O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou, nesta quarta-feira (25/6), o aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina vendida nos postos brasileiros. O teor de etanol anidro na gasolina passará dos atuais 27% para 30%.
A medida entrará em vigor em 1º de agosto e também prevê a elevação do percentual de biodiesel no diesel, de 14% para 15%.
A decisão foi anunciada em reunião realizada no Ministério de Minas e Energia, com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes dos setores automotivo e energético.
Segundo o governo federal, a alteração é parte da estratégia para ampliar o uso de combustíveis renováveis, reduzir a dependência de derivados do petróleo e, potencialmente, diminuir o preço da gasolina para o consumidor.
Embora ambos venham da cana-de-açúcar, há diferença entre o etanol hidratado, vendido diretamente nas bombas, e o etanol anidro, que é o tipo misturado à gasolina.
O hidratado contém cerca de 5% de água e pode ser usado isoladamente como combustível, principalmente em carros flex. Já o anidro passa por um processo de secagem para eliminar a água e é usado exclusivamente como aditivo na gasolina comum, sem ser comercializado de forma separada para o consumidor.
Na prática, o chamado “E30” indica que cada litro de gasolina comum terá 30% de etanol anidro em sua composição.
A mistura de etanol anidro na gasolina brasileira já passou por diversas alterações ao longo dos anos. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o percentual já foi de 20% nos anos 1970, e chegou a oscilar entre 11% e 25% nas décadas seguintes, conforme a política energética e a disponibilidade da cana-de-açúcar.
Desde 2015, a proporção obrigatória tem sido de 27% — o chamado E27. Agora, com a aprovação do CNPE, o país avançará para o E30 pela primeira vez.
Entre os argumentos do governo para justificar a medida está a expectativa de redução em até R$ 0,11 no preço da gasolina comum nas bombas. Ainda segundo projeções do CNPE, a médio e longo prazos a redução poderá atingir o patamar de R$ 0,20 por litro.
Isso ocorreria devido à menor necessidade de importação do combustível fóssil, já que o Brasil passaria a ser autossuficiente na produção da gasolina com etanol a partir da nova mistura.
Além disso, a expectativa é de que o setor sucroenergético receba investimentos superiores a R$ 10 bilhões com a mudança, com geração estimada de mais de 50 mil empregos diretos e indiretos.
Do ponto de vista ambiental, o aumento da mistura de etanol na gasolina é positivo. O etanol é um combustível renovável, com menor emissão de gases de efeito estufa em comparação à gasolina pura.
A medida também contribui para a descarbonização gradual da matriz de transporte, algo especialmente relevante para o Brasil no momento - o país sediará a COP30, este ano.
Especialistas apontam que a maior participação de biocombustíveis pode ajudar o país a atingir metas de redução de emissões assumidas em acordos internacionais.



Email enviado com sucesso!