Basalt 1.0 manual: um teste de estrada

O SUV com motor "mil" aspirado vai bem no uso urbano. Mas como será que o compacto da Citroën se sai no uso rodoviário?

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Evandro Enoshita
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O Citroën Basalt Feel 1.0 manual inaugurou a era dos SUVs com motor "mil" aspirado no mercado brasileiro. Aliás, essa combinação é algo inconcebível para muita gente: um motor mais adequado para uso urbano em um tipo de automóvel que costuma ter uma pegada mais familiar.

Já testamos o Basalt de entrada aqui no WM1 e comprovamos que esse carro é econômico e funciona muito bem no uso urbano. Mas (quase) ninguém compra um automóvel apenas para rodar na cidade. Principalmente nessa faixa de preço, onde é bem comum que o possante de uso diário seja também aquele que leva a família para o lazer.

Pois eu resolvi aproveitar a ida para um lançamento automotivo em Brotas, no interior de São Paulo, para fazer um teste rodoviário com o Basalt Feel 1.0 manual. Será que o SUV "mil" passa muito aperto nesse uso?

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    Uma parada para foto no acostamento da rodovia SP-225
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    Citroën Basalt 1.0 manual: um teste de estrada

    Costumo dizer que o Basalt manual é o metro quadrado automotivo mais barato do mercado brasileiro. Apesar do preço de tabela de R$ 101.490, o SUV de entrada da Citroën pode ser encontrado nas lojas por cerca de R$ 92.990.

    Mesmo assim, tem espaço de sobra no banco traseiro e um porta-malas enorme, com 490 litros de capacidade. Bagageiro maior que o da maioria dos SUVs compactos - e até que o de alguns médios - vendidos no Brasil.

    A lista de equipamento também tem o pacote dignidade básico e até um algo a mais: vidros, travas e retrovisores elétricos, ar-condicionado, direção elétrica, central multimídia com espelhamento sem fio, rodas de liga leve de 16 polegadas e airbags laterais.

    Dito isso, bora botar o Basalt na estrada: a distância que separa a minha casa, em Santo André (SP), do Raceville Speed Club, em Brotas (SP), é de cerca de 350 quilômetros.

    O banco do motorista tem ajuste de altura e é bem confortável
    Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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    Por conta desse teste, no lugar de atravessar o trânsito da capital paulista para acessar a Rodovia dos Bandeirantes, escolhi a rota pelo Rodoanel Mário Covas. Um trajeto bem mais longo que o normal, mas com um curtíssimo trecho em cidade.

    Há cerca de dois meses, havia feito exatamente o mesmo percurso ao volante de um Citroën C3 e, apesar do Basalt ser um projeto da mesma família do hatch, é impressionante como - de cara - o SUV oferece mais conforto para o motorista.

    A posição de dirigir - elevada - é exatamente a mesma no hatch e no SUV. Inclusive, na amplitude dos ajustes do assento e da coluna de direção. O que muda é o banco: equipado com os mesmos assentos dianteiros do C3 Aircross, o Basalt acomoda o motorista com mais conforto que o C3.

      O câmbio de cinco marchas é curto, o que contribui para dar agilidade ao SUV
      Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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      A verdade que os números não contam

      Com cerca de 100 quilos a mais que o C3, o Basalt é mais lento que o hatch: acelera de zero a 100 km/h em 15,2 segundos e atinge 157 km/h de velocidade máxima. Mas, na prática, a sensação é de que o SUV é bem mais ágil que o hatch.

      A mágica está no câmbio de cinco marchas. Apesar de ter exatamente as mesmas relações de marcha do C3, o Basalt tem um diferencial mais curto. Isso deixa o carro mais "forte", embora sacrificando o desempenho em altas velocidades.

      Se não conhecesse a gama do Basalt, iria dizer que esse carro estava equipado com um motor mais forte que o 1.0 Firefly de três cilindros, que desenvolve modestos 70 cv de potência com gasolina e 75 cv com etanol.

