Shadow 750 e Sportster 883 usadas: qual a melhor?

Fora de linha há anos, a Honda e a Harley-Davidson ainda são muito procuradas no mercado de usadas. São bons negócios?

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Roberto Dutra
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Com o renascimento do segmento de motos custom no mercado brasileiro nos últimos anos, dois modelos que saíram de linha tempos atrás, mas que tiveram seus dias de glória, têm sido muito procurados no mercado de usadas: Honda Shadow 750 e Harley-Davidson Sportster 883.

Embora estejam no mesmo segmento, são motos bem diferentes. E até as legiões de fãs de cada uma também diferem bastante: os adoradores de Shadow 750 costumam desprezar a Sportster, e os admiradores da moto americana esculhambam a moto da marca japonesa sempre que podem. Chega a ser engraçado!

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Indo ao que interessa: fora paixões, qual das duas é a melhor no mundo real? Quais as vantagens e desvantagens de cada uma? Já antecipo que, racionalmente, as duas são interessantes e bons negócios. Só é preciso ver para qual delas é mais adequada ao perfil do "candidato". Vamos lá.

A primeira Honda Shadow 750 a chegar ao Brasil foi esta, a versão Aero - então nas cores vermelha ou preta
Crédito: Divulgação
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Honda Shadow 750

A Honda Shadow 750 chegou ao mercado brasileiro em 2006 na versão Aero. Tinha design pesadão e motor carburado.

Em 2009 ganhou injeção eletrônica e em 2011 mudou de visual - veio a versão Spirit, com o mesmo conjunto chassi/motor, mas com uma "roupa nova" mais afilada, visual mais leve e roda dianteira de 21 polegadas com pneu 90/90 - a Aero usava roda de 17 polegadas e pneu gorducho 120/90.

A moto ainda ganhou ABS nos freios na linha 2011/2012, mas saiu de linha em 2014. Para nossa inveja, continua sendo vendida normalmente até hoje nos Estados Unidos.

O motor da Honda Shadow 750 é manso: produz 45,5 cv de potência
Crédito: Divulgação
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E por que a Shadow 750 saiu de linha no Brasil? Por dois motivos básicos: primeiro, e mais importante, emissões. A Shadow 750 não passaria no Promot do ano seguinte e a Honda considerou que não valia a pena investir para adequá-la, visto que já não vendia tanto quanto em anos anteriores.

O segundo está na concorrência: naquela época, a Harley-Davidson Sportster tinha praticamente o mesmo preço da Shadow 750 - ambas na faixa dos R$ 35 mil.

Foi a época mais barata da moto americana no Brasil, e por isso vendia bem. Mas a inadequação ao Promot e concorrência, então, determinaram seu fim. Afinal, apesar da adoração pela Shadow 750, muitos do mundo customs sempre almejaram uma Harley, fosse ela melhor ou não.

Apesar disso, a Shadow 750 continuou em forte evidência no mercado de usadas e até hoje é muito valorizada. É possível comprar uma realmente boa na faixa dos R$ 32 mil a R$ 38 mil, dependendo do ano, da quilometragem e do estado.

A Honda Shadow 750 mudou de visual em 2011: roupa nova e roda dianteira de 21 polegadas
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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Para quem busca uma custom média confiável, com manutenção relativamente fácil e barata, e que ainda tem peças de reposição disponíveis - nem sempre baratas -, a Shadow 750 é ótima opção.

Mas é preciso saber algumas coisas. Primeiro, o desempenho da Shadow 750 é apenas ok. A moto não anda forte e não impressiona nas curvas ou frenagens. Isso embora seja melhor na estrada do que na cidade, onde seu comprimento de 2,43/2,50 metros, dependendo do ano, tira um pouco a agilidade.

O motor V2 com refrigeração líquida, e já injetado, produz 45,5 cv de potência a 5.500 rpm com torque de 6,5 kgfm a 3.500 rpm. Números razoáveis para uma moto com 240 quilos.

O câmbio de cinco marchas tem relações longas - e, por isso, a moto é relativamente econômica: em um rodar mais manso, chega a fazer em torno de 30 km/l.

