moto-escola e comprou sua primeira moto (uma Haojue Chopper Road 150 devidamente batizada de "Girassol Prateado"). O resto é história.

"Tenho conhecido várias estradas e quero desbravar todas que puder. Quando peguei chuva pela primeira vez, transbordei de felicidade. E no moto grupo uma preza pela ajuda à outra, as mulheres se respeitam e todas amam a estrada. Com elas vivencio o estilo nômade com o qual sempre sonhei", explica Luana.

O Musas do Asfalto Moto Grupo em uma parada de seus muitos passeios: as veteranas orientam as novatas
Crédito: Divulgação
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Já o Musas do Asfalto Moto Grupo surgiu no início de 2018, em Niterói (RJ), parou no final de 2019, se reorganizou em 2020 e voltou com força total em agosto último. Nasceu do desejo de um grupo de amigas de estarem juntas na estrada. Elas passeiam, viajam e descobrem novos lugares. Nos fins de semana, reúnem em média 10 a 15 motociclistas, entre integrantes e convidados, para seus passeios. Uma de suas principais características está na preocupação das mais experientes em incentivar e orientar as novatas.

"Todas compartilham dos mesmos objetivos: pegar a estrada e ajudar as novas motociclistas a descobrir o maravilhoso mundo da moto. É muito bom ver que o número de mulheres em cima das motos está crescendo. É a mulher ocupando o lugar dela, que é onde ela quiser!", diz a presidente do Moto Grupo, Beta Nanci, pedagoga de 40 anos.

Moto é alternativa de trabalho também para as mulheres

O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, afirma que as empresas estão atentas ao número cada vez maior de mulheres que pilotam motocicletas. "É um público exigente e, por isso, o mercado precisa estar atento às suas necessidades. Há número crescente de mulheres que, inclusive, têm nas motocicletas sua fonte de renda, especialmente no cenário atual, em que os serviços de delivery passaram a ter grande papel social. Isso deu às motocicletas mais protagonismo nas ruas e avenidas", analisa.

Karla Carvalho criou um grupo no WhatsApp para ajudar mulheres iniciantes no trabalho de delivery
Crédito: Divulgação
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O uso da motocicleta como ferramenta de trabalho, aliás, é um outro aspecto dessa relação das mulheres com as motos. Em São Paulo, a motociclista Karla Carvalho, que trabalha de moto desde 2015, criou, no ano passado, com três amigas, o grupo de WhatsApp Mulheres no Asfalto. O objetivo era ajudar as iniciantes na trabalho de serviços de entrega durante a pandemia. O grupo continua ativo.

"Algumas perderam o emprego e compraram uma moto para garantir o sustento da família. Então trocamos informações, principalmente sobre segurança e a importância do uso de equipamentos de proteção para garantir a integridade física", explica Karla.

Quando começou, Vanda Lopes era a única mulher no delivery da empresa
Crédito: Divulgação
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Há motociclistas como Vanda Lopes da Silva e Camila Amaral Anjo Ferreira que já são veteranas. Vanda trabalha com serviços de entrega desde 2002, quando conquistou uma vaga numa empresa formada somente por homens. "Éramos 43 pessoas e eu, a única mulher. No primeiro mês, bati a meta de entregas. Com isso, aos poucos, conquistei o respeito de todos e o meu espaço", lembra.

Camila Amaral acha "divertido" trabalhar com motocicleta
Crédito: Divulgação
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Já Camila trabalha como "motogirl" há sete anos. No início, seria apenas uma renda extra. "Trabalhava para uma pizzaria e, quando fazia uma entrega, as pessoas ficavam impressionadas. Fui me apaixonando pela profissão. Trabalhar com motocicleta é muito agradável e não ficamos presos num lugar."

Habilitações crescem na faixa acima de 40 anos

A pesquisa do Denatran aponta outro dado bem curioso: o número de mulheres habilitadas para motos cresceu mais nas faixas etárias superiores. Se foi de 50,4% para aquelas com idades entre 26 a 30 anos, chegou a 169,4% para idades de 41 a 50 anos, 309% para as que têm entre 51 e 60 anos e incríveis 523% para com mais de 60 anos. Ou seja, no universo feminino, a idade não é critério para começar a pilotar uma motocicleta.

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