Basta pintar uma notícia sobre o aumento do percentual de etanol na gasolina para alguém falar de maneira saudosa dos tempos em que o suco de dinossauro não tinha mistura com o combustível de origem vegetal.
Mas a não ser que você já fosse capaz de guiar um veículo antes da década de 1930, certamente a gasolina que você colocava no tanque do seu automóvel tinha algum percentual de etanol anidro. Sim, pois a primeira lei brasileira sobre o tema é de 1931.
Naquele ano, foi assinado pelo então presidente Getúlio Vargas o Decreto nº 19.717, que estabelecia a mistura de até 5% de etanol anidro na gasolina vendida nos postos.
A preocupação era puramente econômica, já que a gasolina consumida no Brasil era toda importada, enquanto o etanol tinha produção local, ainda que distante da escala atual. O tema só voltou a aparecer nas mesas dos legisladores em 1966, quando um novo decreto federal estabeleceu o teto de 25% para a mistura de etanol anidro na gasolina. Mas não era um valor fixo, e sim um limite máximo.
Foi só a partir da criação do Proálcool - programa criado em 1975 para incentivar o uso do etanol como combustível - que a gasolina brasileira passou a seguir para o caminho da padronização nessa mistura. E ela veio em 1983, quando foi estabelecida em 20% a mistura padrão de etanol anidro na gasolina da bomba.
Esse percentual chegou a cair para 13% em 1989, mas do final dos anos 1990 até meados dos anos 2000 oscilou entre 20% e 25%. Foi em 2015 que se estabeleceu a mistura de 27% de etanol anidro na gasolina comum e de 25% na gasolina premium. Limites que estão valendo até 31 de julho, já que no dia seguinte passa a valer o novo, de 30%.
O Brasil ainda tem o maior percentual de mistura de etanol na gasolina. Mas a gasolina pura está se tornando um artigo raro no mundo. Nos postos de combustíveis de vários países da Ásia, África, União Europeia e até nos Estados Unidos é possível encontrar o derivado do petróleo com mistura de até 20% de etanol.
Além do impacto econômico, o aumento no percentual de etanol anidro na mistura terá também um impacto positivo na emissão de poluentes, já que cerca de 3 milhões de toneladas de CO₂ fóssil deixarão de ser emitidas para a atmosfera por ano.
Mesmo assim, na maioria dos estados brasileiros ainda vale mais abastecer com a gasolina do que com o etanol. Um levantamento feito pelo WM1 com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aponta que o uso do combustível vegetal, entre os dias 15 e 21 de junho, só compensava mais que a gasolina em cinco estados brasileiros.
É que no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo, o etanol hidratado era vendido nos postos por menos de 70% do preço da gasolina. A maior vantagem no período foi a do Mato Grosso, onde o preço médio do etanol hidratado era de R$ 3,95, enquanto a gasolina comum era vendida por R$ 6,11.



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