Avaliação: Ford Ranger XLT 3.0 Powerstroke turbodiesel 4X2

- O mercado de pick-ups costuma se dividir muito entre versões para o trabalho e versões para o lazer. Com a configuração XLT da Ranger, contudo, a Ford buscou aproximar ambas as vocações. Afinal, o modelo reúne uma lista de equipamentos bastante interessante, aliada a um motor diesel potente, sem chegar aos preços da estilosa Limited, a topo da linha. É verdade que começa em R$ 86.465 na derivação cabine dupla, mas apenas com tração 4X2. Só que R$ 7 mil mais barata que a 4X4 e quase R$ 15 mil a menos que os R$ 101.260 pedidos pela Limited, que é repleta de apliques visuais e mais equipada.

O motor é o mesmo: o International Powerstroke 3.0 diesel com turbo de geometria variável. O propulsor gera 163 cv de potência a 3.800 rpm e torque máximo de 38,7 kgfm entre 1.600 e 2.350 rpm. A XLT, por sua vez, concentra-se em um recheio mais “funcional”. A versão conta com ar-condicionado, direção hidráulica, trio, travamento automático das portas, keyless, computador de bordo, alarme por controle remoto, banco do motorista e volante com regulagem de altura, console central e o sistema de som My Connection, com rádio/CD/MP3, entradas para USB e iPod e viva-voz Bluetooth.

A ausência de tração 4X4 é, de certa forma, compensada por itens que podem incentivar o uso em um fora-de-estrada “normal”, como o diferencial traseiro com escorregamento limitado e os pneus todo-terreno 245/70 em rodas de liga leve aro 16. O “pacote” fica ainda mais interessante com os itens de segurança, que incluem airbag duplo frontal e freios com ABS e EBD nas quatro rodas – e os de trás com válvulas sensíveis a carga. Ou seja, a XLT só fica devendo para a Limited pelo revestimento em couro, o sensor de obstáculos traseiro, o santantônio cromado, o protetor de caçamba e as carcaças dos retrovisores cromadas.

Basicamente, o modelo mantém o visual reestilizado no ano passado que deixou a pick-up produzida na Argentina com aspecto mais robusto. Principalmente pela grade proeminente com largas barras horizontais, que segue o estilo Bold Design já usado em modelos como o crossover Edge, no sedã Fusion e até no EcoSport. As únicas bossas da XLT ficam por conta da grade frontal, dos estribos laterais e dos para-choques cromados. Um pequeno capricho no visual aliado a uma lista de itens de série que fazem a versão XLT responder por 34% das vendas totais da Ranger.

Impressões ao dirigir - Sintonia fina

A Ford Ranger sempre se destacou por ter um comportamento dinâmico eficiente para uma pick-up. Nas retas, o modelo se mostra equilibrado em velocidades civilizadas, sem quicar ou balançar demais, mesmo com a caçamba vazia. Contribuem para isso o chassi de rigidez torcional bem dosada e o acerto de suspensão, que conta ainda com barras estabilizadoras na frente e atrás. Nas curvas, a carroceria torce dentro da normalidade e o modelo só faz menção de rolar em situações extremas. Só mesmo próximo dos 140 km/h é que a comunicação entre rodas e volante passa a vacilar e exigir do motorista correções a todo instante.

Mesmo assim, é possível alcançar a máxima de 160 km/h com a pick-up. Força, aliás, é o que não falta à Ranger XLT. O motor 3.0 responde com destreza a qualquer investida no pedal do acelerador e o modelo precisa de 13,3 segundos para ir do zero a 100 km/h. Nada mal para um veículo com quase duas toneladas de peso.

As retomadas, porém, são o destaque. O motor enche rápido logo aos 1.600 giros e os 38,7 kgfm despejados nas rodas traseiras ajudam a Ranger a encarar trechos de subida e ultrapassagens com desenvoltura. No conforto, motorista e carona usufruem de ótimo espaço para cabeças e pernas.

Atrás, porém, os bancos retos e o espaço limitado para joelhos tornam a viagem mais incômoda. O mesmo acontece para acessar os bancos traseiros devido às diminutas portas, problema crônico das pick-ups médias com cabine dupla. Também falta uma alça de apoio nas colunas, para facilitar a subida dos ocupantes, apesar da existência de um prático estribo lateral. No consumo, o modelo avaliado anotou a elogiável média de 10,7 km/l com uso 2/3 na cidade e 1/3 na estrada.

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