      O lado ruim desse câmbio com diferencial mais curto está no fato de o motor sempre trabalhar "cheio". A 100 km/h, o conta-giros acusa 3.000 rpm. Mesmo assim, quase não se ouve o três canecos operando. E mesmo sem ter uma quinta marcha longa, que funcione como um overdrive, o Basalt ainda é bem econômico.

      Os números oficiais do Inmetro apontam um consumo rodoviário de 10,1 km/l (etanol) e de 14,3 km/l (gasolina).

      Com o ar-condicionado desligado, cravei 18,8 km/l de média sem truques ou esforço
      Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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      Com ou sem ar-condicionado?

      Esses números de consumo do Inmetro são obtidos em testes de laboratório e podem variar bem - para cima ou para baixo - de acordo com as condições de rodagem e, obviamente, o pé do motorista.

      Com gasolina no tanque, consegui cravar a média de 18,8 km/l. Isso sem ficar travando a faixa da direta e até dando umas esticadas, mas dirigindo boa parte do tempo dentro dos limites de velocidade das vias. A velocidade média foi de 90 km/h. O único sacrifício que eu fiz foi rodar com o ar-condicionado desligado. Algo que não chegou a ser uma tortura, pois a temperatura externa na viagem estava na faixa dos 20 °C.

      Para fazer o tira-teima, resolvi cumprir o caminho de volta com o ar-condicionado ligado 100% do tempo. É claro que o percurso não foi exatamente igual. Mas mesmo com as eventuais variações de rota e topografia, consegui registrar uma bela média de 17,1 km/l no painel. E isso com uma velocidade média também de 90 km/h.

      Sem o ar-condicionado, conseguiria rodar teóricos 883,6 quilômetros com toda a gasolina do tanque de 47 litros. Já com a cabine climatizada, o alcance cairia para 803,7 quilômetros. Uma diferença considerável. Ou seja: dependendo da ocasião, vale a pena abrir mão do vento geladinho para ir mais longe.

      Com o ar-condicionado ligado, o consumo subiu. Mas a média também foi bem boa
      Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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      Como é guiar o Basalt na estrada?

      O Basalt Feel 1.0 manual me surpreendeu bastante. É claro que um carro com motor mais forte é a escolha ideal para quem pretende pegar bastante a estrada. Mas é possível acompanhar a velocidade do trânsito sem precisar fazer muito esforço.

      Senti mais dificuldade para manter o ritmo apenas nos trechos de subida. Em quinta marcha, o SUV da Citroën começa a perder velocidade mesmo com o pé cravado no acelerador. Na maior parte das situações, basta reduzir uma marcha para o motor Firefly ganhar o fôlego que estava faltando e o carro voltar a ganhar velocidade.

      E como outros 1.0 aspirados, o Basalt também sofre nas retomadas. O câmbio curto faz com que o motor suba de giro rapidamente, mas isso não é, necessariamente, acompanhado de um ganho expressivo de velocidade.  Ou seja: é preciso planejamento antes de fazer qualquer movimento na estrada.

      O Basalt está longe de ser um foguete, mas é possível viajar sem passar muito sufoco
      Crédito: Evandro Enoshita/WM1
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      Mas já sofri bem mais ao volante de outros carros "mil". Mesmo sem ser um foguete, o Basalt vai bem depois que embala e consegue manter uma velocidade na casa dos 110 km/h ou 120 km/h com relativa facilidade.

      Além do motor com bom fôlego para um milzinho sem turbo, pontos como o banco confortável, o conjunto de suspensão bem equilibrado - firme, mas sem ser desconfortável - e a direção leve e precisa na medida fazem com que o motorista saia de uma viagem mais longa sem a sensação de ter passado o caminho todo brigando com a máquina.

      Mesmo fora do seu habitat natural, o Basalt Feel 1.0 manual é esforçado e cumpre uma viagem rodoviária sem muito sufoco. E ainda entregando belos números de consumo.

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