Cadeirinhas infantis podem falhar em colisões

Testes realizados em parceria com o Latin NCAP revelam falhas nos projetos e má proteção às crianças

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Redação WM1
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As cadeirinhas infantis são itens obrigatórios para o transporte de crianças, mas será que os produtos oferecidos no mercado brasileiro são realmente seguros? Pensando nisso, a PROTESTE, associação de consumidores, se uniu ao Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e Caribe, o Latin NCAP, para realizar testes nas cadeirinhas. Nos resultados deste ano, foram encontrados bons equipamentos, que conseguem associar preços reduzidos a desempenhos iguais ou até melhores que os de seus concorrentes. No entanto, a maioria ainda falha na proteção infantil, propósito fundamental desse tipo de produto.

Para a realização do teste, foi colocado um boneco, simulando altura e peso de crianças de acordo com cada grupo de cadeiras, em um veículo Volkswagen Golf, sobre um trilho. Em seguida, o veículo foi submetido a colisões, simulando acidentes reais.

 Exemplo de teste de impacto
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As cadeiras multigrupo, ou seja, que suportam passageiros com peso entre 9 kg e 36 kg, obtiveram o pior resultado. De forma geral, elas sobrecarregaram bastante o pescoço dos bonecos e, ainda, os deslocam para frente durante colisões, aumentando o risco de eles baterem no banco dianteiro. A performance dos produtos foi desastrosa e extremamente preocupante no teste de impacto frontal a 64 km/h, demonstrando que numa situação real que apresentasse as mesmas condições a cadeira não protegeria a criança de lesões graves na região da cabeça, pescoço, face e coluna.

O modelo da marca Kiddo Max Plus teve o cinto de segurança rompido na configuração bebê-conforto, e a parte do colo do cinto afundou no abdômen do boneco preso ao cinto de segurança do carro, voltado para o banco do motorista. Conhecido como efeito submarino, este fenômeno é capaz de causar ferimentos graves.

Já o modelo Maxi Cosi Milofix obteve um bom resultado, apesar de provocar esforços ao pescoço do passageiro mirim durante o choque. Este, aliás, possui uma aprovação semi-universal e se adapta aos diversos tipos de fixação e ancoragem. Desta forma, ele só pode ser usado em carros citados na lista de veículos que vêm com o produto.

O ponto negativo é que essa verificação mostra que se trata, em grande parte, de automóveis europeus, não disponíveis no Brasil. Essa falta de clareza obriga o consumidor a ter de contatar o fabricante.

Ainda no que se refere à colisão frontal, a feliz constatação é de que as cadeirinhas do grupo 0+ até 13 kg alcançaram bons resultados. Isso mostra que artigos voltados para grupos específicos tendem a oferecer mais proteção do que as cadeirinhas evolutivas, que poderiam ser utilizadas de recém-nascido aos 36 kg.

Outra falha séria – e o ponto recorrente mais fraco desses dispositivos –, é a falta de segurança no impacto lateral, devido às asas laterais não serem suficientemente dimensionadas para preservar a região da cabeça da criança. Carente de regulamentação, nenhum modelo foi considerado completamente seguro.

Dos bebê-conforto, o modelo Chicco Key Fit, recebeu o título de Melhor do Teste, por apresentar melhores resultados quanto à segurança e facilidade de instalação. Os modelos Burigotto Touring Evolution 3042 e Lenox Cozycot receberam o título Escolha Certa (melhor custo-benefício). Já entre as cadeirinhas multigrupo, a Maxi Cosi Milofix foi a Melhor do Teste e a Cosco Auto Envolve foi a Escolha Certa). Na primeira categoria, dá para poupar R$ 733, em uma comparação entre preços mínimos, optando pela Burigotto, ante a Chicco. Na multigrupos, a economia chega a R$ 1.231, ao escolher a Cosco em vez de a Maxi Cosi.

A PROTESTE comunicou os resultados ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e à ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), pedindo medidas para o modelo cujo cinto rompeu e apresentou o problema potencialmente grave do efeito submarino.

Para isso, a associação solicitou uma revisão da norma que regulamenta este tipo de produto para passar a exigir o teste de impacto lateral na obtenção da certificação necessária à sua comercialização. E também pediu esclarecimentos ao Maxi Cosi, cujas cadeiras Milofix citam mais carros europeus aptos a utilizá-las.

Mas vale lembrar aos consumidores: independentemente da marca escolhida, a criança sempre estará mais protegida em uma cadeira do que sentada no banco do carro, mesmo com cinto de segurança. As informações dos testes estão disponíveis no site oficial da PROTESTE.

OUTRO LADO

Em nota, a empresa Kiddo Indústria e Comércio Ltda., que produz as cadeirinhas Lexon Cozycot e Kiddo Max Plus, citadas na reportagem, informou que os seus produtos são testados e aprovados pelo sistema estabelecido pelo Inmetro, com base na norma brasileira NBR14.400. Além disso, a empresa destacou que recebem as informações divulgadas pela Proteste como estimulos para a busca de melhorias contantes para a proteção das crianças.

Confira abaixo na integra a nota enviada pela empresa:

"A propósito de notícias acerca do tema, veiculadas em alguns meios de comunicação, no que se refere a dois de nossos produtos (DRC – dispositivo de retenção de crianças), Lenox Cozycot (bebê conforto), mencionado como o melhor de todos os submetidos ao tal teste e, a Kiddo Max Plus (poltrona 0+, I e II – DRC), recebemos as observações como contribuições à nossa empresa e um estímulo na busca de melhorias constantes para a proteção das crianças.

Nossos produtos estão testados e aprovados pelo sistema estabelecido pelo Inmetro, com base na norma brasileira NBR 14.400, por laboratório acreditado, e estão no mercado há mais de 7 anos. Não temos em nosso SAC, registro de consumidores com queixas relativas à não conformidades de segurança dos mesmos. Alguns dos testes citados não integram as normativas brasileiras, o que pode induzir a conclusões impróprias, mas as tomaremos como melhorias a serem introduzidas na norma acima.

Como integrantes da Comissão do CB 05 – ABNT, sob gestão do Sindipeças, que trata o tema DRC, defenderemos debates técnicos com base nas várias contribuições elencadas em ofício recebido, que também foi dirigido a outras empresas e órgãos.

Sobre a Kiddo

Há mais de 50 anos no mercado, a Kiddo é uma das mais tradicionais fabricantes e importadora do setor de puericultura pesada nacional. É detentora das marcas Whoop, caracterizada por conter produtos mais acessíveis, e Lenox, com exclusiva linha de utilidades domésticas. Ao todo, são mais de 50 produtos diferenciados, incluindo carrinhos, cadeirões, banheiras, berços, cercados e vários acessórios, como esterilizador de mamadeira, protetor de colchão, travesseiros, grade para cama e para porta.

A empresa faz parte do grupo latino-americano Baby Alliance. A Kiddo possui, entre os principais diferenciais, a preocupação com a qualidade, a segurança, o design e a inovação em todos os seus produtos. Informações sobre todas as marcas e lojas poderão ser encontradas no site da empresa (www.kiddo.com.br)".

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