A tecnologia eletroeletrônica está cada vez mais presente nos automóveis, com destaque para os componentes com comando by-wire (por fio, em tradução livre, técnica que surgiu na aviação na década de 1970). São exemplos o acelerador eletrônico (drive-by-wire) e o volante sem coluna de direção (steer-by-wire), que abordei no artigo anterior.
A novidade agora é o freio eletrônico (brake-by-wire) com a finalidade de substituir o tradicional acionamento mecânico/hidráulico de frenagem. Este recurso já teve resistência por parte dos consumidores, que não confiavam nesta proposta. Recentemente, três fornecedores de componentes para a indústria automobilística divulgaram suas soluções sobre o tema: a italiana Brembo e as alemãs Bosch e ZF.
O da Brembo utiliza pinças eletrônicas nas quatro rodas. Já o da ZF combina acionamento hidráulico nos freios dianteiros e eletrônico no eixo traseiro, enquanto o Bosch mantém as pinças hidráulicas nas quatro rodas, mas com o acionamento eletrônico atuando no cilindro-mestre de freio.

Em comum, os três eliminam a conexão física entre o pedal e os componentes que atuam na frenagem. Quando o motorista aciona o pedal, esse movimento é transmitido por sinal puramente elétrico para uma central eletrônica. Assim a conexão com as pinças é apenas virtual.
Conforme divulgado pelos fabricantes, o brake-by-wire permite controle preciso da força de frenagem, por meio de sensores que medem tanto o esforço no pedal como as condições da pista. A central de processamento ajusta e define a pressão de frenagem
específica para cada roda.
Na prática, reduz distâncias de frenagem e melhora a dirigibilidade e a estabilidade do veículo em situações emergenciais. Além disso, ao contrário dos freios antibloqueio (ABS) convencionais, que provocam sensação de vibração ao se pisar com força no
pedal, o brake-by-wire aplica a pressão de maneira constante e suave.
A Brembo define seu projeto como frenagem inteligente sem fluido e controla as quatro rodas de forma independente, interagindo continuamente com o motorista. Nessa nova experiência de direção, Inteligência Artificial (I.A.) e interconectividade redefinirão padrões de mobilidade futura.
Ao contrário do freio hidráulico tradicional, que aplica a mesma pressão nas quatro rodas, o Sensify controla continuamente a ação de frenagem em cada roda de forma independente, ajustando o tipo e a intensidade da frenagem à aderência da estrada,
como seco, molhado, gelo ou asfalto e à dinâmica do veículo, como velocidade, peso ou carga.
A engenharia da Brembo identificou que a eliminação do fluido de freio reduziu o torque residual e o arrasto entre pastilhas e discos, o que melhora a eficiência e a durabilidade. E elimina a manutenção periódica: dispensa completar ou trocar o fluido, o que os reduz custos e o impacto ambiental.
A frenagem eletromecânica da ZF define-se como híbrida por ter acionamento elétrico misto. Quando o motorista pisa no pedal do freio, a central eletrônica envia um sinal para as pinças na traseira e para uma bomba que fornece o fluido para as
pinças dianteiras.
A ZF afirma que esta é a solução mais prática e econômica que encontrou para seu sistema brake-by-wire e se mostrou muito eficiente com as pinças flutuantes, uma tecnologia patenteada pela empresa. Podem equipar tanto automóveis quanto comerciais leves, além de ter pistões de acionamento dos discos simples e duplo.
Já o da Bosch também é eletro-hidráulico com a central eletrônica enviando sinais para um sistema redundante que, segundo a empresa, oferece solução mais segura e eficiente. Há dois atuadores: o de freio by-wire, que aciona a bomba de fluido e o ESP
para controle de estabilidade.
Os três deverão ser utilizados em breve. A Brembo afirma que seu sistema está pronto e aprovado, mas não informou se tem pedido de algum fabricante. Quanto à Bosch, está em fase final de testes - e, no final do ano passado, fez um longo teste com uma caravana de veículos que rodou 3.300 km, da Alemanha ao Círculo Polar Ártico, em temperaturas negativas de até 25° Celsius.
A ZF, por sua vez, foi a única que informou ter um contrato para equipar até 5 milhões de veículos, ano-modelo 2028. Mas não divulgou a marca.
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