Lançado no Salão do Automóvel de 2002, o EcoSport representou um verdadeiro fôlego para a Ford do Brasil, que viu as vendas do simpático jipinho dispararem e o desejo de clientes jovens – principalmente de mulheres – voltar-se para o pequeno utilitário.
Como problemas comuns das primeiras versões do modelo são apontados o desgaste prematuro da embreagem e alguns itens de suspensão que parecem não suportar com a firmeza proposta por um jipe os trancos diários de nossas ruas. Acompanhe o raio-X do modelo:
Logo no início do teste, foi constatada a necessidade da troca da bateria original, de 43 A. Como o proprietário do carro instalou um módulo de potência no equipamento de som, a voltagem caía para 9,8 V - ela não deve ser menor que 10,8 V . O problema foi rapidamente solucionado com a colocação de uma peça com 60 A. Nesse caso, os reparadores devem tomar cuidado ao realizar a famosa "chupeta". Quando a bateria está aberta, ou seja, sem nenhuma carga, a operação não deve ser feita.
Se isso ocorrer a partir do momento em que o alternador começar a gerar carga, toda a energia irá para o sistema elétrico uma vez que a bateria não acumula mais energia, o que pode causar sérios problemas para a injeção eletrônica em razão da sobrecarga.
O motor utilizado pelo Ford EcoSport 2002 é um Zetec Rocam 1.6 que possui sistema de balancins roletados e cames sintéticos, o que auxilia na redução do atrito com o eixo do comando de válvulas. Isso faz com que o motor tenha um desempenho melhor em todas as faixas de rotação.
O propulsor possui também os chamados tuchos hidráulicos, que dispensam regulagens periódicas das válvulas.
O coletor de admissão é de material termoplástico e o de escape é de aço inox. O menor peso e a menor condutibilidade térmica melhoram o fluxo de ar, reduzindo a condensação de combustível durante a partida a frio e gerando na partida quente melhores respostas. O cabeçote do motor Zetec é todo de alumínio, proporcionando boa redução de peso no conjunto.
De acordo com a Ford, o motor é projetado para funcionar até aproximadamente 240 mil km. O veículo testado apresenta corrente de sincronismo com tensionador hidráulico a vida útil da corrente e de seu tensionador devem ser as mesmas do motor. A marca só alerta os reparadores para que uma checagem dessas peças seja feita a cada 150 mil km.
Sob o comando do consultor do Oficina Brasil Paulo Aguiar, o EcoSport 1.6 XLT ano 2002 com 64 mil km rodados teve os cabos de velas retirados. Quando a operação foi realizada, porém, houve um imprevisto: devido à oxidação da ponta das velas, eles se romperam. A dica para o mecânico é ficar bem atento quando for realizar esse serviço, já que muitas vezes esse problema do rompimento dos cabos acontece conosco. Isso já ocorreu muitas vezes com veículos com menos de 30 mil km.
Com as velas e cabos substituídos, foi realizada a limpeza dos bicos injetores, já que o carro estava com índice de CO maior que 0,9% ponto positivo para a Ford, pois a remoção dos bicos injetores não apresenta dificuldade para os reparadores. Em seguida, um novo filtro de combustível foi colocado.
Depois da realização desses reparos, o índice de CO baixou para menos de 0,1% a fabricante recomenda que ele seja menor que 0,5%. Todos os terminais e conectores de injeção também foram limpos, pois estavam muito sujos, já que o proprietário do carro viajava constantemente por estradas de terra.
No EcoSport, a bomba de combustível fica localizada abaixo do banco de passageiros e no modelo testado e apresenta uma pressão de 2,6 bar os parâmetros indicam 2,4 bar a 2,8 bar e vazão de 1,7 litro por minuto 1,6 l/min a 2l/ min. O sensor de pressão e temperatura do ar sensor acoplado está bem abaixo do coletor de admissão, perto do atuador da marcha lenta.
A troca de óleo e filtro de óleo 4,1 litros foi realizada com lubrificante de classificação 5W30, recomendado pela Ford para ser substituído a cada 15 mil km. O reparador deve estar atento quanto ao filtro de óleo.
No EcoSport que testamos, o filtro de óleo estava errado. Quem trocou da última vez colocou um do motor Endura do Fiesta. Apesar de a peça encaixar, a capacidade de armazenamento de óleo é muito menor do que a do filtro do motor da EcoSport 1.6, o que pode comprometer a vida útil do motor.
Os filtros de ar e de pólen também foram trocados, como a correia do ar-condicionado, que já apresentava rachaduras. O acionamento da embreagem estava muito duro e ainda trepidava. Trocamos o platô e o disco, além do rolamento hidráulico.
O proprietário afirmou que, aos 25 mil km, teve problemas com o pedal da embreagem que ficou baixo. Para resolver o defeito, foi preciso trocar o cilindro-escravo, localizado no pedal da embreagem o valor da peça original é de R$ 210; não o encontramos à venda no mercado de reposição.
A suspensão teve os amortecedores dianteiros e traseiros trocados, pois já apresentavam vazamento e suas ações estavam comprometidas. Foram substituídos também o kit de batentes e rolamentos. A seguir, foi feito o alinhamento e o cáster. Os demais itens de suspensão pivôs, bandejas, terminais de direção e coifas estavam ok.
No jipinho da Ford, não há regulagem de alinhamento na parte traseira. O fabricante não estipulava o prazo para troca dos amortecedores, mas pede para que eles sejam verificados a cada 15 mil km.
Com espessura abaixo do mínimo recomendado pelo fabricante a peça estava com 19,80 mm, enquanto o padrão de segurança exige, no mínimo, 20 mm, os discos de freio foram trocados, assim como as pastilhas e o fluido de freio DOT 4 . Os cilindros de roda não apresentam vazamentos. O EcoSport testado não possuía freio ABS.