Quando foi lançada no Brasil, em maio de 2010, a Volkswagen Amarok era uma picape à frente do seu tempo. Mesmo com chassi convencional, impressionava pela dinâmica próxima às dos carros de passeio. Algo que boa parte das concorrentes só atingiu anos depois.
Tanto que a picape feita na Argentina chegou a ser a terceira força entre as médias do nosso mercado. Mas isso ficou no passado. No acumulado do ano, até julho, foram 3.103 emplacamentos - volume maior apenas que o da recém-lançada Fiat Titano.
A real é que a concorrência evoluiu e a cargueira da Volks parou no tempo. Antes tarde do que nunca, a marca alemã resolveu fazer uma correção de rota na linha 2025 da Amarok, que estreia com mudanças no visual e na lista de equipamentos. Confira a seguir as primeiras impressões sobre a picape.
Foi apenas na América do Sul que a Volkswagen decidiu não lançar a nova geração da Amarok.
Ou seja: enquanto o restante do mundo tem a picape baseada na - ótima - Ford Ranger de quinta geração, por aqui ainda temos a cargueira pioneira, que até a linha 2024 era - visualmente - a nota destoante dentro da gama atual da marca alemã.
A Amarok 2025 estreia com um facelift quase literal. Só não é esse o caso pois a Volkswagen mexeu em outros detalhes da carroceria, além da "cara" da picape. Mas a maior parte das mudanças realmente está na dianteira.
A picape recebeu novos faróis (agora do tipo full-LED), grade frontal redesenhada com LED decorativo ligando os dois faróis, novo capô e para-choques redesenhados. Para completar, recebeu também luzes de neblina herdadas do Nivus).
Completam a mudança as novas rodas de liga leve de 20 polegadas na versão de topo Extreme e também lanternas com novo arranjo de luzes, novo para-choque traseiro e logotipos rearranjados na tampa da caçamba.
Ou seja, a Amarok (finalmente) ficou com a cara dos SUVs atuais da Volkswagen - mesmo mantendo a carroceria de 2010. Essa mudança no nariz deixou a Amarok 2025 dez centímetros mais longa. Agora a picape mede 5,35 metros de comprimento, 1,95 m de largura, 1,85 m de altura e tem entre-eixos de 3,10 m.
Já a caçamba ainda é um ponto forte do modelo. Tem capacidade para até 1.280 litros (sem protetor) e carrega até 1.104 quilos. A lista de versões da Amarok 2025 não teve alteração. A Comfortline é a opção de entrada, com a Highline no posto intermediário e a Extreme no topo da gama.
Por dentro as mudanças foram mais limitadas que por fora. Apenas novos revestimentos nos bancos e novos materiais de acabamento no painel e nas laterais das portas. Ou seja: a Amarok 2025 até ficou mais caprichada, mas ainda tem aquele ar de Volkswagen dos anos 2010.
É que a marca não mexeu na arquitetura eletrônica, o que limitou as mudanças possíveis para o modelo. Com isso, a picape ainda tem aquele tradicional painel analógico com uma pequena tela digital no centro. Além disso, também fica devendo a chave presencial - algo que hoje é comum no segmento.
Mesmo assim, a Amarok 2025 ganhou novos equipamentos. Todas as versões agora têm - finalmente - airbags de cortina e também a nova multimídia Composition Touch II, que tem tela de nove polegadas e layout parecido com o da VW Play presente em outros modelos de topo da marca. Mas ainda exige o uso de cabos para espelhar o smartphone.
Outra novidade na lista de equipamentos é o Safer Tag, que parece um relógio inteligente plantado no topo do painel. Disponível de série a partir da versão Highline, é um equipamento desenvolvido pela empresa de tecnologia israelense Mobileye e que permitiu que a Amarok ganhasse um sistema ADAS passivo sem necessidade de muitas mudanças técnicas.
Alimentado por uma câmera dedicada localizada no para-brisa, o Safer Tag funciona emitindo alertas sonoros e visuais para risco de colisão frontal e saída de faixa, além de fazer a leitura de placas de velocidade e de pedestres e ciclistas no caminho do veículo.
Apesar do visual datado, a Amarok 2025 preserva as qualidades reconhecidas desde o lançamento. Tem bom espaço interno - principalmente na área das cabeças - e os bancos dianteiros são bastante confortáveis.
