Você sabe calcular a "relação" da transmissão?
É hora de descomplicar e entender os números que envolvem corrente, coroa e pinhão. Mas nada de "DR", por favor!
Todo proprietário de motocicleta já ouviu falar da "relação" da moto, e provavelmente já entendeu que esse é o nome popular que se dá ao conjunto corrente - coroa - pinhão. Mas o que chamamos de "relação" é, na verdade, a transmissão secundária - ou seja, a que leva a força gerada pelo motor à roda traseira.
"Relação", mesmo, é outra coisa. A "relação" de uma moto é calculada de forma muito simples: divide-se o número de dentes da coroa pelo número de dentes do pinhão. Então, se a coroa tem, por exemplo, 48 dentes, e o pinhão tem 15, a relação da moto será de 3,2. E o que significa esse número? Significa que a cada volta completa da coroa, o pinhão dará 3,2 voltas.
É importante entender como funciona essa "relação" porque, muitas vezes, pode ser interessante mudar a configuração original para outra, mais adequada ao uso que a moto terá - de acordo com o local onde se vai circular a maior parte do tempo.
Por exemplo, na velha e boa Honda CB 400, a relação original é composta por uma coroa com 36 dentes e um pinhão de 16 dentes. Então a relação é 2,25. No caso de se querer "encurtar" a relação, troca-se o pinhão por um de 14 dentes. A moto ganha performance nas arrancadas, mas perde em velocidade final. Se a intenção for "alongar" a relação, aí troca-se o pinhão por um maior, com 18 dentes. Acontecerá o inverso: a moto perderá força nas arrancadas, mas ganhará velocidade final.
É vantajoso mudar a relação da moto?
Quem mora em cidades planas, com poucas ladeiras ou pouco trânsito pode querer alongar a relação. Além de ganhar velocidade, o motor vai trabalhar em giros mais baixos e consumir menos combustível. Já quem mora em lugar com muitas ladeiras, subidas e descidas, ou mesmo com o trânsito muito congestionado e até leva pessoas na garupa com muita frequência pode encurtar a relação e, assim, ganhar força na moto - que, por outro lado, provavelmente, vai consumir mais combustível.
Em qualquer troca pode ser necessária, também, a substituição da corrente. Aí é preciso atenção ao chamado "passo" da corrente (que costuma ser mostrado em números como 420, 460, 510, 530, etc).
Esse "passo" é a distância entre o meio dos elos da corrente, varia de acordo com os kits de transmissão e deve ser compatível com o conjunto em uso. Do contrário, pode haver desgaste prematuro de toda a "relação" - e até danos mais graves, como rompimento da corrente com a moto em movimento. Um péssimo final para a "relação"...