O painel da Honda Shadow 750 fica sobre o tanque e tem moldura em forma de gota
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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Aí você terá uma ótima autonomia, já que o tanque pega 14 litros de combustível. A boa, mesmo, é viajar na faixa dos 100 km/h a 140 km/h, no máximo. Acima disso, a moto grita e o consumo aumenta bem.

Além disso, vale dizer que as Aero (2006-2010) têm um guidão baixo e largo que nem um berimbau, que pode não agradar a todos - ainda mais em viagens. Nas manobras, é bem ruim. Coisa fácil de resolver: bote um seca-suvaco de 12 ou 14 polegadas e você será feliz para sempre.

As Spirit passaram a vir com guidão estreito e pouca coisa mais alto, que lembra o da antecessora Shadow 600. Não é o supra-sumo do conforto, mas permite mudanças de trajetória ágeis e tem altura ok.

Com banco conforto, para-brisa, faróis auxiliares e plataformas, entre outros acessórios, a Shadow 750 fica muito melhor para viajar
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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Por outro lado, o banco da Aero é muito confortável, enquanto o da Spirit é sofrível - principalmente para um garupa. Então, principalmente se for levar alguém com frequência, é necessário trocá-lo.

E tanto na Aero quanto na Spirit recomenda-se, também, instalar um sissy-bar (encosto para garupa), que não é de linha.

Por fim, é importante destacar que a transmissão secundária da Shadow 750, em todos os anos, é por eixo cardã. Tem a vantagem de não exigir manutenção constante - apenas troca de óleo em intervalos bem longos -, mas se o pneu traseiro furar, trocá-lo será um drama.

E as rodas da Shadow são raiadas e usam pneus com câmara.

As primeiras Harley-Davidson Sportster 883 no Brasil - oficiais - foram as Hugger, nos anos 1990
Crédito: Divulgação
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Harley-Davidson Sportster 883

A história das Sportster no Brasil é longa. As primeiras das quais se tem notícias "oficiais" - segundo a tabela FIPE - foram as XL 883 Hugger, entre 1994 e 1996. Daí em diante vieram várias outras versões - XL 883 Standard, XL 883 Low, XL 883R, XL 883 Custom, XL 883 Iron.

Todas tinham o mesmo conjunto de chassi e motor, mas naturalmente com as devidas evoluções ao longo do tempo - carburador para injeção, ABS, suspensões aprimoradas etc.

A última versão foi a Iron, vendida até 2020. Também existiram modelos Sportster com motor 1200, mas aqui focaremos apenas nas 883.

A Sportster 883 saiu de linha no Brasil seguindo a então nova estratégia global comercial da marca: encerrar operações em alguns países, enxugar o line-up, tirar de linha os modelos mais baratos (como justamente as Sportster) e extinguir a linha Dyna (que ficava logo acima da linha Sportster).

A versão XL 883R foi uma das mais vendidas da Harley-Davidson Sportster 883 (acima, uma 2008)
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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Com isso, a Harley passou focar em modelos maiores, mais completos, mais sofisticado e mais caros, tudo para que a marca fosse vista como "super premium". O cavalo-de-pau foi tão grande que inclui até o inusitado lançamento da primeira big trail da história da marca, a Panamerica 1250.

Bem, a estratégia não deu lá muito certo. Harleyros no mundo inteiro reclamaram, a Panamerica não foi exatamente um sucesso (embora seja ótima moto), as vendas caíram, os lucros idem - embora o line-up só tivesse motos de alto valor agregado.

E agora a marca americana está bolando um novo plano comercial global.

Harley Davidson Sportster 883 Motor 2
Crédito: Reprodução da internet
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Na esteira disso, o CEO Jochen Zeitz, alemão, comunicou sua saída e, recentemente, o americano Arthur Starrs foi anunciado para o cargo. Vem aí uma nova estratégia comercial global...

Em meio a esse salseiro todo, a Sportster 883 sobreviveu muito bem no mercado de motos usadas. É valorizada, cobiçada e cultuada - mais por simbolizar muitíssimo bem o "lifestyle" da marca do que propriamente por atributos dinâmicos.

