Conheça o câmbio automatizado de dupla embreagem

Sucesso na Europa, esse sistema criado pela Honda tentaá ganhar espaço no Brasil com a NC 750X 2022. Veja como funciona

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Roberto Dutra
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Conforme publicamos aqui na última quarta, no ano que vem a Honda NC 750X ganhará no Brasil uma versão equipada com o câmbio automatizado DCT - sigla para "dual clutch transmission", ou transmissão com dupla embreagem. Muita gente ainda torce o nariz para essa sistema, porque ele ainda parece ser novidade e por ter muita tecnologia embarcada - quem não desconfiou das primeiras injeções eletrônicas em carros e motos?

Honda Vfr 1.200f
A linda VFR 1.200F foi a priemira Honda a ganhar o câmbio automatizado com dupla embreagem, em 2010
Crédito: Divulgação
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Mas não é nada disso. O câmbio DCT foi lançado na Europa há 11 anos e, por lá, já é muito bem aceito - mais de 150 mil motos equipadas com o sistema já foram vendidas no Velho Continente. E não há histórico de problemas - assim como na maioria absoluta das injeções eletrônicas!Aqui, aliás como lá, a primeira Honda a aparecer com o câmbio DCT foi a então futurista esportiva-turismo VFR 1.200F - na Europa em 2010 e aqui em 2011. A segunda foi a VFR 1.200X Crosstourer, uma big trail com o mesmo conjunto motor/câmbio. Desde então o DCT foi aplicado em vários outros modelos como a big trail CRF 1.100L Africa Twin, a touring GL 1.800 Gold Wing, o scooterzão aventureiro X-ADV 750 e, mais recentemente, a própria NC 750X.

 

Sucesso lá fora e no Brasil, a NC 750X com DCT já é vendida na Europa e chega ao Brasil em 2022
Crédito: Divulgação
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Ao contrário do que muitos pensam, não se trata de um câmbio automático. É, sim um câmbio automatizado. A diferença básica é que no automático as trocas das marchas são feitas pela pressão do óleo que vai dentro da caixa, de acordo com as rotações por minuto (rpm) do motor. Além disso, o câmbio automático é separado do motor. Já o câmbio automatizado tem todos os componentes de uma caixa tradicional, como engrenagens internas e alavanca manual nos carros e o pedal de marcha, nas motos.

Mas, ao contrário do sistema normal, onde a troca acontece pelo acionamento dessa alavanca ou pedal pelo motorista/piloto, no DCT sensores eletrônicos vão acionando a embreagem e trocando as marchas para cima ou para baixo. E mais: há duas embreagens, e dai vem o nome "dupla embreagem".

No raio-x do motor da Africa Twin, as cores indicam cada gripo de marchas controlado por uma das duas embreagens
Crédito: Divulgação
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Cada embreagem é conectada a um conjunto de marchas - uma engata as ímpares e a outra, as pares. E quando uma determinada marcha está engatada, a outra embreagem já está pronta para engatar a próxima marcha, seja ela acima ou abaixo. Por exemplo, quando a moto está na 2ª marcha, já engatada pela embreagem das marchas pares, a outra embreagem está pronta para engatar a 1ª ou a 3ª. Por isso o sistema atua com muita velocidade, e não deixa a moto ficar "boba", ainda que momentaneamente. É verdade que atualmente o funcionamento do sistema é muito melhor do que no começo. Mas isso se deve mais à capacidade de processamento dos chips eletrônicos, já que o sistema sempre foi eficiente.

No detalhe do punho esquerdo da NC 750X com sistema DCT, o botãozinho "- ", que serve para reduzir a marcha no modo manual
Crédito: Divulgação
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E tem mais: as trocas também podem ser feitas numa espécie de "modo manual", através de botões + e - posicionados no punho esquerdo da moto - não por acaso onde ficaria a alavanca de embreagem, que nessas motos simplesmente não existe. As inexistências dessa alavanca e também do pedal de marchas, alias, são as principais dificuldades encontradas pelos motociclistas habituados desde sempre ao sistema tradicional. Mas é algo com que se habitua em poucos dias.

O funcionamento é simples: ligue a moto e, no punho direito, aperte a botão "D" de "drive" (ele estará em "N" de "neutro"). Pronto, a moto já está engrenada e daí em diante é só acelerar e frear. Caso o piloto queira ter mais controle das ações, é só apertar os botões + ou - no punho esquerdo para subir ou descer as marchas no momento em que desejar. Essa opção funciona tanto com no modo "D" quanto no modo "M", uma outra opção também no punho direito, que faz o sistema trabalhar apenas no modo manual.

O "scooterzão" aventureiro X-ADV 650 pe um dos modelos Honda com a transmissão DCT: trabalho zero para o piloto
Crédito: Divulgação
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Pode parecer complicado - e é um pouco, mesmo - mas depois que o piloto se acostuma, tudo acontece de maneira muito instintiva. Em motos cuja vocação é o uso urbano, quando normalmente se troca as marchas o tempo todo, ou para viagens sem pressa, quando trocar as marchas pode ser algo chato, o sistema DCT é muito interessante.

Em teoria é menos atraente nas motos esportivas, quando se busca acelerar forte e o controle total depende das trocas de marchas no tempo mais ideal possível. Nas motos trail, também se poderia pensar isso. Mas imagine pilotar uma moto cujo motor não vai apagar quando você errar ou se distrair ao tentar superar um obstáculo? Nada mal, não é?

Pilotar uma moto com o câmbio automatizado DCT é mais fácil do que parece: habitua-se rapidamente
Crédito: Caio Mattos / Divulgação
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Pois bem, o DCT ajuda nisso. O repórter que aqui escreve passou por uma experiência dessas ao pilotar uma Africa Twin com DCT na pista de obstáculos da Honda em Indaiatuba: ao subir os degraus de uma "escada" em uma versão com câmbio normal, acelerei menos do que devia, a moto apagou e eu caí para o lado, quase parado. Com a Africa Twin DCT, passei pelo mesmo obstáculo sem problemas, como se fosse um passeio no parque. O sistema efetivamente pode facilitar a vida do piloto.

Confira no vídeo abaixo como funciona o DCT na prática:

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