A Amarok Extreme tem uma boa lista de equipamentos. É equipada com ar-condicionado automático de duas zonas, sensores de estacionamento, câmera de ré, faróis de LED com acionamento automático e luzes de conversão, assistentes de partida e de descida de rampa, monitor de pressão dos pneus, retrovisor interno eletrocrômico, retrovisores externos aquecidos e com rebatimento elétrico, e o Safer Tag.
O ponto fraco mesmo é o pacote tecnológico. Além da ausência de itens como chave presencial e multimídia com espelhamento sem cabo, a picape tem um controlador de velocidade convencional e não tem frenagem autônoma ou assistente ativo de manutenção em faixa, mesmo nessa versão topo de linha.
A Volkswagen não mexeu no conjunto mecânico da Amarok 2025. Em todas as versões, o modelo é equipado com o mesmo motor 3.0 V6 turbo diesel, que desenvolve 258 cv de potência e 59,1 kgf.m de torque. Esse propulsor é combinado com um câmbio automático de oito marchas e tração integral.
Com esse conjunto, a picape acelera de zero a 100 km/h em oito segundos e atinge 190 km/h de velocidade máxima. A Amarok ainda é a mais potente e mais ágil picape média não esportiva vendida no mercado brasileiro.
Em consumo, registra médias de 8,7 km/l (cidade) e 9,3 km/l (estrada). Com um tanque de 80 litros, pode rodar até 744 quilômetros sem precisar parar para abastecer.
Por sorte - ou não? - a Volkswagen não mexeu em um ponto que sempre foi o diferencial da Amarok: no acerto dinâmico. Mesmo com a concorrência atualizada, a cargueira da marca alemã ainda é uma das referências nesse quesito.
Principalmente no uso rodoviário, a Amarok 2025 se comporta mais como carro de passeio do que como picape média. É estável, mas sem prejudicar em nada o conforto em rodagem.
Com a caçamba descarregada, a sensação é de sobra de força e potência. Ainda mais com a função Overboost, que eleva automaticamente a potência do V6 para 272 cv em curtos períodos, nas situações de maior demanda.
É facílimo ultrapassar os limites de velocidade e só perceber isso ao olhar para o painel, já que a Amarok embala com muita facilidade, mas sempre entregando silêncio e um rodar muito suave.
O Safer Tag me surpreendeu. Funciona com uma precisão maior do que eu esperava para um equipamento que parece improvisado no topo do painel. Mas se você for uma daqueles que se irritam com os alertas sonoros, o sistema permite ajustar o volume da campainha.
A Amarok 2025 só não gabarita na prova porque o sistema de direção, com assistência hidráulica, já fica devendo em refinamento frente às concorrentes que têm conjunto do tipo elétrico. Poderia ser mais leve em manobras e mais precisa em altas velocidades.
O visual retrô da cabine realmente não agrada tanto quanto já me agradou. Mas a Amarok tem bancos muito confortáveis e a posição de guiar - com coluna de direção regulável em altura e profundidade - é um ponto forte.
O fato de o painel ser mais antigo e manjado também tem o seu lado positivo. A Amarok é um carro cheio de botões físicos, o que torna a experiência de guiar bem intuitiva.
Se eu pudesse fazer uma mudança, apenas passaria os controles do controlador de velocidade da alavanca de seta para o volante. Algo que, aliás, já é padrão há um tempo nos Volkswagen de projeto mais atual.
A Amarok 2025 poderia ter mudado mais. Mas ganhou um visual atualizado e ficou mais equipada. O que é melhor que nada, certo? Porém, tenho minhas dúvidas se essas novidades serão o suficiente para dar um "up" nas vendas da picape.
Mesmo com a garantia estendida de três para cinco anos, o custo-benefício ainda não é o forte da Amarok Extreme 2025. A picape custa R$ 350.990, o que a posiciona entre as picapes médias mais caras do mercado brasileiro. Isso mesmo com uma lista de equipamentos mais enxuta.
A cargueira da Volkswagen custa pouco menos que a Ford Ranger Limited com o pacote ADAS (R$ 351.990) e é bem mais cara que concorrentes como a Toyota Hilux SRX Plus (R$ 333.290) e Chevrolet S10 High Country (R$ 311.990).
Tudo bem que a Amarok Extreme entrega um desempenho empolgante e muito prazer ao guiar. Mas é preciso abrir mão de muita coisa por isso. Você abriria?



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