Acidentes lançam dúvidas sobre carros autônomos

Ato de vandalismo nos EUA chama atenção, mas a tecnologia continuará em testes

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Fernando Calmon
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A Waymo, do Google (desde 2016 a empresa-mãe foi rebatizada como Alphabet Inc.), e a Cruise, da GM estiveram envolvidas em acidentes recentes no Estados Unidos. São veículos de teste de direção autônoma avançada (Nível 4, de uma escala até 5) que já rodaram bastante e ainda continuam. Eles são chamados de robotáxis autônomos, pois nenhum motorista está ao volante.

O fato é que ambos estão cumprindo um extenso programa de testes pelas estradas da Califórnia e do Arizona. O Estado do Texas também autorizou a Waymo, porém esta ainda não anunciou uma data.

As duas empresas de tecnologia rodaram mais de 5,5 milhões de quilômetros em cidades da Califórnia e os acidentes foram muito poucos. Há frotas menores em testes de outras empresas, sem relatos de incidentes. Dois acidentes foram fatais de um total de cinco.

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Fato incomum aconteceu em San Francisco, no mês passado. Transeuntes cercaram um carro da Waymo, iniciaram uma depredação e o incendiaram. Na realidade, o veículo estava parado em respeito à multidão. Tinha 29 câmeras e muitos sensores. No entanto, alguns criticaram a empresa de tecnologia por não colocar em seus algoritmos que a multidão estaria naquele dia comemorando o Ano Novo Lunar, no badalado bairro Chinatown.

Carro autônomo
Acidentes estão lançando dúvidas sobre o desenvolvimento dos carros autônomos nos EUA
Crédito: Divulgação
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Logo apareceram outros críticos para afirmar que um motorista de táxi mais experiente “iria se lembrar que aquele seria um dia de festa de rua e evitaria o local”. Algo semelhante a feriados de Carnaval no Brasil, só para colocar a situação em contexto comparativo, porém bem diferente.

Segundo a agência de notícias Reuters, o prefeito de São Francisco, London Breed, chamou o incidente de perigoso e destrutivo, um ato de vandalismo. Ele elogiou o papel da cidade como campo de testes para o desenvolvimento desses carros. “Somos uma cidade que abriga tecnologias emergentes e emocionantes, como veículos autônomos (VA, em português), que estão mudando o mundo”, disse Breed.

Mas também havia opinião diferente: “Vemos pessoas chegando a um ponto de revolta por causa da tecnologia que não desejam e que não torna suas vidas melhores”, segundo Missy Cummings, diretora do centro de Autonomia e Robótica da Universidade George Mason e ex-conselheira de órgãos reguladores de segurança no trânsito do País.

A polícia investiga o ato extremista, mas ainda não se conhecem as conclusões. Um conselheiro da cidade de San Francisco, Aaron Peskin, afirmou que “mais informações poderiam estar registradas nos computadores de bordo do veículo em teste, mas que a depredação era coisa de bandidos”.

Logo começaram a pipocar vídeos na internet. Um deles mostrava um caminhão de bombeiros, a caminho de uma emergência, temporariamente preso atrás de um veículo da Waymo que não conseguiu parar totalmente e deixá-lo passar. Houve outro acidente. Um ciclista saiu de trás de um ônibus e colidiu de leve contra um veículo da Waymo, sofrendo leves escoriações.

Um acidente mais grave envolveu a Cruise e um pedestre morreu. Em pouco tempo três altos executivos saíram da empresa, sem maiores explicações, o que foi interpretado como demissões.

As tecnologia de autônomos serão interrompida?

Apesar desses lamentáveis acidentes, tudo indica que veículos autônomos continuarão a evoluir. Um site americano especializado em notícias de avanços tecnológicos em diversos campos da ciência, o The Verge, anunciou já no começo deste mês que “a Califórnia deu luz verde à Waymo para expandir as operações de robotáxi”. Eles poderão circular por trechos das rodovias de Los Angeles (no máximo a 105 km/h) e também na área da baía de San Francisco.

Como é frequente nos EUA, vários grupos sociais se manifestam. O Conselho Americano de Cegos, por exemplo, disse que a Comissão de Serviços Públicos da Califórnia (CPUC, na sigla em inglês) não deveria aprovar o pedido da Waymo “sem iniciar o processo de instituição de novos padrões de segurança e acessibilidade”. A CPUC recusou, citando questões regulatórias mais amplas para um VA.

Apesar dos acidentes, o desenvolvimento dos carros autônomos deverá continuar
Crédito: Divulgação
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Apesar disso, a Waymo optou pela prudência. Em declaração ao jornal The Washington Post, a porta-voz da empresa, Julia Ilina, afirmou que a expansão dos testes em condições reais será “cuidadosa e incremental” e que “não há planos imediatos” para estender o serviço às rodovias.

Enquanto isso, modelos autônomos de Nível 3 que exigem a intervenção do motorista a intervalos regulares (é preciso tocar no volante) começaram a ser vendidos nos EUA. Classificada pela Sociedade de Engenheiros Automobilísticos (SAE) como autonomia condicional, é desabilitada automaticamente se a regra não for seguida à risca, pois exige a supervisão constante de quem está dirigindo.

A Mercedes-Benz recebeu a primeira aprovação entre marcas mundiais para uso de iluminação externa especial, na cor turquesa, para que o seu recurso Drive Pilot seja utilizado em estradas da Califórnia e Nevada.

É referência para que outros motoristas fiquem atentos. A Honda comercializa no Japão (desde 2021) e na China (2022) um sistema Nível 3 com um sinal de advertência fixado no óculo traseiro, mas para trechos urbanos e somente no seu modelo topo de linha Legend.

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