Mas vale dizer que seu motor, o famoso Evolution com bloco e caixa de cinco marchas juntos, é endeusado pelos harleyros - que o consideram confiável, forte e com manutenção relativamente simples.

O painel das Harley-Davidson Sportster 883 sempre foi simples assim: velocímetro e luzes-espia
Crédito: Reprodução da internet
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Vamos aos aspectos positivos da Sporster 883: a moto é bonita, muito customizável, tem história e se sai muito bem no trânsito urbano, onde seu comprimento enxuto de 2,28 metros e a frente pouco lançada à frente favorecem a agilidade. Além disso, é uma moto estreita, então vai bem na maioria dos corredores.

Isso tudo é ajudado por um desempenho realmente forte. Peguemos a versão XL 883R, que foi bem vendida: o motor V2 refrigerado a ar entrega cerca de 55 cv de potência a 5.750 rpm com 7 kgfm de torque a 3.750 rpm. Bons números para os cerca de 260 quilos da moto, em média.

Outra característica legal é a transmissão secundária por correia dentada. É um sistema bem mais leve que o eixo cardã, e que não pede tanta manutenção quanto a tradicional corrente. Tem enorme durabilidade - vai até os 100 mil quilômetros -, mas sua substituição é relativamente cara.

Na imagem, uma Harley-Davidson Sportster XL 883 standard 2007 com alguns acessórios
Crédito: Roberto Dutra/WM1
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Mas pelo menos não é muito complicada. E aqui também vale lembrar que a Sportster 883 tem versões com rodas de liga leve e pneus sem câmara.

Por fim, vale destacar que, apesar do que diz o imaginário coletivo, encontrar peças de reposição - principalmente de desgaste comum - e boas oficinas para fazer manutenção em uma Sportster 883 não é difícil. Já foi, mas não é mais: existem muitas.

Agora vamos aos pontos negativos: a Sportster não é exatamente uma moto confortável. Nenhuma delas, seja qual for a versão. De fato, alguns dizem que a moto, na configuração original, é um "erro de projeto".

É que, originalmente, as Sportster têm bancos duros, guidões baixos, pedaleiras do piloto recuadas demais e suspensões excessivamente rígidas (que melhoraram a partir de 2016). Então é uma moto que, para ficar realmente confortável, exige mudanças - e gastos.

Acima, uma Sportster 883 ano 2016, já com o sobrenome Iron e novas suspensões
Crédito: Divulgação
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Então, se puder, bote um guidão mais alto, um banco conforto, amortecedores traseiros decentes e comandos avançados. E aí você terá uma moto bacana, forte e muito gostosa de pilotar.

Outra característica ruim da Sportster é o tanque pequeno. Na XL 883R, por exemplo, só leva 12,5 litros. E como é uma moto que bebe bem - em torno dos 22 km/l, sofrendo -, sua autonomia dificilmente passará dos 200 quilômetros na estrada, acelerando com suavidade.

É possível comprar uma Harley-Davidson Sportster 883 na mesma faixa de preços que mencionamos lá em cima para a Honda Shadow 750 - de R$ 32 mil a R$ 38 mil, em média. Mas, claro, você encontra tanto de uma quanto de outra modelos com preços abaixo e acima desse intervalo.

Harley-Davidson Sportster 883 ou Honda Shadow 750: qual é a melhor usada para você?
Crédito: Divulgação
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Então qual das duas é a melhor para você?

Basicamente ficamos assim: a Shadow 750 é para quem busca conforto, a confiabilidade japonesa e a segurança de uma enorme rede de concessionários, e que por outro lado não faz questão de desempenho forte - até porque se trata de uma custom - e nem de que a moto seja, necessariamente, uma Harley-Davidson.

Já a Sportster 883 é para quem acha que moto custom tem que ser Harley-Davidson e/ou quer customizar e/ou sente necessidade de acelerar forte - e, no caminho inverso, não faz muita questão de conforto ou bom consumo ou está disposto a investir em aprimoramentos nesse aspecto.

Feitas as comparações, cabe ao caro leitor fazer sua escolha e pegar a estrada!

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