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Ford GT70: o GT de rali que nunca existiu

Seis protótipos do modelo foram produzidos, mas ele nunca viu a luz no fim da linha de produção

por Marcus Celestino

É muito provável que você conheça o lendário GT40. O supercarro saiu vitorioso das 24 Horas de Le Mans em 1966, 1967, 1968 e 1969. Anos depois, seu fabricante lançou o GT, superesportivo inspirado no "Matador de Ferraris". No entanto, você sabia que, entre um e outro, quase existiu um veículo da mesma estirpe para disputar o Mundial de Rali?
No fim dos anos 1960, enquanto o GT40 dominava Le Mans, a divisão europeia da Ford começava a fazer bonito com o Escort de primeira geração em ralis. O ponto alto do modelo foi a vitória triunfal no London to Mexico, evento que cobriu quase 26 mil quilômetros, em 1970. No mesmo ano, porém, os valentes Escort não conseguiriam segurar o ímpeto de Porsche 911 e Alpine A110 no Rallye Monte-Carlo.

A derrota acachapante fez com que a Ford da Europa começasse a pensar em um novo carro, um veículo desenvolvido exclusivamente para a disputa de ralis. Embora a matriz já tivesse encerrado o projeto GT40, por considerá-lo custoso, a filial decidiu mergulhar de cabeça na produção do GT70.
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A Ford europeia chamou Len Bailey, grande mentor da equipe por trás do GT40, para trabalhar na empreitada. O objetivo era produzir um carro capaz de destronar a competição em ralis por meio de sua velocidade e durabilidade. No entanto, o mesmo veículo também tinha de ser feito com os olhos voltados para as ruas, para os clientes da montadora. Essa era uma exigência para que o modelo pudesse se qualificar para competições.
A ideia era produzir 500 unidades do GT70, o suficiente para garantir a presença dele nos ralis. E o modelo nasceu de modo promissor. Apresentado oficialmente no Salão de Bruxelas, em 19 de janeiro de 1971, tinha carroceria em fibra de vidro desenhada por Ercole Spada (à época na Carrozzeria Ghia). O Ford vinha equipado com motor 1.6 DOHC Cosworth de quatro cilindros ou com um Cologne V6 2.6 central. A transmissão era manual de cinco marchas.

Segundo a Ford, o GT70 tinha potência que ficava entre 200 cv e 240 cv. Com apenas 770 kg, sua relação peso/potência era digna de vencedor.
Se os números eram muito bons na teoria, na prática as coisas não funcionaram do jeito que a Ford queria. Já nos primeiros testes, o GT70 se mostrou um carro com muitos problemas. A rigidez torcional do veículo deixava a desejar, o que prejudicava todo o sistema de suspensão. Além disso, justamente por conta desse galho, o desempenho do carro ficou bem aquém do esperado pelos desenvolvedores.
A Ford construiu apenas seis protótipos do GT70, e engavetou o projeto com o objetivo de cortar custos. Dessa forma, o Escort continuou como representante da montadora em eventos de rali. Em 1979, o RS1800 deu à marca o título de construtores no Mundial de Rali. O sueco Björn Waldegård, ao volante do modelo, conquistou o campeonato de pilotos.
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Anos depois, a Ford substituiu o Escort pelo Sierra, que não teve muito sucesso em competições. Melhores resultados foram obtidos, contudo, por seu sucessor: o Focus. Com o carro, a montadora conseguiu vencer o campeonato de construtores em 2006 e 2007. No mundial de pilotos, porém, a Citroën manteve a dominância graças ao genial Sébastien Loeb.
E quanto aos protótipos do GT70? Bom, eles ainda dão pinta em eventos clássicos na Europa. Além disso, o modelo pode ser guiado por nós, reles mortais, em Forza Horizon 4 (Xbox One, Xbox Series X, Xbox Series S, PC). É a chance de pilotar um carro que, mesmo nunca tendo "existido", é um capítulo admirável na história da Ford.

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