Apresentado oficialmente como um aviso prévio de regulamentação da tecnologia antiembriaguez ao volante, o objetivo é, segundo a revista Motor Trend, a primeira tentativa formal de garantir que todos os carros novos vendidos nos EUA venham com algum modo de detecção de taxa de álcool no organismo dos motoristas. Abre-se também a possibilidade de instalação de um bloqueio que impeça o veículo de ser posto em movimento.
Alguns fabricantes de automóveis, segundo a agência, têm discutido publicamente nos últimos anos o desenvolvimento desses sistemas de segurança. Corroborando a afirmação, logo depois do anúncio da NHTSA a presidente da GM, Mary Barra, em entrevista ao Economic Club, em Washington, foi taxativa: “Estamos trabalhando com o órgão regulador com esse objetivo, e já desenvolvemos tecnologia para isso”.
Outros países na Europa também estudam a instalação desse tipo de equipamento, que seria usado nos veículos de motoristas que provocaram acidentes ao dirigirem sob influência de álcool. O problema existe desde o início da era do automóvel. A Wikipedia registra que George Smith, motorista de táxi em Londres, foi a primeira pessoa a ser condenada por dirigir alcoolizada, em 10 de setembro de 1897. Na época, recebeu uma multa de 20 xelins.
Há obstáculos técnicos ainda a superar
Os acidentes fatais de trânsito vêm subindo bastante nos EUA, em especial os relacionados ao consumo de álcool antes de dirigir. Segundo o Instituto das Seguradoras para Segurança nas Estradas (IIHS), em 2021 foram registradas 13.384 mortes envolvendo motoristas alcoolizados, uma impressionante proporção de 31% sobre o total de fatalidades.Aliás, o IIHS também aponta como causa do aumento da mortalidade o fato de mais motoristas terem optado pela compra de veículos pesados como SUVs e picapes. O governo americano deu prazo até 2024 para que a NHTSA estabeleça os requisitos para que os fabricantes desenvolvam tecnologia avançada de prevenção de embriaguez ao volante, e também de deficiências como sonolência e distração a exemplo de manuseio de celulares. Essas duas últimas exigências são subnotificadas pela dificuldade de comprovação em acidentes violentos.
Abriu-se um prazo de 60 dias para que motoristas, fabricantes e demais interessados possam se manifestar. A agência reconhece que há recursos tecnológicos, mas não tem certeza sobre quais os mais adequados para se tornarem obrigatórios. Nem quanto isso custaria aos compradores de carros novos. Hoje, já é comum modelos saírem de fábrica com câmeras que detectam sonolência ao rastrear os olhos do motorista e também sensores para avisos de saída e permanência em faixas de rolagem.
Também a tecnologia de bafômetro avançou muito, já que alguns motoristas já são obrigados a usar testes de bloqueio de partida do veículo antes de dirigir, caso tenham sido condenados ou presos por acidentes que provocaram. Um desafio à parte é conseguir determinar exatamente o nível de deficiência que impeça um motorista de assumir o volante. A NHTSA admite que a alcoolemia é um indicador não confiável de comprometimento real, dadas as diferenças no tamanho e peso das pessoas, tolerância ao álcool e assim por diante.
Dúvidas levantadas pela revista americana
De acordo com a Motor Trend, “outros métodos para detecção de comprometimento para dirigir sob efeito de álcool estão sobre a mesa, a partir de análise comportamental baseada em câmeras, talvez se sobrepondo aos detectores de sonolência que os carros já possuem ou algum novo tipo de detecção passiva do hálito”. A publicação especializada, que circula desde 1949, cobra da NHTSA respostas a algumas perguntas:- Haverá um sistema a bordo a fim de alertar o motorista de que não há condições dele dirigir?
- O bloqueio de partida será mesmo exigido em todos os veículos novos?
- E se houver leituras defeituosas ou falsos positivos?
- Um passageiro sóbrio poderá fazer o teste e liberar o motorista?
- Os defensores de liberdade irrestrita podem questionar se alguém que bebeu e estiver escapando de um agressor teria seu meio de fuga bloqueado por eventual mal funcionamento de recursos tecnológicos?
Comentários