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Fábrica abandonada da Pininfarina na Itália

Canal especializado Forgotten Buildings recebeu autorização para filmar o local

por Fernando Calmon

O sobrenome Pininfarina é um dos mais respeitados na história da indústria automobilística mundial. Sua tradição como desenhista de carrocerias e fabricante remonta a 1930, em Turim, Itália. No dia 22 de maio daquele ano Giovanni Battista Farina fundou a Carrozzeria Pinin Farina. Pinin na realidade era o apelido que no dialeto piemontês, do noroeste da Itália, significa “irmão mais novo”. Ele nasceu em 1893 e era o décimo de 11 irmãos de uma família de origem modesta.
Um dos primeiros modelos icônicos que desenhou foi o Alfa Romeo 8 C 2300 de 1936. A proximidade com a Ferrari projetou seu nome a partir dos anos 1950 e culminou em 1984 com o modelo Testarossa, considerado entre os automóveis mais bonitos de todos os tempos.
A carreira do italiano e sua empresa são tão ricas na história que na famosa coleção Enciclopédia do Automóvel, de 1972, mereceu 13 páginas. Lá há uma referência que o presidente da Itália o autorizou, em 1961, a mudar seu sobrenome para Pininfarina como desde então a empresa é conhecida. Ele faleceu em 3 de abril de 1966. Seu filho e genro assumiram o comando.

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Em 1970, depois se sucessivas ampliações, a fábrica Pininfarina cresceu para 150.000 m², mais de 2.000 empregados e podia construir 130 carrocerias por dia. Teve como clientes Cadillac, Chery, Citroën, Daewoo, Dino, Datsun, Fiat, Jaguar, Lancia, Maserati, Mitsubishi, Peugeot, Rolls-Royce e Volvo, entre outras. Há estimativas de a empresa ter desenhado mais de 1.000 modelos, o que pode ser um número um tanto exagerado. Talvez se incluir outros produtos de seu portfólio, que vão de copos a fones de ouvido.
No entanto, a empresa enfrentou seguidos reveses administrativos e financeiros depois de três gerações da família à frente dos negócios. Finalmente, em 2015, a empresa foi adquirida pela fabricante indiana Mahindra.
No final de 2022 surgiu o cupê esporte com quatro motores elétricos de origem Rimac: Pininfarina Battista, 1.926 cv, 235 kgf·m, recordista na aceleração 0 a 100 km/h em espantoso 1,86 s e de 0 a 200 km/h em incríveis 4,49 s. Trata-se de uma série planejada para apenas 150 unidades, produzida na Alemanha, ao preço individual de US$ 4,8 milhões (R$ 24 milhões). Apresenta até hoje dificuldades de comercialização.

Forgotten Buildings insistiu e entrou na antiga fábrica

Existem diversos canais e conteúdos online dedicados a explorar e documentar edifícios abandonados e/ou esquecidos, como o do YouTube Forgotten Buildings (Edifícios Esquecidos, em tradução livre). Esse tipo de assunto desperta o interesse do público pela história e pelo patrimônio arquitetônico dessas estruturas.
Fábricas de veículos fechadas ao redor do mundo não são difíceis de achar. Porém uma como a da Pininfarina, de 1986, onde se produziu entre outros o conversível Cadillac Allanté, é algo muito especial. As atividades fabris próximas à cidade de Turim (sede mundial da Fiat) incluíram outros modelos como Ferrari Testarossa e Peugeot 406 Coupé. Os Alfa Romeo Brera e Spider foram os últimos carros lá produzidos em 2011. Naquele ano encerrou as atividades e permaneceu esquecida.
O represente do canal tentou, em 2015, fazer uma filmagem, mas não foi autorizado. Possivelmente porque ainda havia alguns Alfa Romeo abandonados que eram unidades de teste. Seis anos depois, em 2021, finalmente pôde fazer a visita e tomar cenas e fotos, quando não havia mais veículos descartados.

Forgotten Buildings encontrou o cenário típico de uma fábrica, mais do que desativada, em estado de má conservação e com sinais claros de invasões para furto de materiais com valor de mercado. Máquinas pesadas como robôs de produção continuam no local e vários equipamentos também. Inclusive um quadro de controle da produção e o refeitório dos cerca de 300 operários. Até a pista de testes finais apresenta rachaduras e crescimento de vegetação.
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Infelizmente, depois da divulgação, imagina-se que mais vândalos ou simples curiosos foram tentados a visitar o local de modo clandestino. O que torna ainda mais triste os resultados finais de crises muito duras de admitir. Porém, uma vez iniciadas não houve como serem detidas, por mais esforços que o ramo mais novo da família tenha feito.
Por fim, um pormenor interessante. O escritório de arquitetura da Pininfarina atuou no Brasil em conjunto com a incorporadora Pasqualotto & GT no projeto das torres gêmeas Yachthouse Residence Club, em Balneário Camboriú (SC). A edificação tem 81 andares e 281 m de altura. Quando inaugurada em 2021 era a mais alta do Brasil. Perdeu o título no ano seguinte para a One Tower, na mesma cidade litorânea, com 84 andares e 290 metros.

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