A briga entre os modelos de entrada no mercado brasileiro de motocicletas é um tanto desigual. Enquanto a Honda CG 160 - cuja linha é composta por quatro versões - vende 35 mil unidades por mês, em média, a Yamaha Factor 150 - que atualmente tem duas versões, standard e DX - fica ali na casa das 4.500 unidades mensais.
Mas porque acontece essa diferença tão gritante de números? Bem, há várias razões: a Honda tem uma capacidade produtiva muito maior, o Consórcio Nacional Honda tem uma aceitação enorme e o número de concessionários da marca da asa é superior. Há estados onde a Yamaha realmente tem bem menos força.

Mas, quando comparamos apenas os produtos, vale a pena ressaltar que a distância não é tão grande. Para atualizar essa comparação, aceleramos a recém-lançada linha 2025 da Yamaha Factor 150 na pista de testes do Haras Tuiuti, no interior de São Paulo. Confira aqui se vale a pena levar a Factor 150 em conta na hora de comprar uma moto urbana de baixa cilindrada.
A "nova" Factor 150 foi apresentada no final do ano passado, junto com outros modelos da Yamaha. Surgiu com design renovado, porém com a mesma mecânica.
E o que temos é um design simpático com algumas pitadas de sofisticação muito bem-vindas em um modelo básico. O tanque ficou mais gordinho com as novas abas laterais, o novo farol com LED, formato levemente triangular e bonito acabamento na moldura externa é bacana, o novo painel de instrumentos blackout com tela de LCD é mais completinho e fica apoiado em um suporte que dá robustez à frente a moto.
Mais atrás o banco tem dois níveis, a alça envolvente para o garupa tem desenho anatômico e a lanterna bipartida horizontalmente deixa a traseira arrebitada. Para completar, os piscas com lentes cristal conferem um charmezinho a mais.
Ou seja, visualmente a Factor 150 está "em dia" e não deixa a desejar em relação à Honda CG 160 - que, justiça seja feita, exibe na versão atual um design bem bacana.
Já o motor da Factor 150 é um velho conhecido. O monocilíndrico refrigerado a ar, injetado e flex, tem 149 cm³ e entrega 11,8/12 cv de potência gasolina/etanol) e 1,3 kgfm de torque com os dois combustíveis.
Nesse aspecto, a Factor 150 fica atrás da Honda CG 160. A rival tem motor também mono, a ar, injetado e flex, mas com 162,7 cm³, 14,1/14,7 cv de potência (gasolina/etanol) e 1,3/1,4 kgfm de torque.
De resto, as duas são razoavelmente parecidas. Têm câmbio de cinco marchas, freios com disco na frente e tambor atrás combinados e suspensões com tubos convencionais na frente e bichoque atrás - até os cursos são praticamente os mesmos.
A experiência ao guidão, porém, mostra certas diferenças sutis entre Factor 150 e Honda CG 160. A moto da marca da asa sempre se caracterizou por uma ciclística primorosa, jamais igualada por nenhuma concorrente do mesmo segmento. A CG 160 é incrivelmente fácil de pilotar, e a geração atual inclusive surpreende pelo desempenho acima do que se espera - aceleramos a moto e o caro leitor pode conferir aqui.
A Factor 150 está no mesmo nível? Não. A moto da Yamaha não surpreende pelo desempenho ou por qualquer aspecto, em particular. Por outro lado exibe um conjunto muitíssimo bom, capaz de atender às expectativas e necessidades de quem precisa de uma moto urbana para mobilidade diária ou mesmo para trabalhar.
Em quaisquer aspectos dinâmicos a Factor 150 responde bem: acelerações, retomadas, frenagens, curvas, ergonomia e conforto. A diferença está, no fim das contas, na capacidade que a CG tem de surpreender por estar um degrau acima do que se espera desse tipo de moto.
Isso torna a Factor 150 uma escolha inferior no segmento? Absolutamente não, e a explicação é simples: quem compra esse tipo de moto não está atrás de emoção, mas de conforto, economia, manutenção fácil e barata e funcionalidade. E isso tudo a Factor 150 entrega tanto quanto a rival. Apenas na performance é que fica um pouco atrás.
E se o assunto é economia, vamos falar de números. A Factor 150 custa R$ 18.290 mais R$ 872 de frete e seguro. Total: R$ 19.162. Já a Honda CG 160 custa R$ 16.440 na versão de entrada Start, mas a versão que briga com a Factor 150 é a intermediária Fan, de R$ 17.990. Some a isso mais R$ 950 de frete e seguro, e temos um total de R$ 18.490. Uma diferença de razoáveis R$ 672.
Aí o caro leitor pensa: "então é melhor comprar a Honda CG 160, certo?". Na compra, sim. Mas e o que vem depois? Confira abaixo os preços das revisões das duas motos - os preços foram pesquisados no site, com valores cobrados por concessionárias de São Paulo:
Vendo os números acima, constatamos que a Honda CG 160 é um pouco mais barata na compra à vista e as revisões com preços fixos também têm custo inferior aos cobrados para a Factor 150.
Por fim, vamos aos seguros. Entrei no Auto Compara aqui da Webmotors e encontrei cotações de R$ 612 a R$ 2.088 para a Yamaha Factor 150 e de R$ 2.585 a R$ 3.710 para a Honda CG 160 Fan. Sim, valores altíssimos, pois a CG 160 ainda é uma moto muito visada. E é aí que os valores se equilibram.
A Yamaha Factor 150 é uma boa escolha de moto urbana para mobilidade diária ou trabalho? Sim. Pode ser um pouco mais cara que a Honda CG 160 Fan no custo de aquisição e na manutenção, mas o seguro bem mais barato e a menor preocupação no trânsito também vão compensar isso.
E o fato de ter um desempenho um pouco inferior não deve fazer diferença, a não ser que você queria ser um Valentino Rossi das ruas. Afinal, o que conta aqui é baixo custo, e a Yamaha Factor 150 consegue fazer médias de 40 km/l se conduzida com civilidade.
E aí vale lembrar mais um dado importante: a Factor 150 tem tanque para 15,4 litros, o que lhe dá uma autonomia teórica superior a 600 quilômetros. Já o tanque da Honda CG 160 pega 14 litros e, com motor maior, o modelo consome um pouco mais - com média de 35 km/l, roda em torno de 500 quilômetros com um abastecimento.



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